Sábado, dia 28, subiu ao palco da Casa Funarte Liberdade o Quarteto Mineiro de Saxofones. Já na manhã de domingo, 29, foi é a vez de um grupo de artistas de circo. Todas as atrações da série – que vai ocupar o espaço aos finais de semana até a segunda quinzena de dezembro – são programados pelo projeto, Bossa Criativa, com artistas que participam do projeto e, também, do Sistema Nacional de Orquestras Sociais – Sinos e do Um Novo Olhar, que juntos compõe o Arte de Toda Gente.
No __sábado, dia 28__, o Bossa Criativa convidou o projeto Sinos, que apresentou o Quarteto Mineiro de Saxofones. Criado em 2015, o grupo é formado por professores mestres e graduados em saxofone pela UFMG e vem marcando presença em eventos importantes promovidos em Minas, como o Prata da Casa (UFMG), Viva Música (UFMG), Quarta Cultural (UFMG), Festival de Inverno de Itabira, Projeto 3ª Maior (Prefeitura de Nova Lima), Sexta de Música Erudita (PUC), Praça Sete Instrumental, Semana dos Sopros do Conservatório de São João del-Rei, dentre outros. Em 2019, o grupo foi o responsável pela abertura do EnSerra: I Encontro Internacional de Saxofonistas da UFMG.
__Na manhã de domingo, dia 29__, artistas circenses locais ocuparam o espaço. A apresentação contou com a participação de Moisés Quintão Faria, equilibrista em monociclos de várias alturas; Família Velásquez- acrobatas; Palhaço Pimentão e Palhaço Furrequinha, além do mestre de pista Márcio Vesolli. A recepção do público, na entrada do prédio, foi feita por um grupo com a Palhaça Kiki tocando sua sanfoninha, o Palhaço Pimentão, na Perna de Pau, e o Palhaço Furrequinha, com sua “furreca”. A organização ficou a cargo de de Sula Mavrudis.
Confira a seguir uma entrevista com Moisés, o famoso Rei do Pedal, um jovem de 73 anos que segue encantando o público por onde passa com suas “bicicletas malucas”.
**Qual o seu segredo para manter tanta vitalidade?**
Eu tenho 73 anos, quando estou fazendo show parece que eu tenho 30. Me levanto de manhã, faço caminhada, capino, subo em árvore, então não tem tempo ruim para mim, não. O circo é uma emoção, o circo é uma magia, a pessoa que está assistindo ao circo esquece de todos os problemas. Sou um homem apaixonado pelo circo.
**Como tem sido a sua atuação no apoio a outros artistas de circo?**
Estou chegando aqui agora, pois fui levar cestas básicas, despachadas pelas as ambulâncias e escolas da prefeitura. Estou mandando cestas para todos os circos do interior e enviei para 70 circos. Já saíram da minha chácara 500 cestas. Com a pandemia, muita gente está sem ganhar dinheiro. Não está fácil, circos parados, assim como shows e as festas, mas não se pode desanimar. A vida não pode parar, não, tem que continuar ensaiando, fazendo caminhada… A minha chácara é cheia de pessoas de circo, cheia de ônibus, eles param aqui, vem sempre para cá, acolho o pessoal todo”.
**Como começou a sua carreira?**
Eu pedi as contas no emprego e fui trabalhar no circo. E quando eu cheguei, tinha um cara que fazia bicicleta e me falaram: “já tem um ciclista aqui, não precisa de outro”. Aí eu disse: “me dá um serviço aí para armar, desarmar, qualquer coisa”. Eu queria era trabalhar no circo. Então entrei no circo assim e, em seguida fui treinando, no globo da morte e tudo. Aí aquele rapaz da bicicleta saiu do circo e eu assumi o lugar dele.
