Estreia nesta sexta-feira, 10 de setembro, às 18h, aqui no site e no canal Arte de Toda Gente, no Youtube, o sexto Concerto Sinos de 2021. Realizado em 16 de julho de 2021, na Sala Cecília Meireles (Rio), o espetáculo comemora os 76 anos da Academia Brasileira de Música – ABM e traz no palco as cordas da Orquestra Sinfônica da UFRJ. As homenagens se estendem ao maestro Roberto Duarte, membro da academia e ex-professor da Escola de Música da UFRJ – que também rege o concerto –, por seus 80 anos. E são lembrados, ainda, os 120 anos de nascimento de Octávio Maul, um dos fundadores da ABM; os 140 anos de nascimento de Barrozo Netto e os 90 anos do falecimento de Henrique Oswald – ambos patronos da instituição. O Sinos forneceu algumas das partituras do programa do concerto.
**O programa**
De Octávio Maul, a peça apresentada é o “Improviso para cordas”, uma obra original composta em 1934. De Barrozo Netto, a escolhida é a transcrição para cordas de “Minha Terra”, uma de suas peças para piano mais tocadas. A terceira é “Álbum op.32”, de Henrique Oswald, também originária de uma obra para piano, da qual o compositor aproveitou três das quatro peças para criar uma versão para orquestra de cordas.
**Os compositores:**
![Henrique Oswald.jpg](https://admin.sinos.art.br/uploads/Henrique_Oswald_8082ee3e33.jpg)**Henrique Oswald** (1852-1931) estudou no Brasil e na Itália e residiu em Florença. Foi pianista, compositor, concertista, professor e diplomata. Em 1868, aos dezesseis anos, recebeu do Imperador uma bolsa de estudos para estudar em Florença, na Itália. Teve como primeiros mestres europeus G. Buonamici e H. Ketten no piano, Reginaldo Graziani em harmonia e Mazzoni em contraponto, fuga e composição.
É autor de obras de câmara, concertos, sinfonias e três óperas. Entre 1903 e 1906, Oswald foi diretor do Instituto Nacional de Música, hoje Escola de Música da UFRJ. Em seguida, retornou a seu cargo de professor de piano da mesma instituição, atuando até pelo menos o ano de 1923.
![Barrozo Neto 1.jpeg](https://admin.sinos.art.br/uploads/Barrozo_Neto_1_57c04423d8.jpeg)**Joaquim Antônio Barrozo Netto** (1881- 1941) nasceu no Rio de Janeiro e iniciou os estudos de piano com Frederico Mallio. Ingressou no Instituto Nacional de Música, onde estudou matérias teóricas com Arnaud Gouvêa, piano com Alfredo Bevilacqua, harmonia com Frederico Nascimento e composição com Alberto Nepomuceno. Formou, com o violinista Humberto Milano e o violoncelista Alfredo Gomes, um trio que marcou época no Rio de Janeiro. Realizou concertos em Bruxelas, Paris, Roma e Turim. Foi diretor artístico da Sociedade de Cultura Musical do Rio de Janeiro.
Ingressou como catedrático do Instituto Nacional de Música em 1906. Foi grande incentivador do canto coral e, estimulado pelo movimento do Canto Orfeônico, de Villa-Lobos, organizou e dirigiu o Coral Barrozo Netto e o Coral Jovem Carlos Gomes. Como editor e revisor, publicou inúmeras obras pianísticas para editoras brasileiras, até hoje utilizadas, como os estudos de M. Clementi, J. B. Cramer e C. Czerny. Como compositor, deixou extensa produção de peças para piano, coro e canções. Sua produção orquestral não é numerosa e nela se destacam o “Concerto para piano”, “Vozes da Floresta”, para solistas, coro e orquestra, e a ópera “A Rainha da noite”.
![Octávio Maul – Foto.jpg](https://admin.sinos.art.br/uploads/Octavio_Maul_Foto_d5e1e68085.jpg)**Octávio Baptista Maul** (1901-1974) nasceu em Petrópolis (RJ) e, com seu pai, fundou uma banda musical na cidade, atuando como flautista. Estudou piano com Jaime Figueiras e harmonia com Agnelo França e, em 1919, ingressou no Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro, onde foi aluno de Francisco Braga. Em 1929, fez estágios na Alemanha e Bélgica e, ao retornar ao Brasil, estudou piano com Guilherme Fontainha e, em 1930, fundou com Alcina Navarro o Instituto Musical de Petrópolis.
