Um novo marco na atividade coral

Com abertura no dia 15 de outubro, o I Congresso Internacional de Música Coral Infantojuvenil Um Novo Olhar reuniu, virtualmente, profissionais qualificados para falar de diversos assuntos relacionados a esse segmento musical. Temas específicos para coros dessa faixa etária, como técnica vocal, mudança de voz e escolha de repertório estavam entre os assuntos debatidos em suas mesas, das quais participaram especialistas de vários estados brasileiros e de outros países também. Professora da UFRJ e coordenadora da área coral do projeto Um Novo Olhar, Maria José Chevitarese fez parte, também, da comissão organizadora do evento e, nesta entrevista, fala sobre a importância e os maiores diferenciais do evento – que você pode assistir, na íntegra, em vídeo, neste link:. https://www.youtube.com/playlist?list=PL5mP5ut65rSLncAfNwYSUZu5O2BRMvXue .

**Qual a importância do Congresso?**
O Congresso Internacional de Música Coral Infantojuvenil, como o nome indica, foi totalmente voltado para coros infantojuvenis. O evento foi uma realização do projeto Um Novo Olhar, uma parceria entre a Universidade federal do Rio de Janeiro – UFRJ e a Fundação Nacional de Artes – Funarte. Embora existam no Brasil vários coros que trabalham com essa faixa etária, a grande maioria deles é dirigida por pessoas muito bem-intencionadas, mas com pouca ou praticamente nenhuma formação específica. Assim, o Congresso procurou contribuir nesta direção, trazendo para reflexão assuntos indispensáveis à formação de um bom regente de coro infantojuvenil, como técnica vocal, mudança de voz e escolha de repertório, entre outros.

**Como foram escolhidos os convidados?**
Convidamos regentes, cantores, compositores, pesquisadores, diretores de grande projetos socioeducativos que trabalham com a música coral, brasileiros e estrangeiros, que desenvolvem trabalhos de grande relevância em várias partes do mundo. Nossa conferência de abertura, por exemplo, será proferida por Maria Guinand, da Venezuela. Ela é a Diretora Artística da Fundación Schola Cantorum de Venezuela, um dos polos musicais mais importantes da América Latina. Teremos também Ana Leonor Pereira, de Portugal, fundadora e diretora artística do Teatro de Ópera Infantil de Lisboa, que discutirá aspectos sobre a mudança de voz na adolescência, além da maestrina Angela Burgoa, da Argentina. Para discutir sobre a formação do regente, trouxemos Elisa Dekaney, professora titular de Educação Musical da Syracuse University, em New York; e para conversar sobre a escrita para coros infantojuvenis, teremos Sven Kristersson, da Malmö Academy – Lund University, na Suécia.

**Qual é o panorama do Canto Coral Infantojuvenil no Brasil, hoje?**
Atualmente a grande maioria dos coros infantis estão em projetos socioculturais, em igrejas, escolas, em universidades, como projetos de extensão, e em conservatórios de música. Muitos desses coros são dirigidos por pessoas amantes da música, mas com pouca ou nenhuma formação específica. As licenciaturas que possuem disciplinas voltadas para o coro infantil são poucas. Muitas vezes, as aulas de regência são ministradas por professores com experiência em coro adulto, e não infantil. Ocorre que a voz infantil tem peculiaridades muito específicas, assim como a metodologia que deve ser adotada durante os ensaios e concertos, com este segmento. A falta desse conhecimento tem resultado em trabalhos com fraco desempenho e, algumas vezes, com procedimentos totalmente equivocados. Por isso a importância deste congresso, que trará profissionais qualificados para falar de diversos assuntos relacionados ao coro infantojuvenil.

**Qual o maior diferencial do Congresso?**
Um forte diferencial desse Congresso está na mesa “Um novo olhar: incluindo através da música coral”, que tratou uma reflexão sobre a inclusão no coro, de cantores portadores de deficiência, desmistificando a necessidade de provas de seleção para ingressar em coros e a crença de que música coral é apenas para grandes talentos. Enfim, viabilizando o canto coral para todos!

**Como surgiu a ideia do evento e como os parceiros** – **UFRJ, Fórum Virtual de Regentes Corais Infantojuvenis (UFMS), Coral Espaço Feliz e Coro Curumins (Faculdade de Música do Espírito Santo) – se coordenaram para planejá-lo?**
Eu trabalho com coros infanto juvenis há 35 anos. Nesta minha jornada, tenho conhecido trabalhos bastante relevantes, dentro e fora do Brasil. Conversando com os regentes Ana Lucia Gaborim, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Paulo Paraguassu, da Faculdade de Música do Espírito Santo, e Luís Gustavo Laureano, que desenvolve um projeto coral dentro do Lar Donato Flores, em Tatuí, São Paulo; e considerando a grande carência de informação nesta área, chegamos à conclusão de que este seria um excelente momento para lançarmos o primeiro Congresso Internacional de Música Coral Infantojuvenil – Um Novo Olhar. Da ideia, passamos para o convite aos profissionais de cada área. É importante ressaltar que todos os profissionais que convidamos aceitaram prontamente participar, porque são profissionais engajados, que vêm trabalhando há anos pela música coral e que compartilham do entendimento de que há uma grande carência de informações e que só conseguiremos aprimorar os coros infantojuvenis qualificando os regentes. Assim, todos nós, organizadores e palestrante, nos unimos em prol do canto coral, especificamente do coro infantojuvenil, na certeza de que o I Congresso Internacional de Música Coral Infantojuvenil – Um Novo Olhar representa um novo marco na atividade coral voltada para este segmento.

**Maria José Chevitarese** é graduada em Regência pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, mestre em Música Brasileira pela UNIRIO e doutora em Psicossociologia de Comunidades pela UFRJ. É professora titular de canto coral e dirige os coros Infantil da UFRJ (1989) e Brasil Ensemble-UFRJ (1999). Criou o projeto A escola vai à ópera, voltado para o público infantil, tendo produzido dez óperas. Na área administrativa, atuou como Vice-decana e Decana do Centro de Letras e Artes, Pró-reitora de Extensão, Diretora Artística da Escola de Música e Diretora da Escola de Música da UFRJ. Atualmente, coordena a área coral do projeto Um Novo Olhar, parceria UFRJ/Funarte.