Fundação Nacional de Artes (Funarte), vinculada ao Ministério da Cultura (MinC), realiza a 26ª Bienal de Música Brasileira Contemporânea, de 22 a 28 de novembro, no Rio de Janeiro (RJ), em edição comemorativa que celebra os 50 anos do evento e da própria Fundação. A Bienal, reconhecida como um dos mais importantes espaços de criação e difusão da música de concerto no país, traz neste ano uma mostra retrospectiva deste meio século, com 50 obras de compositoras e compositores que marcaram tal trajetória. A programação, com entrada gratuita ou ingressos a preços populares, terá transmissão ao vivo pelo canal da Funarte no YouTube: www.youtube.com/@funarteoficial.
Organizada numa parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a programação inclui oito concertos, sendo três de música de câmara, quatro de música orquestral e um de obras eletroacústicas, que representam a diversidade, a inventividade e a história da Bienal, distribuídas entre a Sala Funarte Sidney Miller, localizada no Palácio Gustavo Capanema, e a Sala Cecília Meireles, incluindo seu Espaço Guiomar Novaes, gerida pela Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado do Rio de Janeiro. Nos dias 23, 27 e 28, também na Sala Funarte Sidney Miller, a Bienal terá ainda um seminário, com mesas dedicadas ao legado do evento, à presença de mulheres na música brasileira contemporânea e aos desafios e perspectivas da música de concerto no Brasil.
“As artes brasileiras e em especial a nossa música são esse sensível que produz sínteses, rupturas e novos significados no mundo. A música brasileira deu e segue dando o tom, polifônico e multitudinário, capaz de inventar, mover e projetar horizontes. A Funarte, ao longo da sua história de 50 anos, tem responsabilidades com a promoção das artes por meio do fomento, gestão de suas unidades especiais e realização de programas e projetos que foram vanguarda na história do país e orientam e nos referenciam ainda hoje. Entre esses projetos, está a Bienal de Música Brasileira Contemporânea: esse movimento e espaço de experimentação da música brasileira, novas sonoridades e sensibilidades”, contextualiza a presidenta da Funarte, Maria Marighella.
A diretora do Centro de Música da Funarte, Eulícia Esteves, acrescenta: “É tempo de celebração. E é com alegria que festejamos os 50 anos da Bienal de Música Brasileira Contemporânea, reverenciando os seus fundadores e todas as pessoas que ajudaram a construir essa história a muitas mãos. No ano em que a Funarte também chega ao seu cinquentenário, esta edição comemorativa é, ao mesmo tempo, um encontro com o passado e uma afirmação de princípios que norteiam no presente a Política Nacional das Artes: liberdade, inventividade, diversidade e territorialidade”.
História de invenção, solidez e resistência
Criada em 1975 pelo compositor Edino Krieger, a Bienal consolidou-se como um dos eventos de maior continuidade da área musical no Brasil, reunindo, ao longo de cinco décadas, mais de 1.900 obras apresentadas, sendo mais de 1 mil estreias mundiais, de centenas de compositores de diferentes gerações. As primeiras edições, realizadas com o apoio da pianista Myrian Dauelsberg, marcaram época e o campo da música de concerto, revelando novos nomes e atraindo um público jovem e diverso, que fugiam do perfil tradicional dos concertos de então.
Em 1981, a Bienal foi levada por Edino Krieger para a realização da Funarte, garantindo sua continuidade e amplitude. Ao longo das décadas, a Bienal contou com a dedicação de nomes que contribuíram para sua longevidade, entre eles Flávio Silva, ex-servidor da Fundação, cuja atuação foi também decisiva para a manutenção e organização de diversas edições.
A Bienal consolidou-se como espaço de invenção, formação de plateia e estímulo à composição e interpretação, abrindo caminho para gerações de compositores e compositoras que hoje integram o repertório contemporâneo brasileiro.
