Um dos principais objetivos do projeto Bossa Criativa – Arte de Toda Gente é aproximar as pessoas de patrimônios culturais da humanidade reconhecidos pela Unesco no Brasil, estimulando o público a conhecê-los por meio de atividades e eventos, com a promoção da acessibilidade e da inclusão. Inicialmente, online e, em uma segunda fase – assim que as condições sanitárias o permitirem –, em nove desses locais. Conheça aqui os locais com patrimônios brasileiros que receberão atividades presenciais do Bossa Criativa – Arte de Toda Gente

O patrimônio como palco

Os pontos do patrimônio participantes do Bossa Criativa são os seguintes: Ouro Preto e o Conjunto da Pampulha, em Belo Horizonte (Minas Gerais); Brasília (DF); a cidade do Rio de Janeiro e Paraty (Rio de Janeiro), São Cristóvão (Sergipe); São Luís (Maranhão), Olinda (Pernambuco) e São Miguel das Missões (Rio Grande do Sul). Conheça, a seguir, alguns detalhes sobre cada um desses locais.

Ouro Preto (MG):

A Cidade de Ouro Preto, originalmente chamada de Vila Rica, comemora em 2020 quatro décadas como Patrimônio Mundial da Unesco, tendo sido o primeiro local no Brasil a ser incluído na lista oficial. Ela será uma das homenageadas do projeto, recebendo diversas ações ligadas à arte, cultura e turismo.

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Belo Horizonte – Complexo da Pampulha (MG)

O conjunto arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, entrou para a lista dos patrimônios mundiais da Unesco em 2016. A igreja projetada por Oscar Niemeyer é uma das quatro primeiras obras do arquiteto. As demais edificações também fazem parte do complexo e foram construídas entre 1942 e 1943. São elas o Cassino, a Casa do Baile e o Iate Clube.

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Brasília (DF)

Brasília, a cidade planejada e Capital do Brasil, é Patrimônio Mundial desde 1987. O conjunto urbanístico e arquitetônico foi construído a partir do Plano Piloto de Lucio Costa e faz parte do projeto nacional de modernização do país, lançado pelo então presidente Juscelino Kubitschek na década de 1950. Os projetos de Oscar Niemeyer – como a Praça dos Três Poderes, com os palácios do Planalto, Supremo Tribunal Federal e Congresso Nacional – se destacam como belas obras da arquitetura. A capital ostenta também o título de Cidade Criativa da Unesco (Design).

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Rio de Janeiro (RJ)

O Rio de Janeiro, conhecido como Cidade Maravilhosa, recebeu o título de Patrimônio Cultural da Humanidade em 2012. A cidade foi capital do Brasil entre 1763 e 1961 e emoldura monumentos em meio a belas paisagens naturais. Entre eles, destacam-se o Corcovado, o Pão de Açúcar, a Praia de Copacabana e o Jardim Botânico.

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São Cristóvão (SE)

São Cristóvão, fundada em 1590, foi a primeira capital de Sergipe. Ela se caracteriza pelo calçamento de pedras, arquitetura colonial, igrejas e museus. A cidade é considerada um registro único e autêntico de um fenômeno urbano singular no Brasil: como foi construída no período durante o qual Portugal e Espanha estiveram unidos sob uma única coroa, sua praça principal segue os padrões de ocupação portuguesa e as normas de urbanização espanholas. A Praça de São Francisco, reconhecida como Patrimônio Mundial, é um espaço aberto quadrilateral cercado por prédios importantes como a Igreja e o Convento de São Francisco, a Igreja e Santa Casa da Misericórdia, o Palácio Provincial e as casas associadas de diferentes períodos históricos.

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Paraty (RJ)

Com suas famosas ruas calçadas com pedras e casarões coloniais, Paraty (juntamente à Ilha grande, no município de Angra dos Reis) foi reconhecida como Patrimônio Cultural e Natural em 2019, sendo assim o primeiro Patrimônio da Humanidade Misto do Brasil. Seu Centro Histórico reúne registros arqueológicos de diferentes épocas, enquanto as áreas do Parque Nacional da Serra da Bocaina, do Parque Estadual da Ilha Grande, da Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul e da Área de Preservação Ambiental de Cairuçu formam um imenso cinturão de mata nativa.