Eu trabalhei em uns 30 circos como artista, e então, uns 38 anos atrás, passei a ser dono do Circo do Moisés. É uma coisa muito boa, é uma emoção muito grande. A gente fazer uma pessoa feliz, a gente trabalhando, dando show. Vemos as pessoas felizes e ficamos feliz também. É uma coisa muito gostosa, eu sou um apaixonado pelo circo. Além disso, tenho feito muitos shows na TV Globo, TV Record. Sou dublê do Didi nos filmes dos trapalhões. Ser dublê de artista não é brincadeira, não é fácil não (risos).
E também faço apresentações em aniversários de crianças. Quando faço shows, todo mundo participa, é muito bom. É uma emoção muito grande, uma atração. Meus fãs são as crianças, os rapazes e até os velhinhos; muita gente se espelha em mim.
**E qual a sensação de estar lá em cima (das rodas)?**
Tem que concentrar a cabeça, não pode se descuidar um minuto, se não você cai lá de cima. E a pessoa trabalha sorrindo, como se estivesse andando normalmente. O circo é uma coisa muito fantástica, muito boa.
**Sua família, também é do circo?**
Eu tenho a filha que é trapezista, professora de circo. Ela dá aulas de circo e de dança, faz trapézio. Meu neto é palhacinho e está treinando na bicicleta. Meu filho também é palhaço, trapezista. Os meninos foram criados no circo. Já morei em barraca, em ônibus. Hoje eu moro em um trailer dentro da minha chácara. Tenho uma tenda armada e tenho o trailer, onde moro tranquilinho. Eu me sinto melhor ali do que dentro de um apartamento.
**Conheça agora a trupe que entra em cena neste domingo:**
**Márcio Vesolli**, o mestre de pista, é ator, apresentador, bailarino, circense e professor. Tem formação técnica em Teatro, é formado em Circo, em Dança e licenciado em Artes Cênicas pela UFMG (2006);e em circo, pelo curso básico da Escola Nacional de Circo (2011) RJ. Desenvolve há vários anos trabalhos e intervenções teatrais abordando o tema meio ambiente e educação. Em sua trajetória, tem participações em filmes, especiais de TV e diversos espetáculos. Márcio desenvolve um trabalho de pesquisa na interseção entre teatro, dança e circo e tem como foco principal o universo criativo infanto juvenil.
A **Família Velásques** está representada por Jorge Daniel e David Velásques (pai e filho). David tem 21 anos e nasceu no Circo Di Napoli. Faz saltos acrobáticos e participa da equipe do globo da morte, tendo se apresentado por dois anos na Alemanha e trabalhado em diversos circos nacionais e estrangeiros.
**Waldir Braga, o Palhaço Pimentão**, ingressou, em 1980, no circo do Moisés, o Rei do Pedal, em Minas Gerais. Apaixonado pelo que faz, além das especialidades artísticas, é responsável pela parte administrativa, capatazia e tudo o que está relacionado com o fazer circense. Trabalhou em circos por 10 anos, como mestre de cerimônias, palhaço, locutor, perna de pau e barreira. Em 1991, fundou o Circo Fantástico, percorrendo todo o estado de Minas Gerais. O palhaço adolescente **Furrequinha** é seu neto e aprendeu o ofício com o avô.
“Ser palhaço e uma dádiva pois arranca o sorriso da plateia”, diz o Palhaço Pimentão. “Eu me sinto superfeliz, pois sou a inspiração de um palhaço, o Furrequinha, meu neto. E é tão prazeroso dividir com ele o palco e as gargalhadas da plateia. Quando estou no palco, não importa se estou triste ou não. Quando pinto o rosto de palhaço, deixo de ser Waldir e passo a ser o Pimentão”, diz o artista
**Moisés Quintão Faria** – o Circo do Moisés, o Rei do Pedal, deve a sua história ao talento e vocação de seu fundador, que desde criança, só pensava em pedalar. Ao longo de sua trajetória, passou por grandes companhias e participou de diversos programas de TV, como o Fantástico, da Globo.