Edição comemorativa, uma leitura de 50 anos
Diferentemente das edições regulares, que tradicionalmente incluem concurso público de seleção de composições, a 26ª Bienal adota uma proposta inédita: uma mostra retrospectiva a partir de 50 obras já apresentadas na história do evento, selecionadas por uma equipe curatorial especializada.
A lista inclui composições de Agnaldo Ribeiro, Alda Oliveira, Alexandre Schubert, Alfredo Barros, Caio Senna, Carlos Almada, Cirlei de Hollanda, Edino Krieger, Edmundo Villâni-Côrtes, Edson Zampronha, Eli-Eri Moura, Ernani Aguiar, Ernst Mahle, Fernando Cerqueira, Fernando Iazzetta, Guilherme Bauer, Harry Crowl, João Guilherme Ripper, Jocy de Oliveira, Jorge Antunes, José Augusto Mannis, José Orlando Alves, Liduíno Pitombeira, Luigi Antonio Irlandini, Luíz Carlos Csekö, Marcos Lucas, Marcos Nogueira, Maria Helena Rosas Fernandes, Mário Ferraro, Marisa Rezende, Marlos Nobre, Maurício Dottori, Nestor de Hollanda, Paulo Costa Lima, Pauxy Gentil-Nunes, Raul do Valle, Ricardo Tacuchian, Roberto Victório, Rodolfo Caesar, Rodolfo Coelho de Souza, Rodrigo Cicchelli, Ronaldo Miranda, Roseane Yampolschi, Sérgio de Vasconcellos-Corrêa, Silvio Ferraz, Tato Taborda, Tim Rescala, Vânia Dantas Leite, Wellington Gomes e Willi Corrêa de Oliveira.
As obras serão executadas por grupos e artistas como a Orquestra Sinfônica da UFRJ, Orquestra Sinfônica Nacional da UFF, Orquestra de Cordas de Volta Redonda, Orquestra Sinfônica de Barra Mansa, além de conjuntos como o Quinteto Villa-Lobos, Bahia Brass e solistas renomados, entre eles Marina Spoladore (piano), Gabriella Pace (soprano) e Lars Hoefs (violoncelo).
A edição também homenageia nomes fundamentais da música brasileira: os já citados criadores da Bienal, Edino Krieger (1928-2022) e Myrian Dauelsberg (1935-), junto com Marlos Nobre (1939-2024), Guilherme Bauer (1940-2024), Ernst Mahle (1929-2025), Vânia Dantas Leite (1945-2018), Alda Oliveira (1945-), Luíz Carlos Csekö (1945-) e Edmundo Villani-Cortês (1930-). Além de seus 50 anos celebrados junto com a Funarte, a Bienal ainda se envolve com outras efemérides: os 40 anos do Ministério da Cultura, os 60 anos da Sala Cecília Meireles e os 80 anos da Academia Brasileira de Música.
A proposta celebra tanto a solidez da Bienal, capaz de atravessar cinco décadas de história do Brasil, quanto sua inventividade, reafirmando o compromisso com a diversidade estética da música brasileira e com o estímulo à criação artística. O resultado é uma mostra que atravessa estilos, gerações, escolas e modos de criação, reafirmando a própria natureza híbrida da música brasileira, formada por múltiplos troncos, tradições e experimentações.
Concertos da programação
A abertura oficial será com concerto de música de câmara com o Quinteto Villa-Lobos, Bahia Brass e Quarteto de Cordas da Filarmônica de Minas Gerais, em 22 de novembro, às 17h, na Sala Funarte Sidney Miller. Outro concerto de música de câmara acontece no mesmo local e horário no domingo, dia 23.
A Sala Cecília Meireles recebe os quatro concertos de música orquestral, nos dias 24, 26, 27 e 28, sempre às 19h. Já no dia 25, às 16h, o Espaço Guiomar Novaes acolhe o concerto de música eletroacústica, realizado em formato de instalação sonora, permitindo ao público uma experiência imersiva, seguido, às 19h, de concerto de música de câmara na sala principal.
