Dia 16 de maio, 19 horas, a Orquestra Sinfônica da UFRJ retorna ao palco do Salão Leopoldo Miguez, da Escola de Música da UFRJ (Rua do Passeio, 98, Centro do Rio) para o quarto concerto da sua centésima temporada. Com regência do diretor artístico do grupo, maestro André Cardoso, a apresentação contará com a participação, como solista, do flautista João Moreira (na foto de abertura), um dos vencedores do concurso jovens instrumentistas 2024 da OSUFRJ. O concerto é gratuito e será dedicado a um repertório da segunda metade do século XIX, incluindo dois dos mais importantes compositores do chamado Romantismo Musical.
O primeiro desses compositores é Giuseppe Verdi (1813-1901), principal figura da ópera italiana no período e autor de títulos célebres e populares, encenados todos os anos em grandes teatros de todo o mundo – como La Traviata, Rigoletto, Il Trovatore, Aída e Otello. Sua ópera Les Vêpres Siciliennes (em italiano, I Vespri Siciliani) foi composta para Paris, cidade onde estreou na Academia Imperial de Música, em 1855. Segue o modelo francês em cinco atos, com a inclusão de um balé.
A abertura é das mais extensas compostas por Verdi e, junto com a de La forza del destino, das mais frequentemente executadas em concerto. Foi estruturada pelo compositor a partir dos principais temas da ópera, presentes na introdução e no Allegro agitato que segue, com temas contrastantes, que preparam o ouvinte para os diferentes momentos dramáticos que perpassam toda a encenação.
O segundo nome do programa é o de Cécile Chaminade (1857-1944), importante compositora francesa que. Ainda jovem, ela mostrou alguns de seus trabalhos a Georges Bizet, que a orientou na composição. Sua obra abrange o piano solo, canções, a música de câmara e orquestral. Dentre elas se destaca o Concertino para flauta, que, apesar de composto em 1902, ainda se enquadra na tradição romântica. É uma obra originalmente composta para flauta e piano e posteriormente orquestrada e se originou de uma encomenda do Conservatório de Paris para ser uma peça de exame para estudantes em final de curso.
O Concertino foi estruturado em movimento único, no qual se alternam diferentes andamentos. O tratamento da flauta é virtuosístico e o orquestral equilibrado e expressivo, qualidades que levaram a obra a ultrapassar os limites dos exames escolares e ganhar o repertório profissional, sendo abordada pelos grandes flautistas. Foi dedicada a Paul Taffanel, então professor do instrumento no Conservatório de Paris, e, neste concerto, terá como solista, na flauta, João Marcos Moreira.
O terceiro compositor da noite é Johannes Brahms (1833-1897). A Sinfonia nº1 em Dó menor op.68 foi sua obra de mais longa gestação. Sentindo o peso de sua responsabilidade em abordar a forma sinfonia após o legado deixado por compositores como Beethoven, Schumann e Mendelssohn e em um momento histórico no qual o poema sinfônico lisztiano e o drama musical wagneriano ditavam as regras da música austro-germânica, Brahms levou mais de uma década para finalizá-la.
Os primeiros esboços datam de 1862, mas a estreia só se deu em 1876, na cidade de Karlsruhe. Os modelos são evidentes: Beethoven na elaboração e no desenvolvimento temático e Schumann na forma. Sua primeira sinfonia se diferencia das demais que produziu por ser a única com introduções lentas, no primeiro e no quarto movimentos, além de um instrumento solo, o violino. Após o alívio da estreia, Brahms produziria imediatamente sua segunda sinfonia e mais duas, que constituem um dos grandes conjuntos de sinfonias produzidas no século XIX.
O solista
João Marcos Moreira iniciou os estudos de Música aos seis anos, no Projeto Bem-me-quer Paquetá, sob orientação dos professores Josiane Kevorkian e Bruno Jardim. Com 12 anos iniciou na Flauta Transversal com o professor Rubem Schuenck. Atualmente cursa 7º período do bacharelado em Flauta na Escola de Música da UFRJ, com o professor Eduardo Monteiro. Atuou na Orquestra Sinfônica Cesgranrio e na Academia Jovem Concertante. Atualmente integra o Quinteto Experimental de Sopros da Escola de Música da UFRJ, o Quinteto Guanabara, a Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem e Orquestra Sinfônica Jovem do Rio de Janeiro.
O regente
André Cardoso é músico (violista e regente) graduado pela Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com mestrado e doutorado em Musicologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio). Estudou regência no Brasil com os maestros Roberto Duarte e David Machado. Recebeu, durante três anos, bolsa da Fundação Vitae para curso de aperfeiçoamento na Argentina com o maestro Guillermo Scarabino, na Universidade de Cuyo (Mendoza) e no Teatro Colón de Buenos Aires. Em 1994, foi o vencedor do Concurso Nacional de Regência da Orquestra Sinfônica Nacional da UFF, passando a atuar à frente de conjuntos como as sinfônicas da Paraíba, de Minas Gerais, do Espírito Santo, de Campinas, de Porto Alegre, do Teatro Nacional de Brasília, a Sinfônica Brasileira e a Petrobras Sinfônica. Foi maestro assistente da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro entre 2000 e 2007 e diretor artístico da instituição nas temporadas de 2015 e 2016. Como pesquisador publicou os livros “A música na Capela Real e Imperial do Rio de Janeiro” (ABM, 2005) e “A música na Corte de D. João VI” (Martins Fontes, 2008). Como libretista e roteirista estreou a ópera Aleijadinho, com música de Ernani Aguiar, em produção da Fundação Clóvis Salgado em Ouro Preto e no Palácio das Artes. No Theatro Municipal do Rio de Janeiro estreou o balé Macunaíma, com música de Ronaldo Miranda. É professor de Regência e Prática de Orquestra da Escola de Música da UFRJ, instituição da qual foi diretor de 2007 a 2015. Coordena para a Fundação Nacional de Artes – Funarte – em parceria com a UFRJ, o Sistema Nacional de Orquestras Sociais. É membro da Academia Brasileira de Música e seu atual presidente.
Confira o programa completo do concerto em https://musica.ufrj.br/mais-noticias/em-16-05-orquestra-sinfonica-da-ufrj-faz-4-concerto-de-sua-100-temporada
Fonte: Escola de Música da UFRJ.
Texto original de Julio Longo