Série Concerto Sinos será lançada nesta sexta-feira, 30/10, com obras compositores de diferentes regiões do país

Concertos Sinos é uma série criada para veicular a produção artística dos projetos sociais, das orquestras brasileiras e do próprio Sistema Nacional das Orquestras Sociais do Brasil. É também através da série que serão apresentadas ao público, em concertos presenciais ou virtuais, as peças criadas e editadas para o Repertório Sinos – ação que disponibiliza, aqui no site, obras de compositores brasileiros de diferentes épocas e regiões do país, algumas delas compostas especialmente para o projeto e estruturadas para os diferentes níveis de desenvolvimento dos músicos.

A série Concertos Sinos contará com a participação de diversas orquestras, solistas e maestros brasileiros, e também de alguns dos compositores, que farão breves comentários sobre suas obras. Ela se soma ao Projeto Orquestra, uma das linhas de ação do Sinos, que promove a capacitação de alunos na prática de conjunto, com a abordagem do repertório brasileiro e universal sob a orientação de professores de instrumentos e regência.

Inicialmente, todos os concertos serão virtuais, com cerca de 30 minutos cada. As obras serão apresentadas por diferentes orquestras, tanto de projetos sociais, quanto profissionais. A ideia é combinar peças consagradas com outras, do repertório que está sendo composto e arranjado especificamente para o Sistema Nacional de Orquestras Sociais, em diferentes níveis de dificuldade de execução, por autores de diferentes regiões do país.

Neste primeiro concerto, serão apresentadas as obras In Moderato (César Guerra-Peixe), Três Batuques de Cataguases (Ernani Aguiar) e Suíte para cordas (José Guilherme Ripper – sendo as duas últimas composições criadas especialmente para o projeto.

**Os regentes do primeiro concerto**

**André Cardoso** é violista e regente graduado pela Escola de Música da UFRJ, com Mestrado e Doutorado em Musicologia pela UNIRIO. Recebeu, durante três anos, bolsa da Fundação Vitae para curso de aperfeiçoamento na Argentina, na Universidade de Cuyo (Mendoza) e no Teatro Colón de Buenos Aires. Em 1994, foi o vencedor do Concurso Nacional de Regência da Orquestra Sinfônica Nacional da UFF, passando a atuar à frente de conjuntos como as sinfônicas da Paraíba, de Minas Gerais, do Espírito Santo, de Campinas, do Teatro Nacional de Brasília, a Sinfônica Brasileira, a Petrobras Sinfônica e do Instituo Superior de Artes do Teatro Colón. No Teatro Municipal do Rio de Janeiro foi maestro assistente da Orquestra Sinfônica entre 2000 e 2007 e diretor artístico da instituição nas temporadas de 2015 e 2016. Como pesquisador publicou inúmeros artigos e dois livros. É professor de regência e prática de orquestra da Escola de Música da UFRJ, da qual foi diretor por dois mandatos consecutivos, entre 2007 e 2015. É membro da Academia Brasileira de Música, que presidiu entre 2014 e 2017.

**Thiago Santos** atuou como maestro assistente da BBC Philharmonic e da Royal Liverpool Philharmonic, na Inglaterra (2014-2016). No Brasil, tem dirigido regularmente diversas orquestras, dentre elas: a Sinfônica Nacional-UFF, Sinfônica da UFRJ (Universidade onde cursou bacharelado e mestrado em regência com André Cardoso), Sinfônica de Sergipe e Sinfônica Jovem de Goiás. Foi maestro titular e Diretor Artístico da Orquestra Sinfônica da Universidade Federal da Paraíba. Dirigiu também as orquestras inglesas Manchester Camerata, Stockport Symphony e Nottingham Philharmonic e na Europa regeu a Buhoslav Martinu Philhamonie (República Tcheca) e U Artist Festival Orchestra (Ucrânia). Foi o primeiro latino-americano contemplado com a bolsa de estudos Leverhulme Arts Scholar para o programa de regência orquestral do Royal Northern College of Music, em Manchester (Inglaterra). Desde 2018, é Diretor Artístico e maestro titular da Orquestra Jovem Alegro (Curitiba-PR).

