César Guerra-Peixe (1914-1993) nasceu em Petrópolis, onde iniciou os estudos de violino na Escola de Música Santa Cecília. Mais tarde, na Escola Nacional de Música, estudou com Paulina d’Ambrósio. Fez cursos de aperfeiçoamento em composição no Conservatório Brasileiro de Música com Newton Pádua e H. J. Koellreutter, que o introduziu na técnica dodecafônica. Foi um dos fundadores do Grupo Música Viva, que abandonou no fim da década de 40, quando voltou a professar o nacionalismo musical. Da fase dodecafônica se destacam sua *Sinfonia nº 1* (1946), executada pela Orquestra da BBC de Londres, e o *Noneto*, apresentado na Europa por Hermann Scherchen. Teve importante atuação como arranjador, tendo trabalhado na Rádio Nacional, na Rádio e TV Tupi, na TV Paulista, TV Globo e nos Festivais Internacionais da Canção (FIC).
Criou também diversas trilhas sonoras para filmes, com destaque para *Terra é sempre terra* (1950), *O canto do mar* (1953), *Riacho de sangue* (1966) e *Batalha dos Guararapes* (1978). Foi premiado em concursos de composição, como o do programa Música e Músicos do Brasil da Rádio MEC, com o *Trio nº 2* para violino, violoncelo e piano (1960) e no Concurso do Sesquicentenário da Independência do Brasil, do Departamento de Cultura do Estado da Guanabara, com a obra *Museu da Inconfidência* (1972). Foi membro da Academia Brasileira de Música e recebeu inúmeros prêmios, como o Golfinho de Ouro do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro (1978) e o Prêmio Nacional de Música do Ministério da Cultura (1993).
A orquestra de cordas ocupa posição relevante no catálogo de Guerra-Peixe. A *Suíte* (1949) é emblemática por marcar a virada do dodecafonismo para o nacionalismo, estética nas quais foram criadas também *Moda e rasqueado* (1956), *Petrópolis de minha infância* (1976), *Roda de amigos* (1979), com quarteto de madeiras solista, e *Quatro coisas* (1987) para instrumento solista. De sua obra orquestral podem ser citadas ainda *Retirada da Laguna* (1971), *Assimilações* (1971), o *Concertino para violino* (1972) e *Tributo a Portinari* (1991), sua última composição sinfônica.