Considerado um dos maiores compositores brasileiros de todos os tempos, autor de mais de 250 peças, maestro faleceu dia 2 de dezembro.
Faleceu no Rio de Janeiro, em 2 de dezembro de 2024, aos 85 anos, o pianista, maestro e compositor Marlos Nobre. Considerado um dos maiores compositores brasileiros de todos os tempos, com especial destaque na Música Contemporânea, o pernambucano Nobre iniciou seus estudos musicais aos cinco anos de idade, no Conservatório Pernambucano de Música, em seu Recife natal. E começou a compor também cedo, durante o aprendizado de piano. Mais tarde, se formaria no instrumento e, ainda, em Teoria Musical.
Em 1958, Nobre recebeu uma bolsa de estudos do Departamento de Documentação e Cultura do Recife para participar do I Curso Nacional de Música Sacra, no qual teve como professor o Padre Jaime C. Diniz. E, ao longo de sua trajetória acadêmica, teve como mestres nomes como Camargo Guarnieri, H. J. Koellreutter, Alberto Ginastera, Olivier Messiaen, Luigi Dallapiccola, Bruno Maderna, Aaron Copland e Wladimir Ussachevsky, entre outros.
Marlos Nobre foi o primeiro brasileiro a reger a emblemática Royal Philarmonic Orchestra de Londres, em 1990, e tem no currículo outras muitas orquestras de peso, entre elas: Orchestre Philharmonique de l’ORTF em Paris; l´Orchestre de la Suisse Romande; l’Orchestre de l’Opéra de Nice, France; Orquesta Filarmónica del Teatro Colón, em Buenos Aires; Orquesta Sinfónica no México; Orquesta Sinfónica de Cuba. Ele atuou também como professor visitante da Universidade Yale, da Juilliard School, da University of Texas e da Indiana University.
Durante sua carreira, o maestro conviveu com grandes nomes da música internacional, como Alberto Ginastera, Alexandre Goehr, Günther Schüller, Leonard Bernstein, Penderecki, Lutoslawski, Olivier Messiaen e Dallapiccola, entre outros, conquistando prêmios e distinções importantes, como a Ordem do Mérito Cultural do Brasil, o Prêmio Tomás Luís de Victoria da SGAE e a Bolsa Guggenheim. Marlos Nobre ocupava a cadeira nº 1 da Academia Brasileira de Música. Em 2005, recebeu, por unanimidade, o Prêmio Tomás Luís de Victoria da Sociedad de Derechos de Autor – SGAE, em Madrid, Espanha.
O maestro foi diretor musical da Rádio MEC e do Instituto Nacional de Música da Fundação Nacional Artes – Funarte quando, com o professor Alberto Jaffé, idealizou o Projeto Espiral – que inspirou uma das linhas de ação do nosso Sistema Nacional de Orquestras Sociais – Sinos, dedicada à capacitação de alunos instrumentistas e professores de orquestras de projetos sociais*. Nobre foi ainda presidente do International Music Council of Unesco em Paris (entre 1985 e 1987) e da Fundação Cultural de Brasília.
(*)Nesta entrevista à professora e violinista Simone Santos, para a primeira edição da Revista Sinos, Marlos Nobre fala sobre essa iniciativa: https://artedetodagente.com.br/sn-revista-sinos/1a-edicao-2020/
Autor de cerca de 250 peças, entre obras orquestrais, música de câmara, música para piano e música coral, segundo a Revista Concerto, Marlos Nobre tinha “uma linguagem musical eclética, de grande exuberância e invenção, que combina técnicas clássicas como politonalidade e atonalidade e influências estilísticas da música popular brasileira.” Suas composições foram incluídas na trilha sonora de filmes brasileiros significativos, como O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, de Glauber Rocha (1969) e Os Inconfidentes, de Joaquim Pedro de Andrade (1972).
Fontes: Agência Brasil, Revista Concerto e internet
Imagem de abertura – Marlos Nobre em foto de divulgação de Maria Luiza Nobre; no corpo da matéria – arte sobre foto de divulgação