Anacleto MEDEIROS

Anacleto Augusto de Medeiros nasceu na Ilha de Paquetá, em 13 de julho de 1866. Começou a estudar música aos 9 anos de idade ao ingressar na Banda do Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro. Enquanto ganhava a vida como tipógrafo, ingressou no Conservatório de Música, tendo como colega Francisco Braga. Era multinstrumentista, dominando vários instrumentos de sopro, característica que distingue os tradicionais mestres de banda. Foi em tal função que organizou conjuntos como o do Clube Musical Guttemberg, a Banda da Fábrica de Tecidos de Bangu, a da Fábrica de Tecidos de Macacos, hoje Paracambi, a Banda de Piedade, em Magé, e a Banda da Sociedade Recreio Musical Paquetaense. Em 1896, aos 30 anos de idade e já reconhecido como mestre e compositor, Anacleto de Medeiros foi convidado para organizar a Banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, para a qual convidou antigos colegas da Banda do Arsenal de Guerra e seus companheiros das rodas de choro. Sob sua direção, a Banda do Corpo de Bombeiros foi rapidamente reconhecida como a melhor da cidade, sendo convidada para participar das pioneiras gravações fonográficas da Casa Edison, a partir de 1902.

São de autoria de Anacleto e sob sua direção aconteceram algumas das pioneiras gravações da história fonográfica no Brasil, como a valsa *Farrula*, o dobrado *Pavilhão brasileiro*, a schottish *Não me olhes assim* e a quadrilha *Preciosa*. A produção de Anacleto como compositor está diretamente ligada ao repertório para banda de música, nos gêneros de salão que formaram a base do choro carioca, como os dobrados *Araribóia* e *Jubileu*, o maxixe *Os boêmios*, a valsa *Terna saudade* e a polca *Saudades*. Sua composição mais conhecida é a schottish *Yara*, que recebeu letra de Catulo da Paixão Cearense e cujo tema foi utilizado por Villa-Lobos para estruturar a segunda parte de seu *Choros* nº 10. Anacleto de Medeiros faleceu em 14 de agosto de 1907.