Quinteto Lorenzo Fernandez (esq, divulgação) e Pedro Cantalice (foto de Maristani Fernandes)
Ao entrar em seu segundo mês de atividades no Teatro Dulcina, no Rio de Janeiro, a Mostra Bossa Criativa Arte de Toda Gente Rio de Janeiro preparou para abril uma programação musical bem variada. Ao longo de todas as quartas e quintas-feiras, às 19h, sobem ao palco artistas dedicados a gêneros tão distintos como choro, clássico, medieval, caipira e MPB instrumental, interpretados por grandes talentos: Cristovão Bastos, Daniel Miranda, Pedro Cantalice, Quinteto Lorenzo Fernandez, Orquestra Caipirando e os trios 3 por 8, Palhetas do Rio de Janeiro e Aquarius. Com ingressos gratuitos – que podem ser obtidos antecipadamente por meio da plataforma virtual Sympla, a mostra faz parte do programa Arte de Toda Gente (ATG), uma parceria entre a Fundação Nacional de Artes – Funarte com a Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, com curadoria de sua Escola de Música.
Às quartas, a programação fica a cargo do Sistema Nacional de Orquestras Sociais – Sinos, mais dedicado à música clássica. E quem abre a seleção deste mês, no dia 06/04, é o Quinteto Lorenzo Fernandez (na foto ao lado), composto por instrumentos de sopro e que, em seu repertório, interpretará peças de Claude Arrieu, Oscar Lorenzo Fernandez, Edino Krieger e Liduino Pitombeira.
Já às quintas, a seleção é do Bossa Criativa, que dá mais destaque à música popular. Quem sobe ao palco no dia 07/04 é Pedro Cantalice (abaixo, em foto de Fernando Souza), com sua “Homenagem ao Mestre Siqueira”, renomado “chorão” e autor demais de 450 composições. Mestre Siqueira (1937) é uma figura lendária do ambiente do Choro e se se destaca por imprimir personalidade a sua forma de compor e tocar o cavaquinho. Tem em sua trajetória passagens incríveis ao lado de personalidades da música como Pixinguinha, Cartola, Jamelão e Chico Buarque, entre outros. Ainda assim, seu reconhecimento como artista/autor se deu apenas aos 75 anos de idade, quando teve seu primeiro CD de músicas autorais gravado, em uma iniciativa liderada pelos músicos e seus admiradores Pedro Cantalice e Wellington Monteiro.
Em formatos virtual e presencial, a Mostra Arte de Toda Gente já realizou edições na Chapada dos Veadeiros (GO), Belo Horizonte, São Cristóvão (SE) e Ouro Preto (MG), com participação de artistas, artesãos, profissionais da gastronomia e outras áreas que fazem parte da cultura e tradição dessas regiões. A iniciativa é voltada para a divulgação de cidades onde estão localizados pontos do patrimônio mundial, histórico, cultural e natural. Gravadas ao vivo, parte das atrações é posteriormente disponibilizada no canal Arte de Toda Gente, no Youtube. No Rio, a Mostra ATG começou em março e, desde então, vem ocupando parte da programação do tradicional Teatro Dulcina, no Centro da Cidade.
Confira aqui a programação de abril (sempre às 19h):
06/04 Sinos – Quinteto Lorenzo Fernandez
07/04 Bossa Criativa – Pedro Cantalice
13/04 Sinos – Trio de Palhetas do Rio de Janeiro
14/04 Bossa Criativa – Orquestra Caipirando
20/04 Sinos – Trio 3 por 8
21/04 Bossa Criativa – Daniel Miranda – Brasil em 17 cordas
27/04 Sinos – Trio Aquarius
28/04 Bossa Criativa – Cristovão Bastos e Rogério Caetano
Os artistas:
Quinteto Lorenzo Fernandez – Fruto do encontro entre talentosos músicos, atuantes no cenário da música de concerto da cidade do Rio de Janeiro, o grupo que nasceu como resultado do trabalho desenvolvido no Quinteto Experimental de Sopros da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sob orientação do Prof. Aloysio Fagerlande, nos anos de 2009 e 2010, é o retrato da nova geração da música de concerto brasileira.
