Donga, pioneiro do samba e do choro

Você conhece Donga? No módulo Personagens do Choro, da Oficina Casa do Choro, o Bossa Criativa o cavaquinista Jayme Vignoli nos fala sobre Ernesto dos Santos, o dono do apelido (foto ao lado). Ao lado de seus companheiros inseparáveis, Pixinguinha e João da Baiana, ele formou uma das mais notáveis “santíssimas trindades” da música brasileira (foto abaixo). Cavaquinista e violonista muito atuante, Donga foi um compositor inspirado, com uma obra que vai muito além do icônico Pelo Telefone, o primeiro samba gravado.

Donga, Pixinguinha e João da Baiana

O personagem

Donga cresceu entre os bairros da Cidade Nova e da Saúde onde, desde menino, frequentou as reuniões de grupos de baianos que começaram a formar os primeiros ranchos carnavalescos. Seu pai era pedreiro e tocava bombardino nas horas vagas, e sua mãe era a famosa Tia Amélia, baiana que dava festas de samba e candomblé em sua casa. Aprendeu a tocar cavaquinho aos 14 anos, ouvindo as músicas de Mário Álvares (1861–1905), cavaquinista que considerava um dos maiores compositores e solistas brasileiros, segundo depoimento que deu ao Museu da Imagem e do Som em 1969. Em 1907, Donga começou a estudar violão com Quincas Laranjeiras (1873–1935).

Com Mauro de Almeida, compôs, em 1916, o famoso Pelo Telefone, primeiro samba a ser gravado, criado em uma das reuniões de samba na casa da baiana Tia Ciata, com a presença de João da Baiana, Pixinguinha, Caninha, Sinhô e Buci Moreira, entre outros. Fundador do conjunto Oito Batutas, criado com Pixinguinha em 1919 para tocar na sala de espera do Cinema Palais, Donga atuou como violonista nas viagens que o grupo fez a Paris, em 1922, e no ano seguinte, a Buenos Aires, realizando apresentações e gravando uma série de discos para a gravadora Victor Argentina.

Em 1926, o artista fez mais uma turnê à Europa integrando o Carlito Jazz, grupo organizado pelo baterista Carlito para acompanhar a companhia francesa de revistas Bataclan. Criou, com Pixinguinha, a Orquestra Típica Pixinguinha-Donga, fazendo gravações de choros, sambas e maxixes para Parlophon, subsidiária da Odeon, em 1928. Na década de 1930, integrou, ainda com Pixinguinha, os grupos Guarda Velha e Diabos do Céu, tocando cavaquinho, banjo e violão.

Compositor de choros, sambas, batucadas, emboladas, marchas, canções, entre outros gêneros, teve boa parte de sua produção gravada por grandes cantores como Carmen Miranda, Francisco Alves, Mário Reis, Sílvio Caldas, Augusto Calheiros, Aurora Miranda e Almirante. Gravou um LP só com composições de sua autoria pela gravadora Marcus Pereira, mas faleceu poucos meses antes de seu lançamento, em 1974.
(Fonte: Enciclopédia Ilustrada do Choro no Séc. XIX Mais detalhes em https://acervo.casadochoro.com.br/cards/view/417)

Jayme VignoliO professor
Jayme Vignoli (foto à direita) é cavaquinista, arranjador, compositor, é bacharel em Composição pela Unirio. É integrante do conjunto Água de Moringa, com o qual gravou três CDs (o segundo ganhou o Prêmio Sharp de melhor conjunto em 1994). Já se apresentou e gravou com diversos artistas de renome, dentre os quais Paulinho da Viola, Raphael Rabello entre outros. Na Escola Portátil, dá aulas de cavaquinho e foi um dos professores responsáveis pela Camerata Portátil.

Você assiste a todas as vídeoaulas e apresentações da série Casa do Choro aqui no site do Bossa Criativa e, também, no canal Arte de Toda Gente, no Youtube.