Filho de fazendeiros, Homero de Sá Barreto nasceu em 25 de março de 1884, na cidade de Cravinhos, então distrito de Ribeirão Preto, no estado de São Paulo. Os estudos musicais foram realizados no Rio de Janeiro, no Liceu de Artes e Ofícios, no Conservatório Livre de Música e no Instituto Nacional de Música, onde estudou piano com Alfredo Bevilacqua, harmonia com Frederico Nascimento e composição com Francisco Braga. Foi livre-docente da Escola Normal e um dos fundadores, em 1914, da Escola de Música Fluminense, na cidade de Niterói. Em 1917 foi nomeado professor do Instituto Nacional de Música. Homem de personalidade tímida e saúde debilitada, viria a falecer aos 40 anos, em 2 de dezembro de 1924.
Não deixou muitas obras. Algumas delas foram adaptadas por Villa-Lobos e adotadas oficialmente no Conservatório Nacional de Canto Orfeônico. No terreno vocal há algumas canções, peças sacras como *Adoremus* (1914), duas *Ladainhas* (1914), *O Salutaris* (1914), a *Ave Maria* nº 3 (1922) e a ópera *Jaty* (1919). As obras instrumentais mais conhecidas são os *Prelúdios* para piano (1908-1917), o *Trio* para violino, violoncelo e piano, *Rêverie* (1910) e *Sonata* (1917) para violoncelo e piano, *Berceuse* (1912) e *Romance* (1918) para violino e piano e o poema sinfônico *Fiat Lux*.
Estilisticamente a música de Homero de Sá Barreto é pós-romântica, na qual sobressaem as sonoridades francesas, uma das vertentes da música da Belle Époque carioca, muito provavelmente decorrente dos estudos com Francisco Braga, um egresso do Conservatório de Paris. Outra característica do período é a estilização romântica de danças antigas reunidas em forma de suíte. Assim fizeram compositores como Leopoldo Miguéz, Henrique Oswald, Alberto Nepomuceno, Glauco Velásquez e também Homero de Sá Barreto.
A *Suíte Antiga* foi composta em agosto de 1913. São duas as versões, para violino e piano e orquestra de cordas. Uma nota do compositor no manuscrito estabeleceu a “ordem pa. a execução” com a inversão dos movimentos I e III, ficando então I- Gavota e Musete, II- Sarabanda e III- Minueto. Para a presente edição foi utilizado o manuscrito do compositor e a cópia manuscrita produzida em São Paulo por Benjamim Silva Araújo no ano de 1948, do acervo da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
Em artigo publicado no *Correio Paulistano* em 25 de janeiro de 1929, o escritor Menotti Del Picchia dizia: “É tempo já de se reunirem todas as suas composições. É tempo de, nos nossos concertos, dar-se o lugar que merecem às criações da sua alta inteligência. É um crime deixarem inéditas as obras de tão grande artista”. Com a publicação da *Suíte Antiga*, o Repertório Sinos dá sua contribuição para que a obra volte ao programa das orquestras brasileiras.