Nos dias 18 e 19 de junho, a série Concerto Sinos levou à Sala Cecília Meireles, no Rio, o renomado Barcelona Clariet Players (à direita na foto) para duas apresentações distintas. No sábado, às 19h, o quarteto subiu ao palco ao lado dos sopros da Orquestra Sinfônica da UFRJ (à esquerda) para interpretar um repertório focado na música brasileira e que incluiu a estreia mundial de duas peças: Chaturanga, de Alexandre Fracalanza Travassos, e Puri, de Edmundo Villani-Cortes, além de obras de José Ursicino da Silva (Duda) e de Ronaldo Miranda. Já no domingo, às 11h, o grupo espanhol – formado por Manuel Martínez Mínguez, Javier Vilaplana Gonzalez, Martí Guastevi Olives e Alejandro Castillo Veja – apresentou uma seleção de seu programa New Horizons, com composições de autores latino-americanos. Os ingressos tiveram preços populares (R$ 10 e R$ 5). Os espetáculos são uma iniciativa da parceria entre a Fundação Nacional de Artes – Funarte com a Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, com curadoria de sua Escola de Música.
Com estreia mundial no concerto de sábado, Charatuga, de Alexandre Travassos (foto) tem o nome de um ancestral jogo de xadrez indiano. “O nome significa textualmente ‘quatro partes’, em sânscrito”, revela Marcelo Jardim, regente do espetáculo. “O termo diz respeito a divisão do antigo exército do Império Gupta, em infantaria, cavalaria, elefantes e bigas. A suíte foi composta em seis partes ininterruptas, cada uma retratando uma peça do xadrez moderno e associando a ela uma forma, uma dança ou uma ideia musical”, explica.
A outra estreia foi a da obra Puri, de Edmundo Villani-Cortes (à direita), para quarteto de clarinetas e orquestra de sopros. “É uma homenagem do compositor a sua avó, que tinha entre seus ancestrais indígenas Puris, originários do Sudeste do Brasil”, diz Marcelo. “A obra faz parte do projeto New Horizons do Barcelona Clarinet Players, para a gravação de compositores latino-americanos e que conta com nomes como Arturo Marques, Victoriano Valencia e Paquito D’Rivera”, informa o maestro. Parte dessas obras foi apresentada pelo quarteto na récita de domingo.
Ele destaca que todo o repertório do concerto de sábado foi focado na música brasileira. “Tivemos também uma das raras apresentações de uma das mais importantes obras para banda sinfônica escrita no Brasil, que é a Suíte Tropical, de Ronaldo Miranda, além da Suite Guanabara, composta por José Ursicino da Silva, o Duda, e em homenagem ao Rio de Janeiro”, completa.
Os programas
Sábado, 18/06, 19h
Alexandre Fracalanza Travassos – Chaturanga (2022, estreia mundial)
I – Masquerade do Peão; II – Pavana da Dama; III – Galope do Cavalo; IV – Meditação do Bispo; V – Passacaglia da Torre; VI – Fanfarra do Rei e Xeque-mate.
Ronaldo Miranda – Suíte Tropical (1990)
I – Aurora; II – Romaria; III – Crepúsculo; IV – Cantoria
Edmundo Villani-Cortes – Djopoi (1993)
Edmundo Villani-Côrtes – Puri, para quarteto de clarinetas e banda sinfônica (estreia mundial)
José Ursicino da Silva (Duda) – Suíte Guanabara (2022)
I – 15 de Novembro (dobrado); II – Chorando no Rio (choro); III – Mida em Copacabana (valsa); IV – Um Frevo para Deborah (frevo).
Orquestra de Sopros da UFRJ
Barcelona Clarinet Players – Manuel Martínez Mínguez, Javier Vilaplana Gonzalez, Martí Guastevi Olives e Alejandro Castillo Veja
Participação especial – Edmundo Villani-Cortes
Regência – Marcelo Jardim
Domingo, 19/06. 11h
Alexander Kukelka – Czernowitzer Skizzen
Nº1; Nº2; Nº3; N°5.
Pedro Iturralde – Jazz Suite
Blues; Cool; Ballade; Waltz; Funky.
