Nos últimos dias 18 e 19 de fevereiro, o Teatro Dulcina, no Centro do Rio de Janeiro, recebeu dois concertos gratuitos que abriram uma série de iniciativas do programa Arte de Toda Gente em comemoração aos 100 anos da Semana de Arte Moderna. Produzido pelo Sistema Nacional de Orquestras Sociais – Sinos e teve como foco duas linguagens artísticas que também fizeram parte da programação original de 1922: a literatura e a música. Jovens participantes dos projetos sociais Prover, Fundec e Instituto Zeca Pagodinho estavam na plateia (foto ao lado).
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No primeiro concerto, dia 18 (acima), o tema foi “A poesia modernista na canção de câmara brasileira”. Na apresentação, o barítono Inacio de Nonno e a pianista Caroline Barcellos interpretaram peças produzidas por compositores de diferentes gerações, que traduziram em música poesias de autores como Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Ronald de Carvalho, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles e Vinícius de Moraes.
Já no dia 19, o tema foi “O Modernismo antes e depois da Semana de 22”, mostrando que a tendência já se fazia presente nas artes brasileiras antes do evento em São Paulo, e foi centrado na obra de Villa-Lobos, único compositor convidado em 1922 e que ocupou boa parte da programação. O “antes da Semana” foi representado por três números da “Prole do Bebê No.1”, uma suíte de peças para piano composta em 1918, e pelas “Três Danças Africanas”, compostas originalmente para piano entre 1914 e 1915, mas transcritas para octeto, versão que estreou em 1920, no Instituto Nacional de Música, no Rio de Janeiro e, dois anos mais tarde, seria também mostrada no Municipal de São Paulo. A interpretação foi do pianista Cristiano Vogas, que foi seguido por Sofia Ceccato (flauta) e Márcio Costa (clarineta), apresentando “Choros Nº 2”, homenagem de Villa ao escritor Mário de Andrade.
O “Depois da Semana” foi representado pelos Choros No.2, para flauta e clarineta, obra dedicada a Mário de Andrade. Nessa composição, Villa-Lobos transpõe para o universo da chamada música erudita, o ambiente sonoro dos chorões cariocas. A prática de utilização de material de origem folclórica e popular, já presente na produção de Villa-Lobos e que se tornaria uma das características do modernismo nacionalista brasileiro, tem como referência teórica o “Ensaio sobre a Música Brasileira”, que Mário de Andrade publicou em 1928. A peça foi interpretada por Sofia Ceccato (flauta), Márcio Costa (clarineta), Cristiano Vogas (piano), Tomaz Soares (violino), Luísa de Castro (violino), Clara Santos (violino e viola), Daniel Silva (violoncelo) e Rodrigo Favaro (contrabaixo), com regência de Thiago Santos (abaixo).
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A programação se completou com a “Suíte Popular”, composta em 1929 por Luciano Gallete que cita temas de obras populares de sucesso daquela época, inclusive de Ernesto Nazareth. A interpretação ficou a cargo de Carolina Chaves (flautim), Sofia Ceccato (flauta), Márcio Costa (clarineta), Pedro Bittencourt (saxofone), Ezequiel Freire (trompete), Everson Moraes (trombone), Cristiano Vogas (piano), Tomaz Soares (violino), Luísa de Castro (violino), Clara Santos (violino e viola), Daniel Silva (violoncelo) e Rodrigo Favaro (contrabaixo), com regência, novamente, de Thiago Santos.
A esta segunda noite, compareceram participantes de três projetos sociais que mantêm iniciativas musicais: Prover, Fundec e Instituto Zeca Pagodinho. Estiveram presentes, também, o presidente da Funarte, Tamoio Athayde Marcondes, o diretor executivo Marcelo Nery Costa e o diretor do Centro de Música, Bernardo Guerra Duarte, além do coordenador do programa Arte de Toda Gente, Marcelo Jardim e do coordenador do Sinos, André Cardoso.
Saiba mais sobre os eventos do Arte de Toda Gente em comemoração ao centenário da Semana de Arte Moderna de 1922 aqui: https://sinos.art.br/noticias/92/Serie-de-eventos-comemora-100-anos-da-Semana-de-Arte-Moderna
Fotos: Mariana Pietrobon e divulgação.