Partituras originais dos hinos brasileiros são expostas pela primeira vez

Na terça-feira, dia 19/4, as partituras originais dos quatro mais importantes hinos brasileiros – da Independência, Nacional, da Bandeira e da Proclamação da República – deixaram a biblioteca da Escola de Música da UFRJ, no Rio, pela primeira vez. Junto com outras composições e documentos históricos que fazem parte do processo de construção dessas partituras, seguiram para Belo Horizonte, onde estão expostos ao público de forma inédita e, mais tarde, passarão por um processo de restauração. Essa ação, desenvolvida pela Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, conta com o apoio parte da parceria Arte de Toda Gente, de Funarte e UFRJ, com curadoria de sua Escola de Música e abre as comemorações do Bicentenário da Independência do Brasil, exatamente na Semana da Inconfidência.

Após uma breve cerimônia, no Salão Leopoldo Miguez, que contou com a presença do presidente da Funarte, Tamoio Athayde Marcondes (acima, sendo entrevistado, à esquerda); do diretor da Escola de Música, Ronal Silveira (no palco, na foto abaixo); do coordenador da parceria Arte de Toda Gente, Marcelo Jardim, entre outros, e da execução dos hinos pela Banda Sinfônica da Polícia Militar do Rio de Janeiro (abaixo), os manuscritos originais deixaram o edifício centenário da Rua do Passeio, no Rio e foram levados, sob escolta da Polícia Militar de Minas Gerais, até Belo Horizonte.

“Essa parceria da UFRJ, Funarte e Secretaria Estadual de Cultura de Minas Gerais, com o objetivo de levar esses hinos para sua restauração, e para circular com eles, é muito importante”, diz Tamoio Athayde Marcondes. “Ela contribui para incutir no povo brasileiro a noção de pertencimento acerca dos símbolos nacionais e da importância da preservação do patrimônio público. Porque é isso que nos faz uma sociedade forte, uma pátria, um povo unido. Essas simbologias ajudam a formar um Brasil de verdade”, defende.

Na capital mineira, esses valiosos documentos foram encaminhados ao Arquivo Público do Estado e, desde o dia 26 de abril, estão no Palácio da Liberdade, onde são o destaque da exposição Já Raiou a Liberdade: Hinos do Brasil. (os ingressos gratuitos devem ser retirados antecipadamente através da plataforma Sympla)

“Ter a possibilidade de um restauro dos hinos é muito importante e nos traz uma alegria muito grande”, diz Marcelo Jardim. “É necessário que tenhamos um conjunto de parcerias para que possamos manter em boa estrutura, em boa condição os acervos históricos do Brasil. E isso não é diferente quando esse acervo está dentro de uma universidade, órgão público, instituição privada ou comunidade”, observa. Ele destaca que a parceria com a Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais possibilita não só a ação de restauro, mas também a cooperação técnica, com o intercâmbio entre professores e técnicos. “E também de um olhar muito atento dos pesquisadores da música. Afinal, trata-se de um documento monumento, que por si só já se estabelece em sua importância”, ressalta o maestro.

Ele lembra que, além de representar a música que caracteriza o sentido de nação para o Brasil, o Hino Nacional, em particular, destaca a participação histórica direta do fundador da Escola de Música, Francisco Manuel da Silva, justamente o compositor do Hino Nacional.

Em Minas

Após a etapa aérea do traslado, o conjunto de documentos e partituras foi recebido em Belo Horizonte por uma comitiva, da qual, entre outros, fazia parte o secretário de estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas Oliveira. “Se nós imaginarmos que estamos diante dos originais do Hino Nacional, cuja letra mudou, mas a música permanece a mesma, neste manuscrito, a emoção é imensa”, diz Leônidas. “Sobretudo, nesta semana da Inconfidência Mineira, a dois dias do Dia de Tiradentes, no ano do bicentenário da Independência do Brasil. Receber esses originais no Arquivo Público de Minas Gerais, do Governo de Minas, e mais ainda, ter a oportunidade de ter aqui também o Hino da Bandeira, o Hino da Independência, da aclamação de D. João VI, é uma honra”, afirma o secretário.

Ele ressalta a importância da exposição. “É também emocionante saber que esse conjunto de originais está exposto, desde o dia 26 de abril até 7 de setembro, para toda a população, para todas as pessoas, com entrada gratuita, na sala de banquetes do nosso palácio da Liberdade. E reforça o papel, o protagonismo de Minas Gerais na história do país. A liberdade e a luta que levou a essa liberdade estão em nossa bandeira, forjada pelos brasileiros e, em particular, pelos inconfidentes mineiros.”

Novas edições para bandas e orquestras

“Em breve teremos também as novas edições para orquestra sinfônica e para banda sinfônica”, adianta Marcelo Jardim. “Elas serão lançadas pela Funarte, pelo Sistema Nacional de Orquestras Sociais, o projeto Sinos, que é parte da parceria Arte de toda Gente. Essas novas edições serão disponibilizadas nos sites da Funarte, dos Projetos e da UFRJ para que orquestras e bandas de todo o Brasil possam utilizar o material revisado e com a base nos estudos mais recentes sobre o material histórico”, comemora o maestro. Ele diz que, além de sua importância em termos de significado para a nação, os hinos têm outro aspecto. “Eles também compunham a ambiência dos períodos em que foram compostos, funcionando como verdadeiras cápsulas do tempo, quando observados pelo aspecto histórico”.