O que é o Projeto Ópera?

É um dos projetos que integram o Programa Arte de Toda a Gente, da Funarte, desenvolvido em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro, através de sua Escola de Música. O projeto teve origem no Plano Nacional para o Desenvolvimento da Ópera no Brasil, elaborado em 2019 pela Academia Brasileira de Música. Em fevereiro de 2020 o plano foi oficialmente apresentado aos profissionais e instituições do setor em reunião na Funarte. A pandemia, no entanto, impediu sua imediata implementação, o que só ocorreu no final de 2021, a partir de um Termo de Execução Descentralizada com a Universidade Federal do Rio de Janeiro. 

O projeto foi criado para fomentar a produção de óperas no Brasil, viabilizar o oferecimento de espetáculos do gênero aos mais diversos públicos em todo o país e apoiar a cadeia produtiva do setor. O projeto também incorpora as ações já iniciadas pela Academia de Ópera do Sistema Nacional das Orquestras Sociais do Brasil (Sinos), outro projeto do Programa Arte de Toda a Gente, que tem por objetivo apoiar os projetos que praticam a educação musical baseada no ensino coletivo de instrumentos e formação de orquestras. 

Profissionais do setor Ópera na reunião da Funarte em 4 de fevereiro de 2020

Em quais áreas se desenvolvem as ações do Projeto Ópera?

As ações são distribuídas em seis eixos temáticos.

CRIAÇÃO: Eixo voltado para a produção contemporânea, com a encomenda de novos títulos a compositores brasileiros, de modo a ampliar e renovar o repertório, com ênfase em formatos que possam circular e se adaptar a diferentes palcos e espaços cênicos;

PRODUÇÃO: Eixo que estimula a encenação de espetáculos de ópera por novos agentes e produtores, assim como, dentro das possibilidades orçamentárias, apoia as temporadas, festivais e produções de óperas por teatros oficiais e companhias independentes já estabelecidas;

CIRCULAÇÃO: Eixo voltado à ampliação do acesso da população aos espetáculos de ópera, estimulando e apoiando iniciativas de circulação de espetáculos, intercâmbio e coproduções;

MEMÓRIA: Eixo que promove a preservação e a difusão do repertório histórico, de acervos documentais, fotográficos e demais suportes físicos e digitais, em conexão com bibliotecas, arquivos, centros de documentação e centrais técnicas com acervos sobre ópera.

CAPACITAÇÃO: Eixo voltado para a qualificação e atualização de profissionais, assim como aos ingressantes em tal mercado, nas diferentes linguagens artísticas e técnicas abarcadas pela cadeia produtiva da ópera;

MAPEAMENTO: Eixo que, em conexão com os demais, visa dimensionar o mercado da ópera no Brasil, identificando os profissionais do setor, o número de produções anuais, o volume de recursos envolvido, o impacto nas economias locais, dentre outros parâmetros que possam ser auferidos através de pesquisas sistemáticas.

Quais as ações já desenvolvidas?

As ações iniciais do projeto contemplaram os diferentes eixos temáticos. 

A encomenda de óperas a compositores brasileiros é a ação vinculada ao eixo CRIAÇÃO, que fomenta a criação contemporânea. As novas óperas são encomendadas a partir de parâmetros técnicos específicos, em formato de câmara, com instrumentação flexível, de modo a viabilizar que as óperas sejam apresentadas não só em teatros com fosso, mas também em espaços alternativos, contribuindo também com as ações voltadas ao eixo CIRCULAÇÃO. Os primeiros compositores comtemplados com encomendas foram Tim Rescala (O Engenheiro), André Mehmari (O Machete), João Guilherme Ripper (Candinho) e Eli-Eri Moura (O Cabeça de Cuia).

A abordagem do repertório histórico brasileiro é a ação vinculada ao eixo MEMÓRIA, que valoriza a produção do passado e estimula sua inserção nas temporadas anuais, festivais ou mesmo produções independentes, proporcionando ao público conhecer títulos fora do repertório tradicional. Assim foi, por exemplo, com A Noite de São João, do compositor Elias Álvares Lobo, a primeira de compositor brasileiro cantada em português, estreada no Rio de Janeiro em 1860.

O apoio à produção de espetáculos e eventos se dá através de parcerias com teatros produtores, companhias de ópera, orquestras profissionais e acadêmicas e universidades. A ação, vinculada ao eixo PRODUÇÃO, é também uma atividade formativa, na qual os profissionais envolvidos na direção musical, direção cênica, equipe criativa e técnica, podem orientar estudantes de cursos de música, indumentária, cenografia e direção teatral interessados em se qualificar no gênero operístico, contemplando igualmente o eixo CAPACITAÇÃO. As primeiras parcerias foram com a Orquestra Teatro São Pedro, de Porto Alegre (O Engenheiro, de Tim Rescala), com o Instituto e Orquestra Ouro Preto (O basculho de chaminé, de Marcos Portugal), com o Conservatório de Tatuí (A Noite de São João, de Elias Álvares Lobo) e o Teatro São Pedro, de São Paulo (O Machete, de André Mehmari). Já a parceria com a Cia Ópera São Paulo, viabilizou o apoio ao 21o Concurso Maria Callas, o mais importante certame voltado ao canto lírico no país. Criado em 1993, o concurso revelou jovens cantores que hoje são profissionais com carreiras consolidadas no Brasil e no exterior. Sua banca de jurados conta com destacados profissionais brasileiros e estrangeiros, que, além de avaliarem os candidatos ministram master-classes, oficinas e worshops, ações que se enquadram no eixo CAPACITAÇÃO

No eixo MEMÓRIA há ainda o apoio a acervos de ópera. Muitas são as instituições que guardam as partituras das óperas de compositores brasileiros ou estrangeiros encenadas no Brasil. Boa parte das partituras se encontra ainda na forma de manuscritos, às vezes em exemplares únicos e necessitando de restauração. Alguns acervos estão desorganizados e não inventariados. Foi como uma ação no eixo Memória que o projeto apoiou com bolsas, a primeira fase do projeto “Coleção Musicográfica do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo (1906-2006): inventariação, história arquivística, avaliação patrimonial e viabilização da pesquisa pública na seção processada”, desenvolvido pelos musicólogos Paulo Castagna e Paulo Moura, do Instituto de Artes da Unesp. Na instituição se encontram partituras originais de óperas de autores como João Gomes de Araújo (1846-1943), João Gomes Júnior (1868-1963) e Carlos de Campos (1866-1927).

Conhecer o mercado de óperas e suas necessidades, os diferentes profissionais que nele atuam, o que o setor produz para a sociedade, são indicadores fundamentais para o desenvolvimento de efetivas e eficazes políticas públicas para o setor. Entram aí, por conseguinte, as ações voltadas para o eixo MAPEAMENTO, o que justificou o apoio ao projeto Base Ópera Brasil, desenvolvido pelo professor Homero Velho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que faz o levantamento das produções profissionais de ópera no Brasil no século XXI.

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