A Fundação Nacional de Artes – Funarte disponibilizou, em fevereiro, documentários do Projeto Pixinguinha em seu canal no YouTube. A homenagem é realizada no mês em que se completam 49 anos da morte de Pixinguinha (1897-1973). Publicados com recursos de acessibilidade (Libras, Closed Caption e audiodescrição), os vídeos documentam a trajetória do programa institucional que celebrou a memória do músico e que circulou pelo Brasil em diferentes fases, entre 1977 e 2017.
Pixinguinha faria 125 anos em 4 de maio deste ano (2022) e nos deixou no dia 17 de fevereiro de 1973, em pleno Carnaval, aos 75 anos. Na playlist que será lançada, o público também poderá conferir, gratuitamente, um vídeo em celebração aos 120 anos de Pixinguinha, divulgado em 2017, com depoimentos dos letristas Hermínio Bello de Carvalho e Paulo César Pinheiro, do fotógrafo Walter Firmo e do arranjador Paulo Aragão.
Memória
A publicação dos vídeos do Projeto Pixinguinha é uma das ações da Funarte de divulgação dos materiais do Brasil Memória das Artes (BMA) no YouTube. O Brasil Memória das Artes foi um projeto de digitalização do acervo para acesso on-line, realizado desde o início dos anos 2000, com itens variados da vasta coleção da Funarte — como fotografias, arquivos sonoros, textos e documentos, que fazem parte da memória das artes cênicas, das artes plásticas e da música do Brasil.
Sobre o Projeto Pixinguinha
Em 1977, o produtor, animador cultural, poeta e pesquisador musical Hermínio Bello de Carvalho idealizou o Projeto Pixinguinha, iniciativa promovida pela Funarte que se tornou um importante capítulo da trajetória da música popular brasileira. Pixinguinha havia falecido aos 75 anos, no carnaval de 1973.
O projeto Pixinguinha previa a circulação de intérpretes, músicos e toda a equipe técnica pelo país. A ação funcionou regularmente entre 1977 e 1989 e teve dois períodos de suspensão, entre 1990 e 1992 e entre 1997 e 2002. Em 2003, foram iniciadas ações para sua retomada, que foi então concretizada entre 2004 e 2007. As duas últimas versões do projeto foram realizadas em 2009 e em 2017. Muitos nomes de peso passaram pelo projeto, tais como Cartola, Alceu Valença, Ademilde Fonseca, Edu Lobo e Clementina de Jesus.
Um dos vídeos disponibilizados no YouTube com recursos de acessibilidade é O Projeto Pixinguinha em primeira audição, no qual gravações raras de 1977 funcionam como ponto de partida para uma conversa entre especialistas. Já o vídeo Projeto Pixinguinha: segunda parte da audição comentada relembra, também com a participação de especialistas, as atuações de Jards Macalé, Carmem Costa, Lúcio Alves e Cartola.
Outros vídeos abordam as origens e bases do projeto, com participação da cantora Dóris Monteiro e do dramaturgo João das Neves, e também documentam a retomada entre 2004 e 2007, incluindo o material do DVD lançado sobre a temporada de 2005, com documentário e clipes musicais. Nesses vídeos, é possível assistir a depoimentos de artistas como o da cantora Mônica Salmaso, em que fala sobre a importância do projeto para chegar a pessoas de todo o Brasil; do músico Lui Coimbra, que destaca as redes formadas a partir da passagem por diferentes cidades; e de outros, como Mart’nália e Celso Fonseca.
“Sem o Projeto Pixinguinha, é quase impossível você fazer uma turnê como essa, com toda essa estrutura, com essa infraestrutura que a gente tem de palco, de tudo, para mostrar nosso trabalho”, declarou Lula Barbosa em trecho de um dos documentários.
Aniversário de Pixinguinha
Até 2016, o dia 23 de abril era considerado o dia de aniversário de Pixinguinha. Mas o pesquisador e músico Alexandre Dias realizou um levantamento no cartório onde o artista foi registrado e verificou que a data correta do nascimento é 4 de maio de 1897.
O compositor, maestro, arranjador e instrumentista Alfredo da Rocha Vianna Filho, mais conhecido como Pixinguinha, nasceu na cidade do Rio de Janeiro e cresceu na região central, com os pais e 13 irmãos.
Formou o conjunto Oito Batutas, em 1919, com o irmão China e os músicos Donga, Nelson Alves, Jacob Palmieri e José Alves de Lima. No mesmo ano, eles iniciaram uma excursão por São Paulo e Minas Gerais, patrocinada por Arnaldo Guinle. Em 1921, excursionam pela Bahia e Pernambuco para realizar shows e pesquisar gêneros musicais brasileiros.
“Logo que nasceu, em 23 de abril de 1897, recebeu da avó africana o apelido de Pizindin, que significa menino bom. Depois, por ter tido varíola – doença popularmente conhecida como bexiga –, passou a ser chamado de Bexiguinha. Da junção desses dois apelidos, surgiu o nome artístico que o consagraria para sempre”, informa o produtor Paulo César Soares em programa especial de rádio da série Estúdio F, da Funarte.