J. T. Delgado de CARVALHO

Joaquim Torres Delgado de Carvalho nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 24 de agosto de 1872. Estudou violino com José White e piano com Rudolph Eichbaum. Em 1893, viajou em companhia de seu irmão diplomata e, na Suíça, teve obras executadas pela orquestra da Kursaal de Montreux, regidas por Oscar Jünther. De volta ao Brasil, ocupou cargos nas diretorias de diversas organizações musicais, como a Sociedade de Concertos Populares, o Clube Sinfônico, o Centro Artístico, o Grêmio Fluminense e a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais. Atuou como pianista e professor de piano. Em 1902, foi nomeado bibliotecário do Instituto Nacional de Música, sendo também responsável pelo Museu Instrumental e o Gabinete de Acústica. Deixou o cargo em 1907, que voltaria a ocupar brevemente em 1918, quando então abandonou a vida artística para se dedicar à avicultura. Em tal atividade fundou e presidiu a Sociedade Brasileira de Avicultura, tendo deixado também alguns trabalhos publicados. Em março de 1920, Delgado de Carvalho doou suas obras à Biblioteca do Instituto Nacional de Música, vindo a falecer um ano depois, aos 48 anos, em 28 de março de 1921.

O musicólogo Luiz Heitor Corrêa de Azevedo, em seu livro *150 anos de música no Brasil*, reputa o afastamento do compositor da vida artística brasileira às “competições e lutas de uma sociedade musical que se transformava rapidamente”, que se mostrava hostil ao que chamou de “compositores do século passado, cujo coração ainda batia compassado pelos ideais da música europeia”. Foi com a ópera *Moema*, sobre libreto de Assis Pacheco, que, ainda jovem, Delgado de Carvalho se tornou conhecido; trata-se de um ato, romântico com assunto indígena, que teve a fortuna de percorrer várias cenas européias. Em 1894, a redução para piano foi publicada pela editora Bevilacqua. Em 6 de dezembro de 1895, estreou com sucesso no hoje extinto Teatro Lírico. No ano seguinte, 1896, *Moema* foi encenada em São Paulo; em 1909, foi a ópera escolhida para inaugurar o Theatro Municipal do Rio de Janeiro, sob a regência de Francisco Braga; e foi representada também nas cidades do Porto, em Portugal, e São Petersburgo, na Rússia. Uma segunda ópera, *Hóstia*, com libreto do escritor Coelho Neto, estreou em 1898, em promoção do Centro Artístico. Ainda no terreno da música cênica são *Laís* e *A bela adormecida*, em versão de Aguilar Pantoja para o célebre clássico infantil dos Irmãos Grimm.