Sinfônica da UFRJ faz três concertos na Sala Cecília Meireles em julho

Primeira apresentação, aconteceu em 05/07 e será seguida de outras duas, nos dias 12 e 25/07. Série faz parte das celebrações do centenário da orquestra.

Como parte das ce­le­bra­ções do cen­te­nário da Or­questra Sinfô­nica da UFRJ – OSUFRJ, em julho, a formação faz três con­certos na Sala Ce­cília Meireles. A primeira delas, aconteceu em 05/07, e outras duas estão marcadas para os dias 12/07 e 25/07, sempre às 19h. Os in­gressos têm preços a partir de R$ 20 e podem ser ob­tidos em www.​funarj.​ele​vent​icke​ts.​com.

O Concerto de 05/07

Na apre­sen­tação do dia 5 de julho, a OSUFRJ teve como con­vi­dados dois ilustres ex-alunos da Es­cola de Mú­sica da universidade: o pi­a­nista Ra­fael Ruiz e a ma­estra Pris­cila Bomfim.

“O com­po­sitor Joly Braga Santos (1924-1988) foi uma das mais im­por­tantes per­so­na­li­dades da mú­sica por­tu­guesa do sé­culo XX”, comenta o di­retor ar­tís­tico da OSUFRJ, ma­estro André Car­doso, sobre o concerto. “No ano de seu cen­te­nário, pres­tamos nossa ho­me­nagem exe­cu­tando a Aber­tura Sinfô­nica nº3 op.21. Com­posta em 1954, foi es­tru­tu­rada a partir de um tema po­pular da re­gião do Alen­tejo, que po­demos iden­ti­ficar em di­fe­rentes mo­mentos da obra, apre­sen­tado em va­riada or­ques­tração, na qual os mo­mentos lí­ricos e se­renos con­trastam com ou­tros mais efu­sivos, em forma de dança”, explica Andre. Ele conta que Mo­zart é o com­po­sitor mais exe­cu­tado pela Sinfô­nica da UFRJ ao longo de seus 100 anos de ati­vi­dades ar­tís­ticas.

“O Con­certo para piano no17 em Sol Maior K453 é um dos dois com­postos para sua aluna Bar­bara Ba­bette Ployer, que fez a es­treia em 13 de junho de 1784, na ci­dade de Döbling. O K453 apre­senta al­gumas ino­va­ções que re­alçam a im­por­tância de Mo­zart para o de­sen­vol­vi­mento da forma con­certo, como a in­tro­dução de um se­gundo tema mo­du­lante no pri­meiro mo­vi­mento e a forma de tema com va­ri­a­ções no ter­ceiro mo­vi­mento. O con­certo fi­na­liza com a Sin­fo­ni­etta no1, uma obra de Villa-Lobos es­crita ‘Em me­mória de Mo­zart’. Para es­tru­turar a obra Villa-Lobos lançou mão de frag­mentos de temas da aber­tura da ópera A Flauta Má­gica, de Mo­zart. Tendo com­posto a obra em 1916, o com­po­sitor, de certa forma, an­te­cipou um pro­ce­di­mento que seria uma das di­re­trizes no Ne­o­clas­si­cismo no sé­culo XX, qual seja, a uti­li­zação de temas de obras do pas­sado re­a­pre­sen­tados em nova lin­guagem”, informa o diretor artístico.

Para o programa completo do concerto e informações sobre os convidados, acesse https://musica.ufrj.br/mais-noticias/orquestra-sinfonica-da-ufrj-se-apresenta-na-sala-cecilia-meirelles-nos-dias-05-12-e-25-de-junho

O Concerto de 12/07

O segundo concerto da OSUFRJ na Sala Ce­cília Mei­reles co­me­mora os 79 anos de sua da Aca­demia Bra­si­leira de Mú­sica e integra sua tra­di­ci­onal série Bra­si­liana. A re­gência será do ma­estro Mi­guel Campos Neto e a apresentação terá es­treias e apre­sentação de obras de com­po­si­tores ho­me­na­ge­ados.