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São Luís do Maranhão (MA)

São Luís teve seu centro histórico declarado como Patrimônio Cultural da Humanidade em 1997. Ali está preservada a arquitetura do projeto de urbanização colonial, com destaque para fachadas de casarões com azulejos portugueses e construções marcantes, como o Palácio dos Leões, a Catedral, o Convento das Mercês, a Casa das Minas e o Teatro Artur Azevedo.

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Olinda (PE)

Olinda, famosa pelo Frevo – eleito Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade – e pelas ladeiras históricas, também remete ao início da colonização portuguesa no Brasil. O conjunto arquitetônico, urbanístico e paisagístico de seu Centro Histórico tombado foi reconhecido como Patrimônio Cultural Mundial em 1982. A cidade conta com exemplos de diferentes estilos arquitetônicos surgidos a partir do século XVIII e é palco de um dos mais concorridos carnavais do Brasil.

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São Miguel das Missões (RS)

São Miguel das Missões tem origem nas Missões Jesuítas Guaranis e abriga monumentos da antiga missão indígena de são Miguel Arcanjo. Suas ruínas foram reconhecidas como Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1983, assim como as missões jesuítas dos Guaranis. O sítio é transnacional, ou seja, envolve bens localizados em diferentes países: as ruínas de São Miguel Arcanjo, no Brasil, e as de San Ignacio Miní, Santa Ana, Nuestra Señora de Loreto e Santa María la Mayor, na Argentina. Todos são registros dos assentamentos da Missão Jesuíta estabelecidos nos séculos XVII e XVIII em terras originalmente ocupadas pelas comunidades indígenas Guarani.

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Locais que guardam o DNA de nossa cultura

Os patrimônios precisam ser preservados, mas isso não significa que tenham que estar isolados, segregados da população, antes o contrário. Mantendo-se sua integridade e autenticidade histórica, eles precisam ser conhecidos e devem fazer parte da vida das pessoas. O turismo para esses locais é incentivado, assim como atividades culturais que reforcem suas características, divulguem e perpetuem tradições, costumes e aspectos únicos das regiões e tradições a que esses patrimônios estão ligados.

Hoje, não apenas lugares especiais podem ser distinguidos como patrimônios. O Frevo dominante em Olinda e Recife, o Bumba Meu Boi do Maranhão, as rodas de Capoeira espalhadas pelo Brasil e outros são também reconhecidos pela Unesco como Patrimônios Imateriais da Humanidade e são apenas alguns exemplos da nossa cultura popular. Na prática, essa riqueza é muito mais ampla, e pode ser percebida em diferentes cantos do país – desde a menor e mais simples comunidade a mais moderna metrópole. Uma cultura que vem sendo construída e transformada ao longo de nossa história como nação, traçando os contornos do que chamamos de alma brasileira.

Se cultura é fundamental na construção da identidade de um povo, poderíamos dizer que esses patrimônios contêm parte do nosso DNA. Aproximarmo-nos deles é, de certa forma, entrar em contado com uma parte importante de nós mesmos.

Patrimônios Mundiais: bens de todos e para todos

A Cidade de Ouro Preto, o Taj Mahal, o Grand Canyon, o Complexo da Pampulha, as pirâmides de Memphis e Necropolis, a Catedral de Notre Dame e o Parque Nacional do Iguaçu. Além de sua beleza única, o que esses lugares têm em comum?

Todos são reconhecidos como Patrimônios Mundiais ou Patrimônios da Humanidade e quem atribui esse título é a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). O reconhecimento indica a importância única desses locais para o mundo e para a humanidade, ressaltando a necessidade de estabelecimento de medidas para garantir sua preservação para as gerações futuras. Mas, para entrar nessa lista especial, é preciso que o país em que esse bem está localizado apresente uma indicação. Veja aqui como esse processo acontece.

A escolha dos locais como patrimônios da humanidade e o processo de reconhecimento

Como mencionamos, o título de Patrimônio da Humanidade é atribuído pela Unesco. Uma convenção de 1972, criada para a proteção do patrimônio mundial e natural, estabeleceu que certos lugares da terra têm “excepcional valor universal”. Alguns deles foram, então, reconhecidos e a lista passou a receber acréscimos a cada ano, mediante uma série de critérios. Desde 2003 – como veremos mais adiante –, também criações culturais imateriais podem entrar nessa categoria.

