Em sua segunda edição de 2023, os Concertos Sinos trazem a quarta e última parte da série “Uma breve história do choro”, com nomes e obras do passado e do presente para mostrar quanto a tradição e a contemporaneidade fazem parte deste gênero, que se renova a cada geração. Gravado no Salão Leopoldo Miguéz, da Escola de Música da UFRJ, o concerto traz em seu programa obras de Chiquinha Gonzaga (na foto, em execução), Carolina Cardoso de Menezes, Henrique Cazes e Everson Moraes. A interpretação é dos sopros e percussão da Orquestra Sinfônica da UFRJ, com regência de Marcelo Jardim.
Uma viagem musical no tempo
A apresentação começa com Chiquinha Gonzaga (1847-1935), uma pioneira que criou sua obra a partir das demandas da sociedade carioca por uma música popular urbana, na virada do século XIX para o XX, que tinha no teatro de revista uma de seus meios de expressão. Sua peça “Água do Vintém” é uma referência ao chafariz onde os ambulantes captavam a água que vendiam para a população da cidade.
Já Carolina Cardoso de Menezes (1913-1999) é pianista e compositora de uma geração que teve no rádio o meio através do qual a música popular se expandiu e se transformou em uma das manifestações mais representativas da cultura brasileira. Em “Gibi bacurau”, Carolina fez uma síntese de diferentes danças, como o coco, o maxixe e o samba.
Assim como o teatro e o rádio, a chamada “roda de choro” foi outro meio determinante para o florescimento do gênero. Reunindo os músicos com seus diferentes instrumentos para cultivarem o prazer de tocar, a roda foi o ambiente no qual nasceram vários choros, dentre eles “Duradoura paixão”, de Henrique Cazes (1959).
Por fim, na melhor tradição de compositores como Anacleto de Medeiros e Irineu de Almeida, que levaram o choro para o repertório das bandas de música, o jovem trombonista, compositor e arranjador Everson Moraes (1986) apresenta o samba “Essa ponte é de safena”, fazendo assim também uma ponte entre as diferentes gerações de chorões.
Os Concertos Sinos
A série Concertos Sinos foi criada para veicular a produção artística dos projetos sociais, das orquestras brasileiras e do próprio Sistema Nacional das Orquestras Sociais. Por essa série, em concertos presenciais ou virtuais, são também apresentadas ao público as obras criadas e editadas para o Repertório Sinos – ação que disponibiliza obras de compositores brasileiros de diferentes épocas e de todas as regiões do país. Os Concertos Sinos contam com a participação de diversas orquestras, solistas e maestros brasileiros, assim como de alguns dos compositores, que também participam com breves comentários sobre suas obras. Atualmente, os Concertos estão em sua terceira temporada e todas as nossas apresentações anteriores estão disponíveis tanto aqui no site, quanto no canal Arte de Toda gente, no Youtube.