Formada por jovens de 18 a 29 anos, vindos de todo o Brasil, a Orquestra Jovem Alegro (OJA, na foto ao lado), do projeto social curitibano, participa dos Concertos Sinos interpretando dois compositores representativos da música paranaense. Você pode conferir a apresentação do grupo aqui no site e, também, no canal Arte de Toda Gente no Youtube. Nesta entrevista, a instrumentista, professora e coordenadora administrativa da associação mantenedora da OJA, Shanda Olandoski (foto baixo), nos fala sobre sua trajetória, de sua organização e destaca a importância das orquestras sociais para os jovens que elas atendem.
![TR2_Equip_Shanda.jpg](https://admin.sinos.art.br/uploads/TR_2_Equip_Shanda_ef9e7b0baa.jpg)
**Como começou sua carreira na música?**
Comecei a tocar violino aos nove anos de idade, como parte da minha formação educacional. Com o passar dos anos, me formei bacharel em viola pela Unesp e toquei em diversas orquestras de São Paulo e do Paraná. Como docente, atualmente dou aulas de violino e viola na Associação Beneficente São Roque em Piraquara-PR, um dos núcleos apoiados pela Alegro. Ainda, sou produtora musical de alguns grupos musicais que atuam no Paraná e em São Paulo.
A música faz parte do meu cotidiano e não consigo imaginar minha vida sem ela. Acredito no real poder de transformação que a música proporciona, afinal acompanho isso de perto todos os dias.
**Além de ser Coordenadora Administrativa da Associação Musical Alegro você é musicista, advogada e empresária. Como concilia carreiras tão distintas?**
Com o meu conhecimento profissional, consigo entender o mecanismo jurídico/ administrativo e oferecer soluções para a Instituição e, ao mesmo tempo, ter um olhar mais cuidadoso sobre as necessidades musicais dos diversos núcleos apoiados pela Alegro e orquestras Infantil e Jovem Alegro.
**Como surgiu a Alegro e a OJA?**
A Associação Musical Alegro, instituição mantenedora da OJA, foi criada pelo músico britânico radicado em Curitiba Edward Matkin. O objetivo é fomentar o desenvolvimento de um sistema de orquestras jovens no Paraná, inspirado em outros projetos de sucesso no Brasil e no mundo.
Nas palavras de Matkin, “não somos apenas uma organização que proporciona educação em música erudita a crianças que vivem em situação de risco no Paraná. Somos uma associação com visão, missão e metas fincadas na transformação de realidades sociais por meio da educação musical.”
**E como é sua atuação?**
A Alegro atua em Curitiba desde 2016. Sua força está no notável grupo de apoiadores e parceiros, entre os quais Marshall Marcus (diretor da European Youth Orchestra), Neil Thompson (Royal College of Music) e Stefan Asbury (Boston/Tanglewood). Destaco também a parceria com a ABRSM – sigla inglesa para o Conselho das Escolas Reais de Música Britânicas, maior organização de avaliação mundial de música erudita, presente em mais de 93 países e que tem como patrona a rainha da Inglaterra.
Além da força dos apoios internacionais, a Alegro construiu também uma importante rede de parcerias e apoios locais. A Alegro apoia sete núcleos de ensino, que proporcionam acesso à educação musical para mais de 450 crianças em diversos tipos de vulnerabilidades sociais e que, de outra forma, não teriam esta oportunidade. As crianças atendidas estão em Piraquara, Almirante Tamandaré, Antonina (Centro e Zona Rural), Paranaguá e no bairro CIC, em Curitiba.
**Como são seus projetos parceiros?**
Os projetos parceiros, altamente reconhecidos por seus bons resultados, incluem Gato na Tuba (em Piraquara), Música no Bairro (Almirante Tamandaré) e Filarmônica Antoninense (Antonina). Em comum, são projetos nos quais os alunos têm a oportunidade de estudar um instrumento e encontrar na música um suporte para os desafios do cotidiano e um caminho para o futuro.
Edward Matkin costuma destacar que a música orquestral é para todos, é nisso que acreditamos. E, por isso, investimos na formação e no desenvolvimento musical e artístico das crianças e jovens dos projetos que apoiamos.
