Nascido em Nápoles, 22 de março de 1884, e falecido no Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1914; foi um compositor de curtíssima, mas brilhante aparição no cenário musical brasileiro no início do século XX. Sua breve existência não impediu que fosse considerado por seus contemporâneos como um dos mais talentosos compositores brasileiros. Seu estilo, considerado novo para a época, traz harmonias ousadas. Deixou 123 peças, muitas para piano e canto, e uma ópera inacabada. Desolados com a sua morte prematura, colegas compositores fundaram a Sociedade Glauco Velásquez para divulgar a sua obra.
Glauco Velásquez era filho de Adelina Alambary e de seu professor de canto, o tenor português Eduardo Medina Ribas. Na primeira infância, Velásquez foi confiado a uma família italiana; foi trazido para o Brasil aos 11 anos, passando por filho adotivo de sua mãe verdadeira, com quem viveu até o fim de sua curta vida. Fez seus estudos musicais no Instituto Nacional de Música, com Frederico Nascimento e Francisco Braga.
Suas primeiras composições datam de 1902. O conjunto de sua produção é centrado nas canções, obras para piano solo e na música de câmara, com destaque para as sonatas para violino e para violoncelo, os trios para violino, violoncelo e piano e o quarteto de cordas. Pouco antes de seu falecimento, várias personalidades no mundo cultural carioca organizaram uma petição, solicitando apoio do governo brasileiro para permitir que o compositor fizesse um tratamento em um centro suíço especializado em tuberculose, doença que provocou sua morte prematura em 21 de junho de 1914, no Rio de Janeiro. Impressionados com a produção musical do jovem compositor, seus amigos e admiradores constituíram, em 1915, a Sociedade Glauco Velásquez, com o objetivo de difundir sua obra.
Dentre esses admiradores estava o compositor francês Darius Milhaud, que conheceu a obra de Velásquez no período de sua residência no Rio de Janeiro, por intermédio de Luciano Gallet. Além de participar como intérprete de concertos de câmara com obras de Velásquez, Milhaud foi o responsável por completar e apresentar, em 1918, o *Trio nº 4* para violino, violoncelo e piano. Outra obra de Velásquez que ficou incompleta foi a ópera *Soeur Beatrice*.
A *Suíte nº 1* foi composta na Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro, entre 18 de abril e 22 de junho de 1905. Trata-se uma suíte de danças antigas, formada por um Minueto, uma Sarabanda e uma Gavota. O manuscrito do acervo da Biblioteca Alberto Nepomuceno da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, uma cópia produzida por Adelina Alambary, revela uma composição original para quarteto de cordas, que recebeu a indicação de op. 4. Em tal formação foi realizada a primeira audição, em 25 de maio de 1913, por conjunto formado por Paulina d’Ambrósio e José Aguiar (violinos), Orlando Frederico (viola) e Gustavo Hess de Melo (violoncelo). Em 1921, o compositor Luciano Gallet adaptou a peça para orquestra de cordas, produzindo uma parte para contrabaixo. A edição preparada para o Repertório Sinos teve como fonte principal o manuscrito de Gallet, do acervo da Seção de Música da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. No material da BAN, é possível identificar anotações a lápis para a parte de contrabaixo elaborada por Gallet. Dentre as divergências entre as duas versões, a principal delas está no segundo movimento, Sarabanda, para a qual Gallet trocou a formula de compasso original de 3/4 para 3/2. Para a presente edição, a versão original foi restabelecida, assim como foram consolidadas e sugeridas dinâmicas e articulações, quando eram divergentes entre as duas fontes.