**Os compositores**

**Ernani Aguiar** é atualmente um dos musicistas de maior atividade no País, como compositor, regente, pesquisador e professor. Depois dos estudos realizados no Brasil, sob orientação de Paulina d´Ambrosio (violino e viola), César Guerra-Peixe (composição), Carlos Alberto Pinto Fonseca (regência) e Santino Parpinelli (música de câmara), seguiu para a Itália onde estudou no Conservatório Statale “Luigi Cherubini” da Cidade de Firenze (Florença). Seus principais estudos de aperfeiçoamento foram realizados em Ravenna, com Adone Zecchi, e Giuseppe Montanari. De 1982 até 1985 foi coordenador dos Projetos Orquestra e Espiral do Instituto Nacional de Música da Funarte. Em 1989, recebeu a Medalha “Cidade de Tiradentes Bi-Centenário da Inconfidência” e no ano seguinte o título de Cidadão Benemérito do Estado do Rio de Janeiro. Em 2005 recebeu também a Medalha Tiradentes.
Como compositor, é autor de obras para coral, voz, orquestra e toda a gama instrumental, destacando-se a ópera O menino maluquinho sobre libreto de Ziraldo e Gessy de Salles, as Cantatas de Natal e de Páscoa, os polêmicos Cantos Sacros para Orixás, quatro Missas e a Sinfonietta Nº2 Carnaval. É membro titular da Academia Brasileira de Música.

**César Guerra-Peixe **(1914-1993) nasceu em Petrópolis (RJ), onde iniciou os estudos de violino na Escola de Música Santa Cecília. Mais tarde, na Escola Nacional de Música, estudou com Paulina d’Ambrósio. Fez cursos de aperfeiçoamento em composição no Conservatório Brasileiro de Música com Newton Pádua e H. J. Koellreutter, que o introduziu na técnica dodecafônica. Foi um dos fundadores do Grupo Música Viva, que abandonou no fim da década de 40, quando voltou a professar o nacionalismo musical. Da fase dodecafônica se destacam sua Sinfonia nº1 (1946), executada pela Orquestra da BBC de Londres, e o Noneto, apresentado na Europa por Hermann Scherchen. Teve importante atuação como arranjador, tendo trabalhado em rádios e nos Festivais Internacionais da Canção (FIC). Foi membro da Academia Brasileira de Música e recebeu inúmeros prêmios, como o Golfinho de Ouro do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro (1978) e o Prêmio Nacional de Música do Ministério da Cultura (1993). A orquestra de cordas ocupa posição relevante no catálogo de Guerra-Peixe. A Suíte (1949) é emblemática por marcar a virada do dodecafonismo para o nacionalismo, estética nas quais foram criadas também Moda e Rasqueado (1956), Petrópolis de minha infância (1976), Roda de amigos (1979) e Quatro coisas (1987).

**João Guilherme Ripper** formou-se em Composição na Escola de Música da UFRJ, onde concluiu também o Mestrado, sob a orientação de Henrique Morelenbaum e Ronaldo Miranda. Obteve seu Doutorado em Composição na The Catholic University of America, em Washington D.C (EUA). Dirigiu a Escola de Música da UFRJ, entre 1999 e 2003, e a Sala Cecília Meireles entre 2004 e 2015. Em 2015, foi nomeado Presidente da Fundação Teatro Municipal do Rio de Janeiro, cargo que ocupou até o início de 2017. É membro da Academia Brasileira de Música e professor do Departamento de Composição da Escola de Música da UFRJ.

**Sobre o Repertório Sinos**
O Repertório Sinos destina-se à produção de obras orquestrais adequadas aos diferentes estágios de desenvolvimento musical dos alunos dos muitos projetos existentes no país. Todas as partituras estão sendo disponibilizadas para download gratuito no site do projeto. O Repertório se divide em três vertentes. A primeira é a publicação de obras de compositores do passado que sejam adequadas para orquestras jovens.

Muitas obras encontram aqui sua primeira publicação, sejam aquelas em domínio público, editoradas a partir de manuscritos dos acervos de bibliotecas, ou obras com direitos reservados editoradas e publicadas com a devida autorização por parte dos detentores dos direitos.

A segunda vertente é a publicação de obras especialmente encomendadas para o projeto a compositores das diversas regiões do país, em diferentes níveis de dificuldades a partir da Tabela de Parâmetros Técnicos para Cordas, que orienta os compositores quanto às limitações técnicas. Dentro dos limites e possibilidades do nivelamento técnico, as obras compostas procuram apresentar características regionais da música brasileira, refletindo assim a diversidade da cultura de nosso país.

A terceira vertente é a dos arranjos e transcrições, elaborados a partir de obras originais para outras formações instrumentais. Em tal vertente se destacam as transcrições do Guia Prático de Villa-Lobos e de peças fáceis para piano, muitas com temática infantil.

Outra característica do Repertório Sinos é a inclusão de uma redução para piano no conjunto de partes instrumentais. A mesma tem por objetivo proporcionar aos regentes das orquestras sociais uma opção para completar as partes na eventual falta de algum naipe, auxiliar os jovens instrumentistas no conjunto, na precisão rítmica e na regularidade do andamento, assim como servir de base para as aulas da Academia de Regência. O Repertório Sinos, com partitura e partes, ficará disponível para download gratuito aqui no site do projeto.

Foto: Walda Marques