Nos dias 20, 21 e 22 de dezembro, a programação de reinauguração do Teatro Glauce Rocha, no Centro do Rio teve como destaques apresentações da Mostra Arte de Toda Gente Bossa Criativa + Um Novo Olhar. No cardápio, performances da Companhia Folclórica do Rio-UFRJ – que aconteceram do lado externo do Teatro, sempre às 12h30 –, apresentações musicais com Soraya Ravenle (cantora) e Maria Clara Valle (violoncelista) e os irmãos Saulo e Giuseppe Laucas (um cantor, outro pianista) e ainda as peças teatrais “Eu vi tudo acontecer” e “Manual de sobrevivência do preto”. A Mostra é parte do programa Arte de Toda Gente, parceria da Fundação Nacional de Artes – Funarte com a Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, com curadoria de sua Escola de Música. Os ingressos para as atrações no interior da sala foram gratuitos e puderam ser obtidos antecipadamente na plataforma www.sympla.com.br ou retirados diretamente na bilheteria do teatro.
A programação:
20 de dezembro (terça)
12h30 – 35 Anos da Companhia Folclórica do Rio-UFRJ (com a Companhia Folclórica do Rio-UFRJ)*
19h – Espetáculo O Verbo é Ir! (com Soraya Ravenle e Maria Clara Valle)
21 de dezembro (quarta)
12h30 – 35 Anos da Companhia Folclórica do Rio-UFRJ (com a Companhia Folclórica do Rio-UFRJ)*
19h – Recital A Era do Rádio (com Saulo Laucas e Giuseppe Laucas)
22 de dezembro (quinta)
12h30 – 35 Anos da Companhia Folclórica do Rio-UFRJ (com a Companhia Folclórica do Rio-UFRJ)*
18h – Espetáculos Eu vi tudo acontecer (de Reinaldo Machado) e Manual de sobrevivência do preto (de Alberta Juliana e Mayara Liriano)
(*) A programação de 12h30 será realizada em área externa, na entrada do teatro (sem necessidade de retirada de ingressos). A programação das 19h será realizada no palco (retirada de ingressos pelo Sympla).
A Companhia Folclórica do Rio-UFRJ
Nesse momento de esperança e reconstrução, a Companhia Folclórica do Rio-UFRJ se alegra em fazer parte da retomada da cultura brasileira e do Teatro Glauce Rocha. No meio da rua, bem no Centro da Cidade, nosso encontro traz ao povo o que é seu. Brincadeira do Boi e outros bonecos, Mineiro Pau, Cirandas do Rio, Coco e o Baião nordestinos e o Samba abrem as rodas para o mundo girar nossa diversidade. Vem brasileirar com a gente as culturas populares brasileiras!
O Verbo é ir!
Com Soraya Ravenle (voz) e Maria Clara Valle (violoncelo)
Soraya Ravenle conta que “O verbo é ir” é uma obra criada a partir da carta escrita pelo jornalista Geneton Moraes Neto em 1981 para sua namorada e futura esposa Beth Passi, no momento da despedida dos dois jovens estudantes em Paris quando Beth decide voltar para o Brasil. “Muito além de uma carta de amor, as palavras de Geneton me atravessaram como flechas no coração”, diz a artista. “Uma dessas flechas me provocou a compor: ‘Tudo o que é grande e forte é nômade. É preciso emigrar diariamente. Não é uma questão de geografia, é uma questão de alegria.’ diz. “Percebo a carta como uma profunda ode ao movimento e a transformação permanente que é viver. Maria e eu deixamos então o nosso encontro falar. Um encontro/ conversa de duas mulheres da música, das artes da cena, que traz à tona nossos rastros, silêncios, cumplicidade e memórias. Na caminhada cruzamos nosso verbo ao da Laura, Lili, Thaís, Aninha, Lucas, para com essa mandala ir, ir, ir…”.
O recital A Era do Rádio
Este recital contempla a música popular brasileira do século XX (1930-1960), período em que o rádio, como veículo de comunicação de massa, conquistou o público, permitindo acesso universal aos cidadãos de todas as regiões e classes sociais. Trata-se da democratização da cultura nacional em sua diversidade de canções, antes conduzidas pelas estradas, recordando os trovadores medievais, e agora, na forma de composições escritas e cantadas, penetra nos lares mais humildes pelas ondas Hertz, de Norte a Sul do Brasil. Os cantores da Era do Rádio expressavam, dentre tantas, desde a dor do amor não correspondido e o júbilo de sonhar com a mulher amada, até o amor pela pátria no retrato de um imenso país. O rádio tornou iguais os desiguais, nas vozes de Nelson Gonçalves, Vicente Celestino, Dalva de Oliveira, Evaldo Gouveia, Catulo da Paixão Cearense, Chiquinha Gonzaga entre outros.
Tenor – Saulo Laucas; Piano – Giuseppe Laucas
Sobre os espetáculos teatrais
“Eu vi tudo acontecer”, de Reinaldo Machado, direção: Raphael Castro – classificação indicativa: 14 anos
Sinopse: O espetáculo apresenta a história de Lucas, um jovem artista preto morto em uma abordagem policial truculenta a poucos metros de sua casa. “Eu vi tudo acontecer” expõe como o racismo lança o corpo negro em um looping absurdo de violência.
“Manual de sobrevivência do preto”, de Alberta Juliana e Mayara Liriano, direção: Alberta Juliana – classificação indicativa: 10 anos
Sinopse: Cinco corpos pretos dançantes convidam o público a refletir sobre a negritude e mergulhar numa vivência que provoca a criação de uma linha de pensamento afrocentrada, para além da perspectiva de escravização, buscando novas visões de futuro.
A Mostra ATG
A Mostra Arte de Toda Gente realiza edições presenciais e online – estas, com vídeos que podem ser acessados no site do projeto Bossa Criativa https://www.bossacriativa.art.br/ e no canal Arte de Toda Gente no Youtube https://www.youtube.com/c/ArteDeTodaGente. A iniciativa é voltada para a divulgação da produção cultural de cidades onde estão localizados pontos do patrimônio mundial, histórico, cultural e natural do Brasil. Para o Teatro Dulcina, a programação alterna atrações indicadas pelo Bossa Criativa com outras, vindas do Sistema Nacional de Orquestras Sociais – Sinos. Agora, a programação se estende, também, ao Teatro Glauce Rocha.
O Teatro Glauce Rocha
Com projeto de projeto de Paulo Alberto Viana Rodrigues, a sala foi inaugurada em 1960, como Teatro Nacional de Comédia, sendo rebatizado em homenagem a atriz Glauce Rocha (1930-1971) em 1978 e, desde os anos 1990, está sob a administração da Funarte. O teatro foi interditado em 2018, a partir de laudo de engenharia que apontava questões de conservação. A reforma realizada no espaço incluiu a modernização das instalações elétricas e das traves de sustentação do teto do palco. Também foram feitos serviços de manutenção, tais como impermeabilização, manutenção de isolamento acústico e da cabine de controle, além da instalação de novos equipamentos de sonorização e iluminação.
A programação de reinauguração do Glauce Rocha começou em 16 de dezembro com o espetáculo Bonecos de Pau, do grupo gaúcho, e prossegue com a Mostra Arte de Toda Gente Bossa Criativa Rio de Janeiro + Um Novo Olhar.
Fotos de Nadejda da Costa e Roosevelt Mota, divulgação