Paquito D’Rivera – Monk-Tuno
Jazz meets the classics
W. A. Mozart/Andy Firth – Swingphony Nº 40
L. Van Beethoven/Andy Firth – Beethoven’s Fifth Goes Latin
W. A. Mozart/Andy Firth – Rondo A’la Funk
El cant dels ocells (popular catalana)
Barcelona Clarinet Players – Manuel Martínez Mínguez, Javier Vilaplana Gonzalez, Martí Guastevi Olives e Alejandro Castillo Veja
Os intérpretes
A Orquestra de Sopros da UFRJ (https://www.orquestra.ufrj.br) é formada por alunos de graduação em instrumentos de sopros e de percussão da Escola de Música da UFRJ, inscritos na disciplina de Prática de Orquestra, e atua diretamente no suporte ao bacharelado em Regência de Banda, oferecido pela EM/UFRJ desde 2011. Tem por objetivos proporcionar o desenvolvimento da prática de conjunto a partir dos conceitos orquestrais, bem como difundir a literatura brasileira e internacional para a formação de banda sinfônica, orquestra de sopros e sopros orquestrais. Sua primeira estrutura organizacional se deu em novembro de 2017, e desde então mantêm ininterrupta temporada de concertos, tendo sido responsável por dezenas de primeiras audições, de obras de compositores brasileiros e internacionais. Em 2009 gravou o CD A Obra para Orquestra de Sopros de Heitor Villa-Lobos e em 2017 o CD ao vivo Dobrados para o Itamaraty .
Barcelona Clarinet Players (https://www.bcnclarinetplayers.com) – Inovação, fusão, interdisciplinaridade e pedagogia são alguns dos conceitos que melhor definem o percurso criativo do grupo. Suas performances são conhecidas pela qualidade e enérgica. Participaram de inúmeros festivais internacionais, apresentando-se em locais de destaque como L’Auditori de Barcelona, o Palau de la Música de Valencia, ADDA Alicante, Sala 400 Madrid, Murchison Performing Arts Center ou Meyerson Symphony Center, e em países como Áustria, França, Bélgica ou México. Se apresentaram também com a Lone Star Wind Orchestra, North Texas Wind Symphony, Banda Municipal de Palma, Banda Municipal de Bilbao, Banda Municipal de Barcelona, Banda Sinfónica de las Américas ou OJC Orchestra sob Eugene Corporon, Tim Reynish, José Rafael Pascual Vilaplana , Luís Serrano Alarcon, Óscar Navarro entre outros. Possuem cinco álbuns gravados com grandes nomes da música mundial. E neste ano de 2022, o Barcelona Clarinet Players iniciou um projeto inovador encomendando novas obras para quarteto de clarinete solista (Eb Clarinet, Bb Clarinet, Corno di bassetto, Bass Clarinet) e banda sinfônica. O objetivo deste projeto é mostrar um repertório com uma riqueza musical extraordinária, um sentido estético completamente diferente entre as várias obras, oferecendo um grande apelo para todos os públicos. Todos estes trabalhos serão gravados com bandas sinfônicas de diferentes países, entre EUA, México, Colômbia e Brasil, que prezam uma alta qualidade artística dentro da cena musical mundial.
Marcelo Jardim (foto) é diretor artístico e vice-diretor da Escola de Música da UFRJ, professor de Regência de Banda e Prática de Orquestra e diretor musical da Orquestra de Sopros da UFRJ. Atua também como professor-orientador do PROMUS – Programa do Mestrado Profissional em Música da UFRJ. É doutor em Práticas Interpretativas pela UNIRIO, e mestre e bacharel em Regência e Práticas Interpretativas pela UFRJ. É coordenador geral da parceria Arte de Toda Gente, para a realização dos Projetos UFRJ-Funarte, com abrangência nacional, o que inclui o Sistema Nacional de Orquestras Sociais – Sinos, o Bossa Criativa – Arte de Toda Gente e o Um Novo Olhar, destinado a acessibilidade cultural. É consultor artístico e coordenador pedagógico dos cursos de capacitação para regentes e instrumentistas de bandas de música, Painéis Funarte de Bandas de Música, realizados pela Fundação Nacional de Artes, e responsável pelo Projeto de Edições de Partituras para Banda. Mantém constante agenda como regente convidado, palestrante e professor, com atuação com orquestras e bandas sinfônicas, festivais, seminários, simpósios e congressos, no Brasil, América Latina, Estados Unidos e Europa.