André Vidal ministrou, junto com Isabela Sekeff, aulas de capacitação no Painel Funarte-UFRJ realizado em Natal entre 7 e 10 de setembro, voltado para a capacitação em direção de coros adultos. Nesta entrevista, ele nos fala de sua trajetória e revela como transita entre diferentes gêneros musicais.
Como começou sua trajetória na música?
Comecei a estudar música na infância, no colégio. Eu estudava em uma instituição religiosa onde ainda existia ensino de música na década de 1970. Depois cantei em coro, tive banda de rock, voltei a cantar em coro e comecei a estudar canto lírico.
Você já atuou inúmeras vezes como solista em óperas e com orquestras, nacionais e internacionais. E, ao mesmo tempo, ministra oficinas de canções brasileiras e canta versões lúdicas. Qual gênero prefere? Você acha que um “lado complementa o outro”?
Eu não tenho uma preferência específica por nenhum dos gêneros. Cada trabalho no seu momento me dá a mesma satisfação que o outro. O que acontece é que alguns projetos são meus, pessoais, e naturalmente me trazem uma satisfação a mais, que é ver a minha ideia se concretizar. Outras vezes estou participando de um trabalho onde faço parte de uma equipe e ajudo a realizar a visão de outra pessoa (maestro, diretor…). Esse tipo de trabalho é diferente, porque a minha contribuição é mais limitada. Eu diria que sempre prefiro o trabalho de música de câmara, porque posso participar mais ativamente da concepção musical do projeto, e isso é uma coisa que me atrai muito.
Você foi diretor musical e arranjador do grupo vocal Macho Pero No Mucho. Durante o isolamento, decorrente da pandemia, o grupo se reuniu virtualmente após 16 anos de separação e produziu um vídeo com uma versão lúdica da música “Você” de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli, que nomearam de “Você na Quarentena”*. Como surgiu a ideia Como foi essa “reaproximação virtual” durante a pandemia? O grupo voltou a fazer planos?
Desde que o MPNM terminou, nós não tínhamos nenhuma perspectiva de retornar, mas como nós somos muito amigos, sempre existiu uma vontade de nos encontramos de alguma forma para cantar juntos de novo. Durante o momento mais difícil da pandemia, aproveitamos a onda dos coros virtuais para fazer nossa brincadeira. O humor sempre foi um elemento muito presente no trabalho do grupo, então nós quisemos fazer algo que pudesse trazer um momento de leveza para amenizar aqueles tempos tão difíceis que todos estavam vivendo.
Quais são suas influências? O que gosta de escutar?
Eu escuto muita MPB tradicional, muito rock, música erudita, especialmente barroco e do século 20. Escuto pop, samba tradicional. Procuro ouvir de tudo, pelo menos para conhecer. Mas minha preferência é pela música brasileira produzida até os anos 1990 ou a música brasileira contemporânea, com referências fortes nessa música mais tradicional.
Fale um pouco da oficina de técnica vocal realizada em Natal.
Busquei trabalhar mostrando ferramentas e estratégias para que os participantes pudessem ter um ponto de partida para trabalhar com a técnica vocal dos seus coros, como a elaboração de séries de aquecimento vocal e exercícios para trabalhar demandas específicas. Mas entendendo que esse trabalho é um ponto de partida para que os regentes procurem buscar mais formação nessa área.
Quais dicas você daria para quem quer se aprimorar no canto, tanto para quem está em busca do seu estilo pessoal de cantar quanto aos que querem fazer parte de um coro?
Sem dúvida nenhuma, procurar um professor de canto. E estudar música, principalmente solfejo.
(*) Assista a “Você na Quarentena”, com o Grupo Vocal Macho Pero no Mucho – https://www.youtube.com/watch?v=DQW6_knlMeU.
André Vidal nasceu em Fortaleza, onde atuou como diretor musical e arranjador do Grupo Vocal Macho Pero No Mucho de 1992 a 2003. Mestre em canto pela Royal Academy of Music em Londres, tem destacada atuação como solista em ópera, oratório e repertório sinfônico junto a todas as principais orquestras do Brasil. Atuou como professor em onze edições do Curso Internacional de Verão da Escola de Música de Brasília (CIVEBRA), nos Painéis de Regência Coral da Funarte e outros eventos. Criou diferentes grupos como Coro Euterpe (Fortaleza), Boca do Mundo, PerSonare e Pentacordis (Brasília). Atualmente rege o coro masculino Signori. É um dos mais reconhecidos arranjadores e compositores de música coral do Brasil, pós-graduado em Arranjo Musical e tendo arranjos e composições encomendados e executados por grupos como Canarinhos de Petrópolis no Rio de Janeiro, o Coral da UnB em Brasília, entre outros. Em 2018 regeu o Madrigal de Brasília em um concerto inteiramente dedicado às suas composições e arranjos. Em sua carreira como camerista, sempre buscou privilegiar a música brasileira.
Panoramas Funarte – UFRJ – Próximas cidades:
De 17/09 a 20/09 será realizado o Painel Funarte-UFRJ de Regência Coral – Porto Alegre – Universidade Federal do Rio Grande do Sul em Porto Alegre (RS). Mais informações aqui no site do projeto Um Novo Olhar.
A partir do dia 16/09 (sexta) estarão abertas, aqui no site, as inscrições para a ação Um Novo Olhar – Painéis Funarte-UFRJ de Regência Coral no Rio de Janeiro (RJ).