Elas balançam o coreto: mulheres no Simpósio de Bandas

Em tempos em que a equidade de gênero deixa de ser apenas uma reivindicação para se tornar compromisso e prática da sociedade brasileira, as mulheres começam a conquistar seu espaço e reconhecimento – principalmente – dentro de formações como as Bandas Sinfônicas de Música. Num evento importante, definidor e formador de opinião desse segmento, como o III Simpósio de Bandas Funarte-UFRJ, a presença feminina ganha ainda mais relevância. Destacamos aqui algumas de nossas ilustres e talentosas participantes.

As regentes

Liana Magalhães (na foto de abertura) é regente e diretora musical da tradicionalíssima Banda Sinfônica do Corpo de Fuzileiros Navais do Rio de Janeiro, que se apresenta durante o Simpósio. Ela tem Licenciatura plena em Música pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e tem Bacharelado em Saxofone pela UFRJ, além de Mestrado em Educação Musical. Com patente de primeira-tenente, Liana fez sua estreia como regente da Banda Sinfônica dos Fuzileiros em 2022, na Parada Após o Pôr do Sol, que se realizou na histórica Fortaleza de São José da Ilha das Cobras, na Baía da Guanabara, Rio de Janeiro. Esse momento marcou não apenas o início de sua carreira como regente, mas também foi um marco da presença feminina na Marinha. Além de reger a apresentação de sua banda, Liana também participa de uma das mesas do Simpósio, com o tema “Por Todas As Bandas do Brasil”, na segunda feira, 20/11, às 15h.

Rubia Joras de Almeida Costa é presidente da Sociedade Musical União dos Artistas, regente e mestre de Banda da mesma instituição de Barra do Piraí. Ela é licenciada em Educação Artística (com habilitação em Música) pela UFRJ, formada no Curso Técnico de Teoria Musical e Piano pelo Conservatório Brasileiro de Música e participante de oficinas de aperfeiçoamento em percussão, canto, trompa, musicalização e também de regência – esta última com o maestro Ernani Aguiar. Rubia é professora de Música no Centro Educacional Miretta Baronto em Barra do Piraí.

As professoras


Isabelle Menegasse, responsável pela Oficina de Trompa, iniciou seus estudos aos 10 anos de idade na Banda de Música 12 de Março, em Belo Horizonte. Ela é bacharela em Trompa pela Universidade Estadual de MG, tem licenciatura em música pela Famosp e é pós-graduada em Musicoterapia pela mesma instituição. Isabelle participou de grandes festivais de música brasileiros, como Femusc, Festival SESC Pelotas, Música em Trancoso e Festival Internacional de Campos do Jordão. Participou também das Orquestra Sinfônica da UEMG e da Sinfônica da UFMG, e das orquestras Sinfônica de Betim, Acadêmica Mozarteum Brasileiro e Experimental de Repertório. Ela foi premiada em duas edições do Jovem Músico BDMG e, em 2017, no Prêmio Jovens Solistas da UEMG, tendo atuado como professora de trompa do Pronatec MG, Cefart MG e Conservatório de Tatuí. Com musicalização e coro infantil, atuou ainda na Escola Municipal de Música de Ribeirão Pires, em São Paulo. Atualmente, integra a Orquestra Sinfônica Nacional da UFF, o Octeto Feminino do Brasil, Trompas UFRJ, Jazzmin’s Bigband e Brazilian Horn Ensamble.

Katia Preta Nascimento é uma experiente trombonista e já se apresentou e gravou com uma lista enorme de importantes nomes do cenário artístico nacional e internacional. Das bandas de baile às orquestras tradicionais de gafieira, Katia já participou de inúmeros programas de rádio e TV. Por três anos consecutivos, ela foi indicada ao Prêmio da Música Brasileira e premiada em duas ocasiões pelas participações nos CDs da Banda Trilogia Carioca, da Orquestra Lunar e de Áurea Martins. Participa do grupo Tem Preta na Roda, que tem como madrinhas a baluarte do samba, nossa querida tia Surica da Portela e a ilustre cantora Áurea Martins.

Luciene Portella iniciou seus estudos de trompete e piano aos 10 anos de idade e atuou em temporadas de concertos, óperas e ballets de orquestras como Orquestra Sinfônica Brasileira, Petrobrás Sinfônica (OPES), Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal (RJ) e Orquestra Companhia Bachiana Brasileira. Junto à OPES participou do projeto Música em Cena com trilhas sonoras de grandes filmes internacionais compostas por Ennio Morriconne e sob sua regência no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Luciene atuou com grandes maestros no cenário nacional e internacional, como: Isaac Karabtchevsky, Roberto Duarte, Osvaldo Colarusso, Gustavo Petri, Henrique Morelembaum, Luís Fernando Malheiros, M. Rostropovich, Ira Levin, Roberto Minczuk, Marcos Arakaki e muitos outros. Ela lecionou no Conservatório Brasileiro de Música e na Escola de Música Villa–Lobos entre os anos de 2000 e 2015. Ela é licenciada em Educação Musical, possui pós-graduação em Música de Câmara e atualmente cursa o Mestrado Profissional em Ensino das Práticas Musicais, na Unirio. É fundadora e diretora-geral da Orquestra Sinfônica de Mulheres do Brasil.

Naomi Kumamoto é flautista , pianista, compositora e maestrina. Nascida em Kobe no Japão e radicada no Rio de Janeiro desde 2004, formou-se em música (flauta) pela Universidade de Pedagogia de Osaka. Trabalhou durante vários anos em orquestras sinfônicas, onde tocava o repertório de música erudita e atuava em gravações e apresentações. Um dia descobriu o choro e se apaixonou. Naomi participou das coletâneas da Acari Records: Princípios do Choro, Joaquim Callado, o Pai dos Chorões e Choro Carioca – música do Brasil e lançou o disco Naomi vai pro Rio (2003) com choros de sua autoria. Sua composição “Valsa Mentirosa” foi finalista do VI Festival Rio Choro em 2021. Atualmente é professora de flauta na Escola Portátil de Música, coordenadora e regente da Orquestra de Flautas da Casa do Choro, que lançou seu primeiro CD “Maxixe de Vento” em abril de 2023. É integrante do Los Cuatro, Rancho Flor do Sereno, Orquestra Furiosa e Caldereta Carioca. E foi também uma importante promotora musical do Brasil no Japão, sendo fundadora da principal roda de choro naquele país.

Paula Martins, responsável pela Oficina de Flauta, é doutora na área das práticas interpretativas e mestra em ensino das práticas musicais pela Unirio. Ela é também bacharela em flauta transversa pela UFRJ e participou de masterclasses com flautistas como Emmanuel Pahud, Michael Faust e Rogério Wolf. Paula integrou a Banda Sinfônica da Faetec (2004-2006), a OSB Jovem (2007-2010) e a Orquestra Sinfônica do Espírito Santo (2012-2014). A instrumentista publicou o livro Flauteando (2021), direcionado ao ensino da flauta transversa para crianças e, atualmente, é flautista da Orquestra Sinfônica Nacional e professora substituta de Flauta na UFRJ.