Nascido em 30 de março de 1963, em Campina Grande, Paraíba, Eli-Eri Moura é graduado em piano pela Universidade Federal da Paraíba, onde realizou também a especialização em composição sob a orientação de Ilza Nogueira. Estudou composição também com José Alberto Kaplan e Mário Ficarelli. No Canadá, obteve os títulos de Mestre e Doutor em composição pela McGill University, em Montreal. Como compositor tem participado de importantes festivais, como a Bienal de Música Brasileira Contemporânea, o Festival Música Nova de Santos, o Encontro de Compositores Latino-americanos, em Porto Alegre, o MusiOctober New Music Festival, em Montreal, e o World Music Days, da International Society for Contemporary Music (ISCM). Eli-Eri Moura é professor de composição da Universidade Federal da Paraíba, membro da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea e da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Música (Anppom). Seu catálogo inclui mais de 100 títulos, com obras para diversos grupos de câmara, coro e orquestra, assim como músicas para peças de teatro, vídeos e filmes. De sua produção orquestral se destacam *Três Peças* (1985-1999) para orquestra de cordas, *Nocturnales* (1995) e *Candomblé* (1998), para orquestra de câmara, *Requiem Contestado* (1993), para soprano, tenor, recitante, coro misto e orquestra de câmara, *Agnus Dei* (2003) para coro e orquestra de cordas e *Noite dos tambores silenciosos* (2002-2003) para orquestra sinfônica, além das óperas *Dulcinéia* e *Trancoso* (2009) e *Ópera do Mambembe Encantado* (2016).
A peça *Tema e três variações* foi transcrita pelo compositor a partir de outra obra de sua autoria, escrita originalmente para flautas doces e violão, com o título “Bartokiando”. O nome original faz referência a uma conexão intertextual com *Variations*, peça nº 87 do Mikrokosmos, obra didática para piano do compositor húngaro Béla Bartók. Mantendo base na orquestra de cordas, a instrumentação pode ser eventualmente ampliada pela inclusão de um quarteto de sopros opcional, formado por flauta, oboé, clarineta e fagote, que dobra ocasionalmente alguns trechos das cordas.
A *Suíte do Cavaleiro da Triste Figura*, do compositor Eli-Eri Moura, “foi escrita sob um viés Armorial”. O Movimento Armorial foi idealizado pelo escritor paraibano Ariano Suassuna (1927-2014) e lançado oficialmente em outubro de 1970. Tinha por objetivo a criação de obras artísticas originais a partir de elementos da cultura popular nordestina. Na música, o movimento teve sua expressão principal através da produção de instrumentistas e compositores como Cussy de Almeida, César Guerra-Peixe e Clóvis Pereira. A suíte composta por Eli-Eri Moura para o Repertório Sinos homenageia um dos autores prediletos de Suassuna, o espanhol Miguel de Cervantes (1547-1616) e sua obra mais famosa, “Dom Quixote de La Mancha”, também referido como o Cavaleiro da Triste Figura. De acordo com o compositor “a peça evoca, em cada um de seus quatro movimentos, personagens da obra: o Feiticeiro Frestão, no primeiro movimento, cuja música invoca um repente nordestino; Dulcineia de Toboso, no segundo, que tem forma de toada; o Cavaleiro da Lua Branca, no terceiro, que é um galope; e os Moinhos de Vento, no quarto, em ritmo de baião”. A obra, escrita para orquestra de cordas, utiliza o princípio da instrumentação flexível, de sopros opcionais.