Pedro Cantalice – teve seu primeiro contato com a música na infância em rodas de capoeira. Na adolescência iniciou seu estudo no Cavaquinho e mais tarde conheceu o bandolim e o Choro. Como solista de bandolim e cavaquinho, tocou em vários grupos e atua como freelancer. É coprodutor e idealizador do CD ” Siqueira Entre Nós”, trabalho que apresenta para o grande público obras de um mestre do cavaquinho, até então desconhecidas. Em 2014 excursionou para Lisboa e Porto em Portugal para divulgar a obra de Mestre Siqueira com a palestra intitulada “Siqueira e o Cavaquinho Brasileiro”.
Trio de Palhetas do Rio de Janeiro – Vencedor do primeiro prêmio do concurso de música de câmara do 55º Festival Villa Lobos (2017), o Trio de Palhetas do Rio de Janeiro surgiu em 2017 com a missão de divulgar o repertório tradicional, fomentar a criação de novas obras e, principalmente, difundir a música de câmara brasileira para Oboé, Clarineta e Fagote.
O Trio é composto pelos instrumentistas Rodrigo Herculano (oboé), Igor Carvalho (clarineta) e Carlos Bertão (fagote).
Orquestra de Viola Caipirando – surgiu em 2010 com pequeno grupo de componentes, cujo objetivo era o aprendizado e o conhecimento da viola caipira de 10 cordas, celebrando e divulgando a cultura caipira através de músicas do cancioneiro nacional, e MPB com adaptação para viola e composições próprias, em arranjos criados pelo professor e maestro Henrique Bonna. Atualmente, o grupo dispõe de cerca de 30 músicos, podendo, portanto, ser considerada uma grande orquestra, com a inclusão de outros instrumentos, como violão, cavaquinho, rabeca, violino, flauta e percussão.
Trio 3 por 8 – Inspirados por períodos da História em que os instrumentos musicais eram engenhosamente desenvolvidos a partir de materiais que hoje causariam surpresa como cordas de tripa de carneiro, plectros de pena de corvo, flautas de chifre e molas de pelo de javali, os multi-instrumentistas Eduardo Antonello, Pedro Hasselmann e Roger Lagr decidiram se unir com objetivo comum de compartilhar este rico e exótico universo musical, instigando a curiosidade do público por repertórios e timbres igualmente variados. O trio visa contemplar uma significativa variedade de gêneros musicais a começar pelas chansons medievais, danças renascentistas, sonatas barrocas, músicas de tradição oral, chegando-se a composições inspiradas em exemplos do passado, de autoria dos próprios músicos.
Daniel Miranda – Geógrafo-Violeiro, sempre fez da diversidade músico regional brasileira o cenário para concertos didáticos em diversos países. Na Europa, onde viveu por 11 anos, foi concertista do programa de incentivo e subsídio à difusão artístico-cultural do Estado Belga (Art et Vie). Em sua discografia, destacam-se o disco com trio de câmara Rio Trio, junto ao bandolinista Paulo Sá e o violoncelista Henrique Drach, e seu primeiro disco solo, intitulado Bienvenue, produzido pela gravadora Belga Igloo. O artista é mestre em Música pela UFRJ e Bacharel em Geografia pela mesma universidade.
Trio Aquarius – Com um repertório que inclui clássicos do século XVIII até compositores contemporâneos, o Trio Aquarius tem como um de seus principais objetivos a divulgação da música brasileira de todas as épocas. Para tanto, já gravou dois CDs, com obras de Nestor de Hollanda Cavalcanti, Villani-Côrtes, Henrique Oswald, Guerra-Peixe e Francisco Braga. O grupo é composto por Flávio Augusto, Ricardo Amado e Ricardo Santoro.
Cristóvão Bastos – Pianista, compositor e arranjador, dos mais importantes do Brasil, é parceiro de grandes nomes como Chico Buarque, Paulo César Pinheiro, Aldir Blanc, Paulinho da Viola e Elton Medeiros. Como arranjador trabalhou em discos e shows de importantes intérpretes e compositores como Nana Caymmi, Edu Lobo, Gal Costa, além dos nomes anteriores. Nos quase 40 anos de carreira, Cristóvão recebeu diversos prêmios, entre eles oito Sharp. Em 1996 lançou “Avenida Brasil”, seu primeiro disco solo. Dá aulas de piano na Escola Portátil.
Rogério Caetano – natural de Goiânia, é músico, violonista, arranjador, produtor musical e compositor brasileiro. Bacharel em Composição pela Universidade de Brasília e cursa mestrado no PROMUS-UFRJ. É um músico premiado no violão de 7 cordas, que com uma linguagem revolucionária, representa uma nova escola desse instrumento.