Todos devem poder cantar

Um dos integrantes da Comissão Organizadora do I Congresso Internacional de Música Coral Infantojuvenil – Um Novo Olhar, na entrevista a seguir o pianista, cantor e regente capixaba Paulo Paraguassú fala sobre o evento e sobre a importância do canto coral na educação musical e defende que, nesse campo, a acessibilidade e a inclusão estão principalmente em permitir que todos possam cantar. Você pode assistir a todos os vídeos com as mesas e apresentações do Congresso no Canal Arte de Toda Gente, no Youtube, através deste link: https://www.youtube.com/playlist?list=PL5mP5ut65rSLncAfNwYSUZu5O2BRMvXue

**Em sua opinião, quais foram os maiores atrativos e diferenciais do Congresso para profissionais envolvidos com as atividades de canto coral, em geral e com o público infantojuvenil?**
Os maiores atrativos do Congresso foram as pessoas capacitadas na área do canto coral infantojuveinil estarem conosco, tanto do Brasil quanto de fora do país. E também a oportunidade que estamos dando aos regentes brasileiros da interdisciplinaridade nas mesas. Os assuntos são muito importantes para quem trabalha com essa faixa etária.

**Como a sua experiência com a prática de canto coral com o público infantojuvenil?**
Tenho formação em Canto Lírico e em Canto Popular e pós-graduação em regência. Minha experiência com o canto coral infantojuvenil começou em 2002, quando recebi de presente o coro da Musicalização Infantil da Faculdade de Música do Estado do Espírito Santo, para trabalhar como regente e professor. Daí, comecei a fazer muitos cursos na área, no Brasil e no exterior, inclusive com o maestro Henry Leck (conferir grafia), com alguns professores renomados nessa área e com propriedade no assunto, em em congressos. Desde então, tenho me atualizado para que possa ter uma bagagem interessante, porque trabalhar com essa faixa de idade é uma responsabilidade muito grande. Outras também são, mas penso que na faixa infantil essa responsabilidade aumenta, porque atuamos na formação dos nossos alunos.

**Quais são as diferenças que você destacaria entre a regência de um coral infantojuvenil e a de um grupo formado por adultos? Por que um trabalho específico para essa faixa etária de público é tão importante?**
As diferenças estão, claro, primeiramente no repertório, na faixa etária, na tessitura, na dinâmica do trabalho. É preciso conhecer bem a voz infantojuvenil e, também, a mudança vocal. Além de termos a formação nessa área, precisamos entender muito sobre a fisiologia vocal, porque é uma faixa etária que tem uma mudança de voz. Para que possamos ter um trabalho eficiente, é importante uma parceria com fonoaudiólogos, com profissionais da voz.
O repertório é um pouco diferente do dos coros de adultos. Ele é próprio, escrito para essa tessitura e extensão vocal. Além disso, para que uma criança participe de um coro é preciso que ela esteja acompanhada de um responsável.

**Um dos principais objetivos do I Congresso Internacional de Música Coral Infantojuvenil é incentivar as reflexões sobre os caminhos plurais da atividade coral voltada para o público infantojuvenil. Nesse sentido, entre os temas listados para debate, quais você considera como sendo mais sensíveis neste momento e porque?**
Acho que todos os temas são importantes, porque trabalhamos com canto coral, com voz, com projetos sociais, com repertórios diferentes e estilos diferentes. E trabalhamos também com inclusão, que é um fator muito importante e que eu destaco, também. Um dos importantes, entre todos. Vejo que a inclusão e a acessibilidade para se participe de um coro é um dos principais fatores, dos mais importantes no canto coral em geral, e em particular no caso dos infantojuvenis.

**Poderia nos falar sobre o seu trabalho de pesquisa nesse segmento?**
Meu trabalho de dissertação de mestrado foi sobre a Educação Musical feita por meio da prática coral. Foi um estudo de casa que fiz com o Coro Curumins. A prática coral traz uma educação musical ampla. Tanto no cantar, como nos estilos, no aprendizado de música em si, do convívio com outros coros quando há festivais – nos quais os coros participam, ouvindo um ao outro, o que também é uma aula, observar os diferentes estilos e coros de várias regiões do Brasil e, até, internacionais. Acho que essa pesquisa é importante, pois trabalhamos isso, até na própria estrutura das peças que utilizamos nos coros.

**A inclusão é importante, quando falamos de canto coral e, particularmente, para o segmento infantojuvenil?**
Sim, Inclusão e acessibilidade. Acessibilidade não é só colocar uma rampa ou alguns sinos para os cegos, é sim dar oportunidade para que todos participem, sem discriminação. A maior acessibilidade que nós podemos fazer é promover e dar oportunidade para que todos os que queiram e os que gostem de cantar possam participar de um coro. Então, eu defendo que todos os que forem fazer um teste para entrar em um coro passem, até aqueles que não estão afinando ainda. Porque eles vão trabalhar isso, nos ensaios, nas aulas e vão afinar junto com os outros. Talvez eles não estejam afinados, mas eles irão afinar, pois a criança não é desafinada, creio nisso. Permitir que todo e qualquer indivíduo possa cantar e possa se realizar por meio dessa prática maravilhosa na vida do ser humano que é a música, que é o canto.

Paulo Paraguassú nasceu e vive em Vitória, ES. Ele é graduado em Canto Lírico e tem Licenciatura em Música, com habilitação em Educação Musical, pela Faculdade de Música do Espírito Santo – FAMES. É especializado em regência pelo ISSED/FAVED – MG, em Educação Musical pela FABRA-Serra/ES e em Psicopedagogia Institucional pelo CESAP/ Vitória-ES. Possui Mestrado em Educação pela Saint Alcuin of York / Chile. Paulo é professor dos cursos de Licenciatura em Música e de extensão da FAMES e dirige o coral Curumins. Ele dirigiu e preparou pocket´s (versões condensadas) de uma série de musicais, entre eles: O Fantasma da Ópera (Andrew L. Webber), no Teatro Carlos Gomes, Mama Mia (Benny Andersson), no Teatro Glória, e A Disney é Aqui (Disney Stúdios). Como pianista acompanhador, atuou em Lisboa, Madrid, Paris e Londres.