O baiano Paulo Costa Lima, que com­pleta 70 anos em 2024, é pro­fessor de com­po­sição da Uni­ver­si­dade Fe­deral da Bahia e ocu­pante da ca­deira 21 da ABM. Na Se­re­nata Pon­teio op.83 para cordas, o com­po­sitor mis­tura ele­mentos da tra­dição da mú­sica de con­certo com as prá­ticas po­pu­lares da cul­tura baiana.

O com­po­sitor pau­lista José Pe­nalva se ra­dicou em Cu­ri­tiba, onde, além de exercer o sa­cer­dócio, foi pro­fessor de com­po­sição da Es­cola de Mú­sica e Belas Artes da Uni­ver­si­dade Fe­deral do Pa­raná. Ocupou a ca­deira 27 da ABM. Seu cen­te­nário de nas­ci­mento é co­me­mo­rado em 2024. A Aber­tura, em mo­vi­mento único, é di­vi­dida em quatro partes, cons­tando de uma in­tro­dução se­guida de um frevo es­ti­li­zado, coral e fuga, nas quais a at­mos­fera da mú­sica nor­des­tina é que­brada pela lin­guagem atonal e pela po­li­mo­da­li­dade.

Já o Con­cer­tinho para piano, de Sérgio de Vas­con­cellos-Corrêa, é obra iné­dita que terá como so­lista Val­di­lice de Car­valho. For­mado pelo Con­ser­va­tório Dra­má­tico e Mu­sical de São Paulo, dis­cí­pulo de Ca­margo Guar­nieri, pro­fessor de com­po­sição na Uni­camp e na Unesp e membro da ABM desde 1988 – ca­deira 20, Sérgio de Vas­con­cellos-Corrêa com­pleta 90 anos em 2024.

O ce­a­rense Li­duino Pi­tom­beira é pro­fessor de com­po­sição da Uni­ver­si­dade Fe­deral do Rio de Ja­neiro e ocupa a ca­deira 28 da ABM. Seu Con­certo para oboé e cordas foi es­crito para a oboísta Ju­liana Bravim, como parte de seu pro­jeto de mes­trado na UFRJ. Na obra o com­po­sitor ex­plora o re­gistro agudo do ins­tru­mento e pro­cura con­ci­liar uma série do­de­cafô­nica com re­fe­rên­cias es­ti­lís­ticas as­so­ci­adas ao com­po­sitor Ra­damés Gna­talli.

Ba­chi­anas Bra­si­leiras no9, de Heitor Villa-Lobos, na versão para or­questra de cordas, en­cerra o pro­grama. Com­posta em 1945 é a úl­tima da série de suítes para di­fe­rentes for­ma­ções, na qual o com­po­sitor pro­curou con­ci­liar as formas e a lin­guagem mu­sical de Bach com as ca­rac­te­rís­ticas da mú­sica bra­si­leira.

Para o programa completo do concerto e informações sobre os convidados, acesse https://musica.ufrj.br/mais-noticias/orquestra-sinfonica-da-ufrj-se-apresenta-na-sala-cecilia-meirelles-nos-dias-05-12-e-25-de-junho

O Concerto de 25/07, “A Viena do jovem Bruckner”

No ter­ceiro con­certo na Sala Ce­cília Mei­reles, a Or­questra Sinfô­nica da UFRJ re­cebe como con­vi­dados a vi­o­li­nista Ga­briela Queiroz, pro­fes­sora da Es­cola de Mú­sica da UFRJ e spalla da Or­questra Sinfô­nica Bra­si­leira, e o ma­estro Jésus Fi­guei­redo, um ex-aluno e atu­al­mente re­gente da As­so­ci­ação de Canto Coral e do The­atro Mu­ni­cipal do RJ. O con­certo tem por tema “A Viena do jovem Bruckner”. O com­po­sitor é o grande ho­me­na­geado do ano em todo o mundo, por conta de seus du­zentos anos de nas­ci­mento.