Em 1934, reingressou no Instituto Nacional de Música para o curso de Regência com Francisco Mignone, integrando o corpo docente do Conservatório Brasileiro de Música a partir de 1936. Em 1940, tornou-se professor interino da Escola Nacional de Música, depois livre-docente, sendo efetivado em 1949. Fez parte da diretoria da Sociedade Propagadora da Música Sinfônica e de Câmara. Dirigiu concerto com suas obras à frente da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal, em 1951 e das orquestras Sinfônica Brasileira e da Escola Nacional de Música. Organizou e preparou a orquestra do Conservatório Brasileiro de Música (RJ), em 1960 e, no mesmo ano, realizou o Festival Octávio Maul, transmitido pela Rádio MEC.
**O maestro**
![roberto-duarte-2011.webp](https://admin.sinos.art.br/uploads/roberto_duarte_2011_5e1ec71abe.webp)Um dos mais requisitados regentes brasileiros, com larga experiência também na Europa, **Roberto Duarte** fez seus estudos no Rio de Janeiro, aperfeiçoando-se mais tarde na Itália e na Alemanha com bolsa especial do DAAD.
Sua carreira Internacional começou logo depois de ter sido laureado com o Prêmio ‘Serge Koussevitzky’ no Concurso Internacional de Regência do Festival Villa-Lobos, no Rio de Janeiro em 1975. Entre as principais orquestras que tem dirigido fora do Brasil estão: Tonhalle Orchester Zürich, Ungarische Philharmonie, Orchestre de la Radio Suisse Romande, Orchestra G. Enescu, Slovak Symphony Orchestra, Moscow Chamber Orchestra, Tchaikowsky Symphony Orchestra Moscow, Bruckner Sinfonie Orchester Linz, Akron Symphony Orchestra, Orchestra Sinfonica di Bari, Orchestra Sinfonica Abruzzese, Orchestra Filarmonica Marchigiana, entre outras.
Regente Titular e Diretor Artístico da Orquestra Sinfônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (1981–1994), da Orquestra Sinfônica do Paraná (1998-1999) e da Orquestra Unisinos, no Rio Grande do Sul (2003-2006), fundador e Diretor Musical da Orquestra do Theatro São Pedro, em São Paulo (2010-2012).
Considerado um especialista na obra orquestral de Villa-Lobos, sob sua batuta, foram gravados na Europa vários CDs para o selo Marco Polo com obras do mestre. Com a Orquestra de Câmara Tommaso Traeta (por ele fundada, na Itália, em 1988), gravou obras inéditas do compositor italiano Comte de Saint Germain e do brasileiro Padre José Maurício Nunes Garcia. No Brasil muitos outros CDs foram dedicados a compositores brasileiros.
Por todos os seus méritos Duarte recebeu da Associação Paulista de Críticos de Arte – APCA o prêmio de Melhor Regente do Ano de 1994 e 1997. Em novembro de 1996 recebeu do Governo Brasileiro, através da Fundação Nacional de Arte – Funarte, o mais alto prêmio da Música no Brasil: o Prêmio Nacional da Música, como regente. Em 2001 e 2010 recebeu o Prêmio Carlos Gomes por sua atuação no campo da ópera, como regente e revisor. Da cidade de Campinas – SP recebeu a Medalha Carlos Gomes por seu trabalho de divulgação da música brasileira.
A sua edição de Il Guarany, de A. Carlos Gomes, para a Funarte, representa um marco no trabalho
de revisão no Brasil, onde a obra mais conhecida do nosso maior operista foi totalmente restaurada. Trabalho idêntico foi feito na ópera Lo Schiavo do mesmo compositor.
Em suas atividades acadêmicas destacam-se: professor de Regência e Prática de Orquestra durante 27 anos na UFRJ; masterclasses em vários estados brasileiros e fora do Brasil no Chile, Grécia, Suíça e na Itália durante 14 anos foi professor de regência no Corso Internazionale di Polifonia Latino-Mediterranea. Escreveu ainda os livros: Revisão das Obras Orquestrais de Villa-Lobos, em dois volumes (Editora UFF-RJ) e Villa-Lobos errou? (Subsídios para uma revisão musicológica em Villa-Lobos) em português, inglês e francês (Algol Editora-SP), além de textos para os livros Ópera à brasileira, organizado por J. L. Sampaio (Algol Editora-SP), Mignone organizado por Vasco Mariz (Funarte) e um capítulo sobre a música brasileira para a História Universal da Música de Kurt Pahlen, edição em português, (Edições Melhoramentos-SP).
Aos 34 anos Duarte fez parte do Conselho Estadual de Cultura do Estado do Rio de Janeiro. Atualmente é membro da Academia Brasileira de Música, tendo sido várias vezes secretário e vice-presidente e é também membro honorário da Academia Nacional de Música e membro efetivo da Academia Brasileira de Música e Letras.
*Fotos de divulgação*