Os países que assinaram essa convenção – entre eles o Brasil – podem indicar novos bens com as características necessárias a serem considerados Patrimônios da Humanidade, formando uma lista que servirá para o planejamento e preparação de candidaturas. Os indicados deverão refletir diversidade e riqueza natural e/ou cultural.

Caso seja aprovado em todas as etapas, o país proponente poderá contar com recursos provenientes do Fundo do Patrimônio Mundial e administrados pela Unesco para conservação do local..

O que é preciso para ser eleito?

Para ser incluído na Lista do Patrimônio Mundial, o local deve ter um valor universal excepcional e atender a pelo menos um dos dez critérios de seleção abaixo:

1 – Representar uma obra-prima do gênio criativo humano.

2 – Exibir um importante intercâmbio de valores humanos, ao longo de um período de tempo ou dentro de uma área cultural do mundo, sobre desenvolvimentos em arquitetura ou tecnologia, artes monumentais, urbanismo ou paisagismo.

3 – Prestar um testemunho único ou, pelo menos, excepcional; a uma tradição cultural ou a uma civilização que esteja viva ou que tenha desaparecido.

4 – Ser um excelente exemplo de um tipo de edifício, conjunto arquitetônico ou tecnológico ou paisagem que ilustra diferentes períodos históricos da humanidade.

5 – Ser um excelente exemplo de assentamento humano tradicional, uso da terra ou uso do mar, representativo de uma cultura (ou culturas) ou interação humana com o meio ambiente, especialmente quando ele se tornou vulnerável sob o impacto de mudanças irreversíveis.

6 – Estar direta ou tangivelmente associado a eventos ou tradições vivas, à ideias ou crenças, à obras artísticas e literárias de notável significado universal. (O Comitê considera que esse critério deve ser utilizado preferencialmente em conjunto com outros critérios).

7 – Conter fenômenos naturais superlativos ou áreas de excepcional beleza natural e importância estética.

8 – Ser exemplo notável que representa os principais estágios da história da Terra, incluindo o registro da vida, processos geológicos significativos em andamento no desenvolvimento de formas de relevo ou características geomórficas ou fisiográficas significativas.

9 – Ser exemplo notável que representa significativos processos ecológicos e biológicos em andamento na evolução e desenvolvimento de ecossistemas terrestres, de água doce, costeiros e marinhos e comunidades de plantas e animais.

10 – Conter os habitats naturais mais importantes e significativos para a conservação

in situ (no local) da diversidade biológica, incluindo aqueles que contêm espécies ameaçadas de notável valor universal do ponto de vista da ciência ou da conservação.

Patrimônio Cultural x Patrimônio Natural

Quando pensamos em patrimônio natural, costumamos ter em mente parques, lagos e outros. Mas é preciso muito mais para que algo seja considerado assim pela Unesco ‒ como, por exemplo, ter fenômenos naturais excepcionais ou áreas de beleza natural inigualável, como as ilhas atlânticas de Fernando de Noronha (PE) e o Grand Canion National Park (EUA), por exemplo.

Já os patrimônios culturais foram criados pelo homem e podem representar obras-primas, construções de gênios da humanidade, conjuntos arquitetônicos ou tecnológicos, entre outros, como por exemplo a Acrópole na cidade de Atenas, na Grécia, e Brasília, a nossa capital planejada.

Conheça a lista completa dos Patrimônios da Humanidade

A Lista completa mundial dos Patrimônios Naturais, Culturais e Mistos pode ser acessada no site da Unesco. Neste ainda é possível identificar quais deles estão em perigo.

https://whc.unesco.org/en/list/

As ameaças ao patrimônio

As guerras, a poluição, o turismo descontrolado, deterioração grave dos materiais ou da estrutura, além de problemas naturais tais como terremotos, furacões, são alguns dos problemas que podem comprometer a integridade dos Patrimônios.

Em geral, cabe aos estados participantes da Convenção informar ao Comitê uma eventual ameaça, mas qualquer organização, empresa, grupo ou indivíduo também pode alertar diretamente, se perceber algum perigo iminente.

Quem é o responsável por essa lista indicativa inicial no Brasil?

Cada país tem o seu órgão encarregado para fazer as indicações. No caso do Brasil, essa tarefa cabe ao Iphan – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e ao ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, que seleciona os sítios naturais. No site do Instituto, é possível ter acesso á lista indicativa atual, que inclui bens tombados como Patrimônio Cultural Brasileiro: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/813.

