Tarcísio Carlos Rodrigues Gomes, o Cisão (nas fotos), foi um dos participantes da live *Acessibilifolia*, ação do projeto Um Novo Olhar que faz parte do Festival Arte de Toda Gente. Transmitido no dia 17 de setembro, o encontro reuniu pessoas com e sem deficiência, entre elas representantes de blocos e grupos culturais, para troca de experiências e debate sobre acessibilidade e inclusão nos festejos populares (saiba mais sobre a live aqui: https://umnovoolhar.art.br/noticias/Folia-acessivel-e-tema-em-live-no-Festival-Arte-de-Toda-GenteO.

**Antes da entrevista, falemos um pouco sobre esse carismático artista e sua já famosa comemoração anual.**

Central do Brasil lotada geralmente significa horário de rush, trens parados, atrasos, futebol no Engenhão… Mas naquele final de janeiro de 2020, o motivo era outro: um aniversário. Os demais, poucos, passageiros se viam surpresos diante do motivo da aglomeração, ao questionarem o que estava acontecendo. Para os “convidados” já acostumados com a tradição, era apenas a celebração de mais um ano de vida do saxofonista Tarcísio Carlos Rodrigues Gomes, o Cisão.

Batizada como *Caxias Water Planet*, a festa já começa na plataforma, segue com música nos vagões, e ao descer na estação Duque de Caxias, a multidão segue pelas ruas do bairro, com direito à parada para aliviar o calor em um lava-jato de posto de gasolina. O cortejo continua até a porta de Dona Renilda, mãe do anfitrião, onde um caldinho de feijão já os espera. São copos e mais copos para alimentar aquela multidão. A festa dura várias horas, tendo como ápice os banhos de espuma e de caminhão-pipa.
De acordo com o dicionário, “cisão significa ato ou efeito de cindir, de cortar ou de ser alvo de corte, divisão, separação, rompimento”, ou seja, tudo que é oposto de Tarcísio, um músico que gosta agrupar, juntar, aglomerar.

Tarcísio Cisão é fundador do bloco Amigos da Onça junto com o amigo Gabriel Gabriel, no qual canta e toca sax. Com coreografias específicas e fantasias de felinos, a cada ano o bloco atrai mais adeptos, numa multidão sem tamanho.

**Agora, vamos à entrevista de Cisão:**

**O Amigos da Onça atrai uma multidão todos os anos no Rio de Janeiro. Como surgiu o bloco?**
O bloco Amigos da Onça surgiu a partir da música *Amigos da Onça* criada em 2016 por mim e Gabriel Gabriel. Tudo começou depois de sermos mal tratados pelos garçons de um restaurante que frequentamos em Juiz de Fora. Como tocamos nos blocos de rua desde os 14 anos, sempre que acabavam os ensaios dos blocos tocávamos essa música, até que, em 2012, resolvemos fazer o nosso próprio bloco.

**Confira o clipe oficial da música que foi o início de tudo e virou hino do bloco:**

**Como a música entrou em sua vida e quando você escolheu o sax?**
A música entrou sem que eu escolhesse. Sempre dancei, desde sempre, e morava em uma favela em Duque de Caxias. Para minha mãe, Renilda, me afastar daquela realidade violenta, sempre me colocava em atividades para me manter ocupado. Com 8 anos de idade, entrei para a aula de flauta doce no trabalho dela, no Méier, e aos 9 entrei para os Flautistas da Pró-arte. Foi com 13 anos que eu escolhi o sax e toco na mesma orquestra há mais de 20 anos.

**Você é uma pessoa que atrai aglomeração. Depois de um aniversário que parou a Central da Brasil, como foi se deparar de repente com a necessidade de isolamento semanas depois? Teve “Caxias Water Planet” virtual esse ano?**
Pra mim foi difícil demais. Nem tanto nos primeiros meses, e sim quando entendi que a quarentena não eram apenas 40 dias, nem três meses…(risos) Não teve meu aniversário virtual não, estou guardando tudo e já ansioso para o próximo…. e tomara que seja ano que vem.

**Quando você começou a divulgar suas festas de aniversário, atraindo convidados do Rio e de Caxias, imaginava que juntaria uma multidão tão imensa assim na porta da sua mãe?**
Sim, achei que poderia conseguir uma grande quantidade de pessoas. Porém o objetivo ainda não foi concluído, que é revitalizar e trazer o carnaval para Duque de Caxias. Porque lá não tem Carnaval. Geralmente as pessoas de lá saem, viajam para outros lugares.

**Em fevereiro de 2021, o bloco participou de uma série de lives de Carnaval com intérpretes de libras. Há integrantes com alguma deficiência?**
Sim, há integrantes com deficiência no nosso bloco! Essa pandemia nos fez pensar muito sobre representatividade e acessibilidade e no nosso próximo Carnaval estaremos muito mais atentos a todas as essas “maravilhosidades”. Estamos nos informando mais para poder dar um suporte

***Assista a live aqui no site do projeto Um Novo Olhar e no canal Arte de Toda Gente no Youtube (https://www.youtube.com/artedetodagente)***