Para ampliar o acesso e garantir a preservação do acervo, todas as obras apresentadas serão gravadas e disponibilizadas nos canais digitais da Funarte, permitindo, inclusive, a disponibilidade de obras que fizeram parte da história da Bienal mas que não estão disponíveis ainda em gravação.
Seminário: memória, criação e futuro da Bienal
Nos dias 23, 27 e 28 de novembro, na Sala Funarte Sidney Miller, a Funarte realiza seminário dedicado à reflexão sobre os 50 anos do programa e à projeção de caminhos para suas próximas décadas. Serão cinco mesas de debate sobre temas centrais para o setor: “Intérpretes e a música brasileira contemporânea: repertórios”; “As mulheres na música brasileira contemporânea”; “Criação e difusão da música contemporânea no Brasil”; “Bienal de Música Brasileira Contemporânea – história e resultados”; e “Bienal de Música Brasileira Contemporânea – desafios e perspectivas”.
Legado e compromisso
Ao celebrar seus 50 anos, no contexto dos 50 anos também da Funarte, a Bienal reafirma seu lugar no cenário artístico do país como um dos programas mais longevos e sólidos, sustentado pelo compromisso com a memória, a criação e a inventividade musical brasileiras. Esta edição comemorativa reforça a importância de olhar para o passado, registrar o presente e imaginar novos horizontes para a música contemporânea produzida no Brasil.
SERVIÇO
26ª Bienal de Música Brasileira Contemporânea
- 22/11, 17h – Concerto 1 – Música de Câmara I – Sala Funarte Sidney Miller
- 23/11, 11h – Seminário Mesa 1: “Intérpretes e a música brasileira contemporânea: repertórios”, com músicos intérpretes da edição – Sala Funarte Sidney Miller
- 23/11, 17h – Concerto 2 – Música de Câmara II – Sala Funarte Sidney Miller
- 24/11, 19h – Concerto 3 – Música orquestral I – Sala Cecília Meireles
- 25/11, 16h – Concerto 4 – Música Eletroacústica – Espaço Guiomar Novaes
- 25/11, 19h – Concerto 5 – Música de Câmara III – Sala Cecília Meireles
- 26/11, 19h – Concerto 6 – Música orquestral II – Sala Cecília Meireles
- 27/11, 10h – Seminário Mesa 2 – “As mulheres na música brasileira contemporânea”, com Cibelle Donza (PA), Lourdes Saraiva (RS) e Valeria Bonafé (SP) – Sala Funarte Sidney Miller
- 27/11, 14h – Seminário Mesa 3 – “Criação e difusão da música contemporânea no Brasil”, com Alba Bomfim (PI), Ricardo Bologna (SP), Thiago Cury (SP) e Tim Rescala (RJ) – Sala Funarte Sidney Miller
- 27/11, 19h – Concerto 7 – Música orquestral III – Sala Cecília Meireles
- 28/11, 10h – Seminário Mesa 4 – “Bienal de Música Brasileira Contemporânea – história e resultados”, com André Cardoso (RJ), Deivison Branco (RJ), Eli-Eri Moura (PB) e Paulo Costa Lima (BA) – Sala Funarte Sidney Miller
- 28/11, 14h – Seminário Mesa 5 – “Bienal de Música Brasileira Contemporânea – desafios e perspectivas”, com Eulicia Esteves (RJ), Marcílio Onofre (PA), Sylvia Leticia (RJ) e Thiago Cury (SP) – Sala Funarte Sidney Miller
- 28/11, 19h – Concerto 8 – Música orquestral IV – Sala Cecília Meireles
Ingressos
Atividades na Sala Funarte Sidney Miller: entrada gratuita
Atividades na Sala Cecília Meireles: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia)
ACESSE PROGRAMA DOS CONCERTOS DA 26ª BIENAL DE MÚSICA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA