Nos dias 23 e 24 de março, o Teatro Dulcina, no centro do Rio de Janeiro, recebeu concertos do Duo Barrenechea (quarta) e do Grupo de Sopros e Percussão da Orquestra Sinfônica da UFRJ (quinta). Os eventos fazem parte da Mostra Bossa Criativa Arte de Toda Gente Rio de Janeiro que ocupa o teatro às quartas e quintas-feiras desde o fim de fevereiro. As apresentações da Mostra são gratuitas e os ingressos podem ser obtidos na plataforma Sympla (https://www.sympla.com.br/produtor/httpsartedetodagentecombr).
Às quartas, a programação da Mostra fica a cargo do Sistema Nacional de Orquestras Sociais – Sinos, mais dedicado à música clássica; às quintas, a seleção é do Bossa Criativa, que dá mais destaque à música popular. Ao lado do Um Novo Olhar, os dois projetos integram o programa ATG.
As atrações:
Duo Barrenechea
O Duo Barrenechea (na foto ao lado, de Nadejda da Costa) é formado pelo flautista Sérgio Barrenechea e por sua esposa, a pianista Lúcia Barrenechea, que além de músicos com intensa atividade artística, são professores e pesquisadores que investem na formação de jovens músicos nas áreas artística e acadêmica e em projetos relacionados às práticas interpretativas e à música brasileira. Eles atuam juntos desde 1989 com apresentações em inúmeras cidades nas Américas, Europa e Ásia. O Duo tem especial predileção pela música brasileira erudita e popular. Sua proposta é explorar o vasto repertório para a formação de flauta e piano, incluindo primeiras audições de obras de compositores brasileiros como Dawid Korenchendler, Rodrigo Cicchelli, Vittor Santos, Arthur Verocai, Estércio Marquez Cunha, Alexandre Lunsqui, Rafael dos Santos, Fernando Morais, Liduíno Pitombeira, Sérgio Roberto de Oliveira, Marcos Vieira Lucas, Neder Nassaro, José Orlando Alves, entre outros.
O concerto – 23/03
O concerto do Duo Barrenechea, produzido pelo Sistema Nacional de Orquestras Sociais – Sinos, presta homenagem a vários compositores. O austríaco Sigismund Neukomm chegou ao Brasil em 1817, junto a Missão Austríaca que acompanhou a Princesa Leopoldina para o casamento com o Príncipe D. Pedro. No Rio de Janeiro, Neukomm compôs várias obras, dentre elas a fantasia “L’amoureux”. A obra de Neukomm marca a homenagem aos 200 anos da Independência do Brasil. Marcos Nogueira e Liduíno Pitombeira, professores do departamento de composição da Escola de Música da UFRJ, comemoram 60 anos de idade. Já o paulista Amaral Vieira será representado pela “Sonata Fantasia” para homenagear seus 70 anos em 2022. O programa finaliza com uma homenagem ao compositor tcheco Erwin Schulhof, preso pelos nazistas e enviado para o campo de concentração de Wülzburg, onde veio a falecer em 1942.
Programa
1 – Sigsmund von Neukomm (1778-1858) – “L’amoureux” – Fantasie pour Pianoforte et flute (1819) 11’30”
I. Andante – Adágio “La Mélancolie”
II. Andantino grazioso
III. Allegro
2 – Marcos Nogueira (1962) – “Akira” (2003) 9’
3 – Amaral Vieira (1952) – “Sonata Fantasia” Op. 107a (1988) 12’
4 – Liduino Pitombeira (1962) – “Fantasia sobre a Muié Rendêra” (1988) 5’
5 – Erwin Schulhoff (1894-1942) – “Sonata” (1927) 12’
I. Allegro moderato
II. Scherzo
III. Aria: Andante
IV. Rondo-Finale: Allegro molto gajo
Duo Barrenechea
Sérgio Barrenechea, flauta
Lúcia Barrenechea, piano
Na foto, os sopros e percussão da Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ) regidos por Marcelo Jardim em foto de divulgação
Grupo de Sopros e Percussão da Orquestra Sinfônica da UFRJ – OSUFRJ
A proposta para a organização do grupo, que é parte da sessão de sopros e percussão da Orquestra Sinfônica da UFRJ (OSUFRJ), se deu para a gravação de um concerto especial em comemoração aos 100 anos da universidade, transmitido por seu canal de Youtube em setembro de 2020. Na sequência, manteve outras sessões de gravação para a série “Uma Breve História do Choro”, atualmente disponibilizada no site do projeto Sinos, e no canal Arte de Toda Gente, no Youtube.
Com uma formação atípica, conta com uma flauta, dois oboés, duas clarinetas, dois clarones (ao lado), duas trompas, dois fagotes e duas percussões. Seu repertório tem sido focado basicamente em transcrições do repertório de compositores conectados à Escola de Música da UFRJ, através dos séculos, preparadas pelo arranjador Everson Moraes, músico da OSUFRJ, e por Marcelo Jardim, professor da EM/UFRJ. No catálogo, obras de Carlos Gomes, Chiquinha Gonzaga, Antônio Calado, Pattápio Silva, Ernesto Nazareth, Carolina Cardoso de Menezes, Pixinguinha, Francisco Braga, Alexandre Levy, Henrique Alves de Mesquita, Anacleto de Medeiros, Irineu de Almeida, José Siqueira, Everson Moraes e Henrique Cazes.
A OSUFRJ é a mais antiga orquestra do Rio de Janeiro, fundada em 1924. Diversos regentes com ela atuaram, entre eles os compositores Francisco Mignone, Oscar Lorenzo Fernandez e José Siqueira. As óperas passaram a fazer parte da temporada anual de concertos a partir de 1949. Em 1969, o maestro Raphael Baptista foi nomeado seu regente titular. Foi sucedido em 1979 pelo maestro Roberto Duarte, que esteve à frente do conjunto por mais de quinze anos. Desde 1998, está sob a direção artística dos maestros André Cardoso e Ernani Aguiar. Em 1997, realizou a gravação integral do “Colombo” de Carlos Gomes (1836-1896), que mereceu dois importantes prêmios: Prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) de “Melhor CD de 1998” e Prêmio Sharp 1998 de “Melhor CD” na categoria música erudita. Suas funções acadêmicas visam o treinamento e a formação de novos profissionais de orquestra, solistas e regentes. Uma de suas principais características é a valorização da produção musical brasileira, e já executou mais de uma centena de obras em estreia mundial.
O maestro Marcelo Jardim
Diretor artístico e vice-diretor da Escola de Música da UFRJ, professor de Regência de Banda e Prática de Orquestra e diretor musical da Orquestra de Sopros da UFRJ. Atua também como professor orientador do PROMUS – Programa do Mestrado Profissional em Música da UFRJ. É Doutor em Práticas Interpretativas pela UNIRIO, e Mestre e Bacharel em Regência e Práticas Interpretativas pela UFRJ. É coordenador geral da parceria Arte de Toda Gente, para a realização dos Projetos UFRJ-Funarte, com abrangência nacional, o que inclui o SINOS – Sistema Nacional de Orquestras Sociais do Brasil, o Bossa Criativa – Arte de Toda Gente e o Um Novo Olhar, destinado a acessibilidade cultural. É consultor artístico e coordenador pedagógico dos cursos de capacitação para regentes e instrumentistas de bandas de música, Painéis Funarte de Bandas de Música, realizados pela Fundação Nacional de Artes, e responsável pelo Projeto de Edições de Partituras para Banda. Mantém constante agenda como regente convidado, palestrante e professor, com atuação com orquestras e bandas sinfônicas, festivais, seminários, simpósios e congressos, no Brasil, América Latina, Estados Unidos e Europa.
O concerto – 24/03
Música Brasileira para Banda
Sopros e Percussão da Orquestra Sinfônica da UFRJ
Marcelo Jardim, regência
Ana Carolina Chaves, flauta; Tiago Neves e Leandro Finotti, oboés; Pierre Descaves, Corne-Inglês
Mário Costa e Bruno Costa, clarinetas; Igor Carvalho e Thiago Tavares, clarones
Paulo Andrade e Pedro Paulo, fagotes; Tiago Carneiro e Gilieder Veríssimo, trompas
Pedro Moita e Tiago Calderano, percussão
O programa
Jacob do Bandolim (1918-1969) – “Vale Tudo” (partido-alto, arr. EM)
Carlos Gomes (1836-1896) – “A Cayumba” (arr. EM)
Alexandre Levy (1864-1892) – “Tango Brasileiro” (arr. EM)
Francisco Lucas Duchesne – “Antilhano” (dobrado, arr. MJ)
Chiquinha Gonzaga (1847-1935) – “Água de Vintém” (polca, arr. EM)
Irineu de Almeida (1863-1914) – “Despedida” (Valsa, arr. EM)
Anacleto de Medeiros (1866-1907) – “O Conde de Santo Agostinho” (marcha, arr. MJ)
Anacleto de Medeiros (1866-1907) – “Arariboia” (marcha, arr. EM)
Carolina Cardoso de Menezes (1913-1999) – “Gibi Bacurau” (côco/baião, arr. EM)
José Siqueira (1907-1985) – “Sonhando” (Valsa, arr. MJ)
Henrique Cazes (1959) – “Duradoura Paixão” (choro, arr. EM)
Nestor de Holanda Cavalcanti – “Epitáfio” (frevo, transc. MJ)
Leonardo Bruno (1945) e Gilberto Gil (1942) – “Frevo Rasgado” (arr. MJ)
Everson Moraes (1986) – “UFRJ 100 anos” (dobrado)
Everson Moraes (1986) – “Essa Ponte é de Safena” (samba)
Bis: Pixinguinha (1897-1973) – “1 x O” (choro, arr. MJ)
Arranjos de Everson Moraes (EM) e Marcelo Jardim (MJ)
Imagem de abertura: Sopros e percussão da OSUFRJ com regência de Marcelo Jardim em foto de divulgação