Há muito a se contar e cantar

*O Engenheiro*, ópera de Tim Rescala, estreou no Theatro São Pedro, em Porto Alegre no dia 17 de outubro último. Composta por Tim Rescala por encomenda para o Sistema Nacional de Orquestras Sociais, ela é a primeira produção da de uma das vertentes do projeto, a Academia de Ópera Sinos. O enredo se passa no dia da proclamação da república (15/11/1889) e tem como protagonista o engenheiro abolicionista e defensor da monarquia André Rebouças (1838-1898). Na entrevista a seguir, Rescala nos fala sobre a importância da renovação de público para a ópera brasileira e, também, de como esse gênero artístico se presta para retratar a nossa história. O Sinos é uma parceria da Funarte com a UFRJ.

Leia mais sobre o espetáculo *O Engenheiro* [nesta outra notícia em nosso site](https://sinos.art.br/noticias/73/”O-Engenheiro”-opera-de-Tim-Rescala-estreia-em-Porto-Alegre )

Você também pode conferir a apresentação da ópera, gravada em vídeo [no canal do Theatro São Pedro no Youtube](https://youtu.be/x-E2NkAzlmE )

![©Leandro Rodrigues-2038 (1).jpg](https://admin.sinos.art.br/uploads/Leandro_Rodrigues_2038_1_20b6dfeda6.jpg)
*Marcelo Jardim (coordenador do Arte de Toda Gente), David Marcondes (tenor), André Cardoso (coordenador do Sinos) e Tim Rescala, na estreia da ópera, em Porto Alegre – Foto Leandro Rodrigues/divulgação*

__Vamos à entrevista__:

**Como está o panorama da ópera no Brasil hoje?**
Sabemos que no Brasil, infelizmente, não temos mais o número de produções de óperas que tínhamos antigamente. Por isso o público pouco se renova e, sobretudo, o que sobe ao palco é o repertório previsível de sempre, justamente para atender a este público conservador, o mesmo de décadas atrás. Assim também acontece com o balé.
O compositor brasileiro, então, este é o último a ser lembrado, justamente na terra de Carlos Gomes, um dos maiores nomes do gênero. Porém, aquilo que parece ser uma das consequências dessa ínfima produção operística, talvez possa vir a ser um trunfo.

**Você, então, vê uma oportunidade nesse cenário?**
Sim. Quem sabe não estaria aí, na possibilidade de ver a vida e a história brasileiras no palco, a maneira ideal de conquistar um novo público, renovando o interesse pelo gênero?

**Como foi criar *O engenheiro*?**
Foi com muita alegria que recebi o convite do projeto Sinos para compor umas das quatro óperas encomendadas a compositores brasileiros. Essa ação em conjunto da Funarte e da UFRJ, feita por quem entende do assunto, foi certeira, objetiva, de alcance profundo e longevo, além de pouco custosa.
Nesta ópera, contamos a história de um grande brasileiro, pouco lembrado, que esteve no centro da vida do país, atuando ativa e apaixonadamente, para o progresso da nação. Sua história nos mostra como muito pouco mudou no Brasil desde que a abolição da escravatura finalmente aconteceu. Há muito ainda a se fazer. E há também um sem número de histórias brasileiras que podemos e devemos contar.

**E como foi a produção?**
O empenho e o talento de todos os artistas envolvidos na produção, desde o maestro Evandro Matté, passando pelos excelentes solistas, até o mais humilde funcionário do Theatro São Pedro, todos deram o melhor de si. E acho que esse envolvimento se deve também por todos se identificarem, de alguma forma, com o que foi levado ao palco.
Agradeço ao projeto Sinos por ter me presenteado com este convite e espero que este projeto se torne referência e possa receber a colaboração de muitos outros colegas. E que esse tipo de ação cultural seja corrente em nosso país.

![©Leandro Rodrigues-1862.jpg](https://admin.sinos.art.br/uploads/Leandro_Rodrigues_1862_55b8ef70c7.jpg)
Cena de *O Engenheiro* – foto de Leandro Rodrigues/divulgação

Imagem de abertura: Tim Rescala na estreia de *O Engenheiro” – foto de Leandro Rodrigues/divulgação