História do Brasil cantada no palco

A ópera *O Engenheiro*, de Tim Rescala, que estreou no dia 17 de outubro no Theatro São Pedro, em Porto Alegre, tem em seu enredo aspectos da história do Brasil quase despercebidos nos livros de História. Em breve, o espetáculo será montado novamente, na Escola de Música da UFRJ, no Rio, com um elenco formado por alunos de canto da universidade. Nesta entrevista, o diretor cênico, José Henrique Moreira (na foto abaixo), nos fala de aspectos originais dessa a obra.

![Jose-Henrique-edited.jpeg](https://admin.sinos.art.br/uploads/Jose_Henrique_edited_1aea94bd64.jpeg)
**Como foi fazer a direção cênica de uma ópera de época baseada em fatos históricos? Há diferenças em relação a outras obras teatrais?**

A diferença, neste caso, foi o paralelo possível entre a trama da obra e a situação atual do Brasil. É uma obra sobre a eterna substituição, no comando do país, de uma oligarquia por outra, e de como isso gera esperanças vazias no povo. Há também um resgate da figura histórica do engenheiro e idealista André Rebouças, bastante negligenciada no estudo tradicional da História do Brasil. Do ponto de vista artístico, não faz diferença que uma obra seja ou não baseada em fato histórico, porque ela é, de qualquer modo, uma ficção, sem compromisso de veracidade na sequência de fatos.

**Como foi conciliar os procedimentos de segurança impostos pela pandemia com os ensaios para o espetáculo?**

Toda a equipe estava com a vacinação completa e os prazos de imunização fechados. Foram tomados os cuidados normais, com disponibilização de álcool e uso de máscaras até onde era possível. Nas récitas, foram obedecidas as regras determinadas pela Prefeitura de Porto Alegre para acesso de público e o teatro teve apenas metade de sua lotação ocupada.

**O que você destacaria no espetáculo?**

Um destaque dessa ópera é a maioria de papéis ser para cantores negros (5 dos 9 em cena). Estão representados personagens negros de diferentes níveis sociais, como escravos libertos que trabalham como vendedores ambulantes ou o próprio André Rebouças, um conselheiro influente do Palácio Imperial.

**Que é o diretor cênico**

**José Henrique Moreira** é Professor de Direção Teatral e Iluminação Cênica na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Coordenador do Sistema Universitário de Apoio Teatral – SUAT/UFRJ.

Diretor Teatral. Bacharel em Artes Cênicas – Habilitação em Direção Teatral pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio – 1990), Mestre em Teatro pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Uni-Rio1999) e Doutorando em Planejamento Ambiental no PPE/COPPE (ingresso em 2016). Professor de Direção Teatral e Iluminação Cênica na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Coordenador do Sistema Universitário de Apoio Teatral – SUAT/UFRJ.

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*Foto de abertura: Leandro Rodrigues – Divulgação*