Baseado no livro homônimo de Mário de Andrade, o balé Macunaíma teve sua estreia mundial no dia 22 de setembro, no palco do Municipal com Corpo de Baile e Orquestra Sinfônica da casa. Criado por encomenda do Sistema Nacional de Orquestras Sociais – Sinos, o espetáculo tem música especialmente composta pelo premiado Ronaldo Miranda, coreografia inédita de Carlos Laerte, concepção e roteiro de André Cardoso.
É composto de um ato e quatro quadros e tem como cenário inicial a selva amazônica, na região do rio Uraricoera, a terra natal de Macunaíma, onde vivem os índios Tapanhumas.
Antes da estreia, a presidente da Fundação Teatro Municipal, Clara Paulino, ressaltou o ineditismo do espetáculo, que conta com realização institucional da Associação de Amigos do Teatro Municipal e Patrocínio Ouro Petrobras: “Macunaíma é um dos pontos altos da nossa temporada artística de 2022 e estamos muito felizes com a expectativa de entregar à população uma obra tão importante para a cultura nacional, feita em um formato jamais visto, que, com certeza, vai gerar impacto no público presente.”
A temporada de Macunaíma é fruto da parceria entre o TMRJ, a Fundação Nacional de Artes – Funarte e a Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, por meio dos projetos Bossa Criativa – Arte de Toda Gente (que entre suas iniciativas, contempla a dança) e Sistema Nacional de Orquestras Sociais – Sinos (com foco na música), com curadoria de sua Escola de Música. A escolha da data não foi à toa, como explica André Cardoso, maestro, professor da UFRJ e coordenador do Projeto Sinos: “Macunaíma é o mais emblemático livro do modernismo brasileiro. No ano do centenário da Semana de Arte Moderna o personagem criado por Mário de Andrade sobe ao palco em um balé inédito, cuja produção se torna ainda mais relevante por ser decorrente de uma parceria entre três importantes instituições culturais brasileiras, a Funarte, a Universidade Federal do Rio de Janeiro e o Theatro Municipal.”
Para celebrar os 100 anos da Semana de Arte Moderna de 22, algumas curiosidades: a maquiagem de Macunaíma é inspirada nos grandes pintores da história e suas cores como o amarelo de Anita Malfati, o azul cobalto de Portinari, o verde de Ismael Nery, o azul claro de John Graz, o laranja de Di Cavalcanti, o rosa de Milton da Costa e o vermelho de Tarsila do Amaral. O material utilizado em cena, é praticamente todo reciclado pelo Coletivo Trouxinha da UFRJ que cria um lixão com sacolas plásticas e tecidos. O figurinista fará uma releitura de figurinos do acervo do TMRJ. Espelhos vão servir de cenário para a confecção de arte, trazendo a parte urbana ao palco por uma equipe de grafiteiros do Museu do Grafite.
“É motivo de muita alegria a viabilização dessa parceria! É fundamental a encomenda de novas obras a compositores brasileiros e, em se tratando de uma obra composta por Ronaldo Miranda, especialmente para um grupo da importância e tradição do Balé do Theatro Municipal, num ano que marca o centenário da Semana de Arte Moderna, temos todos os ingredientes para algo histórico!” – afirma o Diretor Artístico do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Eric Herrero.
Os ensaios iniciaram em junho. São quase 50 bailarinos trabalhando com muito empenho e dedicação, num espetáculo multimídia de uma hora de duração, com direção de imagem e fotografia de Igor Correa e supervisão artística de Hélio Bejani e Jorge Texeira.
“Macunaíma, obra inédita criada especialmente para o Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro vem consolidar todo um árduo trabalho que realizamos a partir de nossa retomada pós pandemia. Estamos, acima de tudo, comemorando a vitória da arte”, exalta Hélio Bejani Regente Interino do Corpo de Baile do Theatro Municipal
A concepção coreográfica, de Carlos Laerte, dessa obra antológica, desconstrói os corpos dos bailarinos clássicos e traz a contemporaneidade da dança brasileira. Ele aguçou as características de cada bailarino em cima da identidade individual. Outra característica de Macunaíma é a narrativa contada através do audiovisual, já que os bailarinos contracenam com imagens e, em muitos momentos, eles entram e saem da tela, como se fosse o cotidiano deles. É uma conversa itinerante da peça. A tecnologia está o tempo inteiro falando com todos.
FICHA TÉCNICA:
Concepção: André Cardoso
Música especialmente composta: Ronaldo Miranda
Coreografia: Carlos Laerte
Regência: Jésus Figueiredo
Supervisão Artística: Hélio Bejani e Jorge Texeira
Direção de Imagem e Fotografia: Igor Correa
Com Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal e Ballet do Theatro Municipal
Direção Artística TMRJ: Eric Herrero
Nas fotos, o bailarino do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Gleyson Mendes, em cena – foto: Tendo Santos, divulgação