Efemérides sonoras no Teatro Dulcina

Quarta-feira, 28 de setembro, a Mostra Bossa Criativa Arte de Toda Gente Rio de Janeiro apresentou o duo formado pelo pianista Marco Rapetti e pelo contrabaixista Fausto Borém. Os dois subiram ao palco do Teatro Dulcina, no Centro do Rio, para interpretar um repertório que homenageou dois grandes compositores que, este ano, completam “datas redondas” de nascimento: Henrique Oswald (170 anos) e Alexander Scriabin (150). Com ingressos, gratuitos, que puderam ser obtidos antecipadamente na plataforma www.sympla.com.br ou retirados diretamente na bilheteria do teatro, a mostra faz parte do programa Arte de Toda Gente, parceria da Fundação Nacional de Artes – Funarte com a Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ.

O programa

Foto Henrique Koifman

PARTE 1 – Henrique Oswald (1852-1931)

Il Neige [Neva!], para piano solo (1902; Prêmio Le Figaro)

Elegia, para contrabaixo e piano (1897; transcrição de F. Borém)

Sonata op.21, para contrabaixo e piano (1898-1901; transcrição de F. Borém)

I: Allegro agitato, II: Romanza, adagio, III: Molto allegro

Foto Henrique KoifmanPARTE 2 – Alexander Scriabin (1872-1915)

Vers la Flamme, poème op. 72 [Dentro das Chamas], para piano (1914)

Romance, para contrabaixo e piano (1890; Transcrição de F. Borém)

Sonata em Mi Bemol Menor, para piano (1889-1892; obra póstuma)

Restauração e Edição de Marco Rapetti (Primeira audição no Rio de Janeiro)

I: Allegro appassionato, II: Andante, III: Presto

Os músicos

Marco Rapetti estudou nos Conservatórios de Florença, Gênova (onde recebeu o “Prêmio Cidade de Gênova” em 1997), Siena e na Universidade de Cremona. É Mestre em Piano pela Juilliard School com bolsa da Fulbright. Seus prêmios incluem o W. Kapell Competition (Washington) e o RAI Chamber Music Competition (Itália), tendo se apresentado em vários países da Europa, América no Norte, Japão e Austrália como recitalista, camerista e à frente de orquestras regidas por Roberto Tolomelli, Joel Sachs, Bruno Ferrandis, Stephen Radcliffe, Simone Bernardini, Michael Hofstetter, Florian Ziemen, entre outros.

Em 1990, em Nova York, apresentou o “Concerto para Dois Pianos” de Stravinsky com Jennifer Hayghe na presença de John Cage. Estreou as edições modernas das “36 Fugas” de Reicha (1805) e do “Concerto para Piano” de Hermann Levi (1860). Em 1991, participou da série de concertos do Lincoln Center para o bicentenário de Mozart. Ministra recitais-palestra com temas interdisciplinares como música e psicologia, música de concerto e jazz, música e vídeo, música e poesia.

Gravou para os selos Fonit-Cetra, Dynamic, Stradivarius, Frame, Phoenix Classics, Brilliant e Naxos. Gravou peças inéditas de Borodin, Liadov e Dukas, que redescobriu na Biblioteca Nacional de São Petersburgo e na Biblioteca do Congresso em Washington. Pela Naxos, lançará em breve a primeira gravação das obras completas de Busoni para dois pianos, juntamente com os pianistas Aldo Ciccolini e Aldo Orvieto. Com este último, interpretou a Sétima Sinfonia de Mahler (transcrição de Alfredo Casella). Com o pianista Massimiliano Damerin, tocou a versão para dois pianos da “Terceira Sinfonia” de Scriabin e as obras completas de Debussy (Brilliant Classics).

Foi professor visitante na Universidade do Havaí, no Haydn Konservatorium em Eisenstadt (Viena), no Conservatório de Sydney e nos Conservatórios de Las Palmas e Sevilha. Tem sido professor do Festival Chopin (Paris) e do “Festival de Raridades do Piano” (Alemanha). Atualmente é professor em tempo integral no Conservatório de Florença e faz o Doutorado na Universidade de Florença sobre o compositor brasileiro Henrique Oswald.

Fausto Borém é Professor Titular da UFMG (​​onde criou ​a Pós-Graduação stricto sensu em Música e o periódico Per Musi) e pesquisador do CNPq desde 1994. Como solista no contrabaixo, tem representado o Brasil nos principais eventos internacionais do contrabaixo acústico (Berlim, Paris, Londres, Edimburgo, Avignon e as principais universidades de música nos EUA), nos quais apresenta música brasileira, incluindo suas composições, arranjos e transcrições.

Em 2021, recebeu o prêmio “Gary Karr 80-to-90 Project” pela ISB (International Society of Bassists) por seu recital como solista, compositor e arranjador na Convenção Mundial de Contrabaixistas. Em 2019, em coautoria com o neurocientista Guilherme Menezes Lage, recebeu o Grand Prize – Professional Category da ISB Research Competition (artigo disponível em http://www.ojbr.com/volume-10-number-1.asp).

Foi o Primero Contrabaixista do Teatro Municipal de SP e da Orquestra Sinfônica de MG. Gravou 5 CDs com a Orquestra Barroca do Festival Internacional de Juiz de Fora (2005 a 2009; incluindo o Prêmio “Diapason D’or do Brasil”, que inclui a “Sinfonia a Grand Orchestra” de S. Neukomm. Como contrabaixista acompanhante, tocou com músicos eruditos como Yo-Yo Ma, Midori, , Yoel Levi, Fábio Mechetti e Arnaldo Cohen e com músicos populares como Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti, Henry Mancini, Bill Mays, Kristin Korb, Grupo UAKTI, Toninho Horta, Juarez Moreira, Tavinho Moura, Roberto Corrêa e Skank.

Restaurou as lições do método de contrabaixo (com o Prof. André Cardoso da UFRJ) e as três modinhas imperiais do genial afro-brasileiro Lino José Nunes (1789-1847), sobre quem escreveu vários artigos seminais. Publicou vários artigos sobre figuras da música popular brasileira como Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti, Elis Regina, Pixinguinha, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Raphael Rabelo, K-Ximbinho, Vitor Assis Brasil e Grupo Uakti. Recebeu prêmios no Brasil e no exterior como solista no contrabaixo, compositor, pedagogo e analista musical.

Fotos e vídeo de Henrique Koifman