A ca­pital do im­pério aus­tríaco sempre foi uma das ci­dades da Eu­ropa de maior ati­vi­dade mu­sical, para onde con­ver­giram inú­meros com­po­si­tores. Em 1824, quando Bruckner nasceu, na pe­quena ci­dade de Ans­felden, na Áus­tria, Be­ethoven e Schu­bert es­tavam em seus úl­timos anos de ati­vi­dade cri­a­tiva em Viena. Be­ethoven, nas­cido em Bonn, na Ale­manha, para lá se mudou em 1792, onde foi aluno de Haydn e Sa­lieri. Os dois Ro­mances para vi­o­lino são as pri­meiras abor­da­gens do com­po­sitor de obras con­cer­tantes para ins­tru­mentos de cordas. Em an­da­mento lento e de ex­pressão lí­rica, são em forma rondó com dois epi­só­dios, com o vi­o­lino se des­ta­cando sobre a so­no­ri­dade de uma or­questra de pe­quenas di­men­sões.

Schu­bert, por sua vez, é um le­gí­timo vi­e­nense, onde nasceu em 1797. Sua Sin­fonia nº5 é cla­ra­mente co­nec­tada com a tra­dição le­gada pelos clás­sicos vi­e­nenses, na qual a cla­reza formal se com­bina com a ri­queza me­ló­dica e a tex­tura con­tra­pon­tís­tica. Já a mú­sica in­ci­dental para Ro­sa­munde foi com­posta por Schu­bert para a peça te­a­tral da es­cri­tora alemã Hel­mina von Chézy (1783-1856), que fixou re­si­dência em Viena em 1823, ano em que es­treou. Se a peça te­a­tral foi um fra­casso, a mú­sica so­bre­viveu e se tornou uma das par­ti­turas or­ques­trais de Schu­bert mais co­nhe­cidas. A be­leza e a se­re­ni­dade da me­lodia criada para o En­treato III fez com que o com­po­sitor a uti­li­zasse também em ou­tras obras, como no Quar­teto de cordas D.804 e no Im­pro­viso para piano D.935.

Bruckner se mudou para Viena em 1868, onde Johannes Brahms já re­sidia desde 1863. No ano em que Bruckner chegou, Brahms es­treou o Re­quiem Alemão, sua maior obra coral. Antes, porém, no pe­ríodo em que re­sidia em Ham­burgo, Brahms já havia com­posto Begränis­ge­sang op.13, que, assim como o Re­quiem, é uma obra para ce­rimô­nias fú­ne­bres. O texto é do teó­logo Mi­chael Weisse (1488-1534) e o es­tilo mu­sical re­vela co­ne­xões com a obra sacra de Bach A pe­cu­li­a­ri­dade da ins­tru­men­tação é de ter sido re­a­li­zada apenas com ins­tru­mentos de sopro e tím­panos. O pro­grama en­cerra com a Missa em Dó, de Bruckner, co­nhe­cida como Windha­ager Messe, pois foi com­posta pelo jovem Bruckner na­quela ci­dade em 1841. Sendo obra para uso li­túr­gico, o texto do or­di­nário da Missa ca­tó­lica é abre­viado e a tex­tura coral é es­sen­ci­al­mente ho­mofô­nica, com even­tuais tre­chos con­tra­pon­tís­ticos. Na versão ori­ginal o coro misto é acom­pa­nhado por órgão e duas trompas. A versão apre­sen­tada é a do mu­si­có­logo Jo­seph Mes­sner (1893-1969), na qual a parte do órgão foi trans­crita para or­questra de cordas e o solo de mezzo no Be­ne­dictus des­ti­nado ao ba­rí­tono.

Para o programa completo do concerto e informações sobre os convidados, acesse https://musica.ufrj.br/mais-noticias/orquestra-sinfonica-da-ufrj-se-apresenta-na-sala-cecilia-meirelles-nos-dias-05-12-e-25-de-junho

Fonte: Escola da Música da UFRJ

Texto original de Julio Longo

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