![Orquestra Jovem Alegro – Curitiba.jpeg](https://admin.sinos.art.br/uploads/Orquestra_Jovem_Alegro_Curitiba_815e5a30b7.jpeg)
**E a OJA?**
A Orquestra Jovem Alegro é o grupo mais avançado da Associação Musical Alegro e serve de inspiração para os alunos por ela apoiados. É formada anualmente por jovens estudantes de música de 18 a 29 anos, que participam de uma seleção nacional de bolsistas para o Festival da Orquestra Jovem Alegro, recrutando os melhores jovens talentos do país.
**A Alegro conta também com uma orquestra infantil, a ideia é que essas
crianças no futuro possam integrar a OJA? Como tem sido a procura e o interesse dessas crianças menores?**
Recentemente, a parceria com os projetos que mencionei resultou em mais uma iniciativa de peso da Alegro: a criação da Orquestra Infantil Alegro, formada por crianças e adolescentes de oito a 17 anos que participam dos núcleos apoiados pela Associação Alegro e por crianças e adolescentes pré-selecionados pertencentes à comunidade local.
Em seu blog pessoal, o professor e crítico musical André Egg fez escreveu comentando a atuação das crianças na estreia e acho que vale reproduzir aqui: “Elas são apenas crianças e adolescentes, mas já viram descortinar em sua vida a possibilidade de participar de um grupo musical muito sério. Se quiserem, poderão se profissionalizar como músicos. Muito provavelmente, a maioria vai desenvolver outras atividades profissionais, para as quais levarão uma experiência cultural riquíssima. O principal efeito colateral será que eles serão profissionais que já se acostumaram com coisa boa: alto esmero técnico. Eles não vão se conformar com pouco”.
Com o desenvolvimento da Orquestra Infantil Alegro, procuramos estimular essas crianças e adolescentes para que venham a integrar a Orquestra Jovem Alegro e, posteriormente, se tornem professores dos núcleos apoiados.
**Como tem sido o trabalho da OJA na pandemia?**
No ano de 2020, devido à pandemia da COVID-19, o Festival da OJA foi realizado de forma híbrida, ou seja, parte presencial e parte online. Nessa oportunidade os jovens tiveram masterclasses e aulas online com os professores, palestrantes e maestros do Festival. E também ensaios e gravações presenciais de música de câmara, possibilitando formações menores e respeitando as regras sanitárias necessárias para o combate da pandemia.
**E como é a participação da orquestra nos Concerto Sinos?**
A Associação Musical Alegro sente-se honrada em poder contribuir para os Concerto Sinos. Nessa oportunidade, sob regência e direção de Alejandro Aldana, foram executadas duas obras de compositores ligados à cultura paranaense: foram executadas duas obras de compositores ligados à cultura paranaense, Henrique de Curitiba (autor de *Vocalize*) e Harry Crowl (*Aventuras no Quintal*, em três peças). Estão todos convidados a assistir!
**Que mensagem gostaria de passar para esses inúmeros jovens que estão começando na carreira?**
Acredito que a música é um agente transformador de vidas. Eu diria que quem tem contato com ela, não consegue sair indiferente. A pandemia veio nos mostrar várias outras formas de se pensar a música e seus ramos de atuação. Reinventem-se! E que a música esteja sempre presente entre nós!
**Shanda Olandoski** é advogada, empresária e bacharel em viola pela Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho – Unesp na classe do professor Emerson de Biaggi.
Atualmente, é membro da Nova Camerata e grupo Arco & Fole. Como docente, ministra aulas no projeto Associação Beneficente São Roque. É coordenadora administrativa da Associação Musical Alegro. É produtora-executiva do Festival Anual da Orquestra Infantil Alegro, do Festival da Orquestra Jovem Alegro e da São Paulo Chamber Soloists.
***Veja a apresentação da Orquestra Jovem Allegro e de outras orquestras nos Concertos Sinos aqui no site do projeto e no canal Arte de Toda Gente no Youtube.***
Foto da Orquestra: Vinicius Grosbeli – Divulgação
Foto sw Shanda Olandoski – Divulgação