Nossa mais recente contemplada

Um exemplo conhecido de grande parte dos Brasileiros e que teve aprovação recente é a charmosa Paraty. Desde 2009, o Brasil havia apresentado a cidade como candidata, porém, naquele ano, ela acabou rejeitada durante a última etapa de avaliação. Anos mais tarde, foi realizada nova tentativa, desta vez englobando parte do território de Angra dos Reis e Ubatuba. Em julho de 2019, enfim, o sítio “Paraty e Ilha Grande: cultura e biodiversidade” foi incluído na lista de Patrimônio Mundial da Humanidade e classificado como misto, patrimônio Cultural e Natural. Paraty também faz parte da Rede de Cidades Criativas da Unesco* desde 2017, como cidade da gastronomia.

* a Rede de Cidades Criativas da Unesco (Unesco Creative Cities Network – UCCN) foi criada em 2014 e tem como objetivo fortalecer a cooperação entre as cidades que reconheceram a criatividade como um fator estratégico para o desenvolvimento sustentável em relação aos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais. A Rede hoje abrange 180 cidades em 72 países, em sete áreas criativas. Atualmente, oito cidades brasileiras fazem parte: Salvador (música); Curitiba e Brasília (design); Santos (cinema); João Pessoa (artesanato) e Florianópolis, Belém e Paraty (gastronomia).

Lista atual dos Patrimônios da Humanidade no Brasil:

Patrimônios Culturais:

Cidade Histórica de Ouro Preto
Centro Histórico da Cidade de Olinda
Missões jesuítas dos guaranis: San Ignacio Mini, Santa Ana, Nossa Senhora do Loreto e Prefeito de Santa Maria (Argentina), Ruínas de São Miguel das Missões (Brasil)
Centro Histórico de Salvador da Bahia
Santuário do Bom Jesus do Congonhas
Brasília
Parque Nacional Serra da Capivara
Centro Histórico de São Luís
Centro Histórico da Cidade de Diamantina
Centro Histórico da Cidade de Goiás
Praça de São Francisco, na cidade de São Cristóvão
Rio de Janeiro: paisagens cariocas entre a montanha e o mar
Conjunto Moderno da Pampulha
Sítio Arqueológico do Cais do Valongo

Patrimônios Naturais:

Parque Nacional do Iguaçu
Reservas do Sudeste da Mata Atlântica
Reservas da Costa Atlântica da Costa do Descobrimento
Complexo de Conservação da Amazônia Central
Área de Conservação do Pantanal
Ilhas Atlânticas Brasileiras: Reservas de Fernando de Noronha e Atol das Rocas
Áreas Protegidas do Cerrado: Parques Nacionais da Chapada dos Veadeiros e das Emas

Patrimônios Mistos:

Paraty e Ilha Grande – Cultura e Biodiversidade
Outro sítio brasileiro que recebeu o título de Patrimônio Mundial recentemente, em 2018, foi o Cais do Valongo, porta de entrada dos escravos nas Américas e que havia sido descoberto em 2011, durante as obras da Zona Portuária do Rio de Janeiro

Ficou curioso sobre o processo? O manual de Preparação de Candidaturas para o Patrimônio Mundial está disponível online:

Preparação de candidaturas para Patrimônio Cultural

O Iphan também responde pela conservação, salvaguarda e monitoramento dos bens culturais nacionais que constam na Lista de Patrimônio Mundial da Unesco, além dos demais que fazem parte do Patrimônio Cultural Brasileiro

Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade

Além dos bens físicos – como cidades ou conjuntos arquitetônicos – desde 2003 outros tipos de criações passaram a ser distinguidas como Patrimônios Culturais Imateriais da Humanidade. Essa classificação tem como base a Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, adotada pela Unesco – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura em 2003 e ratificada pelo Brasil em 2006. A lista desses patrimônios é composta de práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas que comunidades, grupos e indivíduos reconhecem como parte integrante de seu Patrimônio Cultural, incluindo os respectivos instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais.

O Patrimônio Cultural Imaterial é transmitido de geração a geração, sendo constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, valorizando assim a diversidade cultural e a criatividade humana. Atualmente o Brasil tem sete manifestações\ práticas constantes da lista: