Raul do Valle nasceu em Leme, no estado de São Paulo, em 27 de março de 1936. Foi aluno de Camargo Guarnieri em composição e regência, com quem se diplomou pelo Conservatório Musical de Santos, em 1973. No ano seguinte viajou para a Europa. Em Paris, estudou com Nádia Boulanger. Em Genebra, com Alberto Ginastera. Em 1976 fixou residência em Paris, onde estudou com Olivier Messiaen, Pierre Boulez e Iánnis Xenákis e participou de oficinas de criação com John Cage, André Boucourechliev e Andrey Eschpay. Com o Groupe de Recherches Musicales se especializou em música eletroacústica, sob a orientação de Guy Reibel e Pierre Schaeffer. É doutor em Música pela Unicamp, da qual é professor titular aposentado do Departamento de Música do Instituto de Artes. É membro fundador da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea (SBMC); membro fundador da Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica (SBME); membro fundador da Academia Paulista de Música e da Academia Campineira de Música. Em 1994 foi eleito para os quadros da Academia Brasileira de Música. Sua produção inclui várias obras sinfônicas, camerísticas e eletroacústicas, além de músicas para filmes, de curtas e longas metragens a vídeos, espetáculos de teatro, dança e multimídia. Recebeu inúmeros prêmios, como o 2º lugar no Concurso Nacional de Composição de obras para banda, em promoção do Conselho Estadual de Cultura da Secretaria do Governo de São Paulo, os prêmios de público e crítica do Centro Internacional de Percussão, em Genebra em 1975, com a obra *Cambiantes*; da Associação Paulista de Críticos de Arte, por *Contextura* (1980) para orquestra; do XVII Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, pela trilha do curta metragem *O incrível senhor Blois*, de 1981, do 18º International Wild Life Film Festival, em Missoula, nos USA, 1995, e do Columbus International Film & Vídeo Festival, em Ohio, pela trilha sonora *Beija-Flor*, para orquestra sinfônica, e do 20º International Wild Life Film Festival – Missoula, em 1997, com a trilha sonora para o documentário *Encanto das Águas*. Participou como compositor de eventos como a Tribuna Internacional de Compositores da Unesco (1979 e 1981), da Tribuna Internacional de Composição para América Latina e Caribe (Trimalca), do Festival de Inverno de Campos do Jordão, e de inúmeras edições da Bienal de Música Brasileira Contemporânea da Funarte.
A *Suíte Manacá*, composta em 1968, ilustra a produção de Raul do Valle correspondente ao período de estudos com Camargo Guarnieri, esteticamente vinculada ao nacionalismo musical. Organizada em quatro movimentos, na forma de danças brasileiras, a obra estreou sob a regência do próprio compositor à frente da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas, em concerto realizado na Igreja do Divino Salvador, em Campinas, em 1973.